sexta-feira, 12 de março de 2010

Sexo e adolescência


Nossa sociedade se esforça para ensinar sobre os perigos do sexo e sobre métodos contraceptivos, mas se esforça bem pouco para ensinar a amar, como construir uma relação afetiva com o outro. Biologicamente, por volta dos 12 anos uma pessoa já está pronta para gerar filhos, pois na natureza, quanto mais rápido houver a procriação, melhor, para garantir a perpetuidade da espécie. Entretanto, do ponto de vista cultural, as pessoas só podem ser consideradas maduras para terem filhos quando são capazes de sustentar uma família, o que hoje, com a vida difícil como anda, vai demorar bastante. O campo de batalha para o conflito entre natureza e cultura são os corpos e as mentes dos adolescentes, cheios de hormônios, prontos para o sexo, mas limitados e vigiados pelos adultos, que são os guardiões involuntários dessa necessidade cultural. Os jovens se revoltam, juram que quando tiverem seus próprios filhos irão agir de maneira diferente, mas acabam reproduzindo novamente o mesmo ciclo.

Os pais vêem os namoros desse tempo como uma ameaça à formação dos jovens – e não estão errados. Um adolescente não reúne condições financeiras nem emocionais para educar uma nova vida. É comum haver o início de um período de desentendimentos e incompreensões de parte a parte, seja por se tornarem os pais insistentes em seus alertas, ou seja, mesmo, por proibir encontros em determinados locais, na tentativa de impedir certas ‘facilidades’, ou mesmo proibir simplesmente o relacionamento. A escolha por não engravidar deve ser dos adolescentes e não de seus pais, pois não terão como vigiar os filhos adolescentes o tempo todo! Os pais devem ser capazes de sensibilizar seus filhos à compreensão do que significaria para eles, e mesmo para os futuros netos, uma gravidez indesejada ou simplesmente prematura.

Os jovens, por sua vez, sentem-se incompreendidos. “Como meus pais são capazes de dizer que me amam e se preocupam comigo, se não percebem como é fundamental meu amor por outra pessoa?” E as paixões no início da vida podem ser avassaladoras e dominar de tal forma o coração, a mente e os corpos dos jovens, que não sobra tempo para fazer mais nada direito, como se a vida só fosse possível juntos um do outro. “Se meus pais me limitam e me proíbem, é porque não percebem o quanto esse amor é importante para mim, então não me amam nem se preocupam comigo de verdade, ou me deixariam em paz para viver meu amor!”

Uma gravidez fora de hora fatalmente irá prejudicar a formação dos filhos, pois terão de assumir mais esta responsabilidade e ainda precisarão de habilidade para lidar com as frustrações e feridas emocionais que resultam de desilusões amorosas, quando um dos parceiros resolve não assumir a responsabilidade pelo novo filho. E nem sempre a gravidez é indesejada ou resulta de uma ‘camisinha furada’, pois pode ser uma escolha equivocada, mas consciente, de um dos jovens ou do casal de apaixonados, na esperança de que um bebê vá consolidar os laços amorosos, ou mesmo que o bebê irá contribuir para a formação de uma nova família, em outro lugar, longe da influência dos pais. Se os pais recusarem apoiar os filhos nesse momento delicado, estarão abandonando também os netos - que não têm responsabilidade ou culpa pelas decisões dos jovens pais.

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Vilmar