quarta-feira, 10 de março de 2010

Ser ecológico



Não assumi a vida como um presente só meu, mas como uma possibilidade de colaborar para deixar este mundo um lugar melhor do que encontrei! Penso que não vim a esse mundo a passeio e que o futuro não está pré-determinado, mas depende de nossas escolhas. Podemos escolher choramingar pelo limão que recebemos da vida, ou arregaçar as mangas e fazer com ele uma limonada. “Viver”, ensina Benjamin Franklin “é enfrentar um problema atrás do outro. O modo como você o encara é que faz a diferença.” Para mim, apenas viver e ser feliz é pequeno e egoísta demais. Não acho que nasci para atender alguma necessidade de mim mesmo. Apesar de todas as dificuldades pessoais que tive de enfrentar, dediquei-me a tentar deixar este mundo melhor do que o encontrei, claro, na medida de minhas possibilidades e limitações.

Tive a sorte de, ao longo de minha vida, encontrar parceiros que participaram do mesmo sonho, e é em homenagem a eles que dedico esta terceira parte do livro, onde procuro falar um pouco das atividades em que participamos juntos, pedindo desde já desculpas pelos que não citei por alguma razão injustificável, e que por isso mesmo reforço o convite para que contribuam com as suas partes nessa história através do site www.escritorvilmarberna.com.br ! Sejam todos bem vindos!

"Não é a terra que é frágil. Nós é que somos frágeis. A natureza tem resistido a catástrofes muito piores do que as que produzimos. Nada do que fazemos destruirá a natureza. Mas podemos facilmente nos destruir." - James Lovelok


Desde a minha juventude, sempre gostei de ler sobre notícias e entrevistas envolvendo questões socioambientais. Assim acompanhava de longe as atividades do engenheiro agrônomo José Lutzenberger e seu esforço e de seus companheiros pela criação, em 1971, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), uma das primeiras associações ecologistas a surgir no Brasil e na América Latina. Descobri na biblioteca do Novo Lar de Menores um livro do naturalista Henrique Roessler, de São Leopoldo (RS), que já nas décadas de 50 e 60 defendia o meio ambiente.

Os jornais da época refletiam a idéia de um crescimento econômico acelerado que se tornou um ponto de consenso das elites brasileiras desde que o presidente Juscelino Kubitscheck o erigiu em ideologia dominante através da palavra de ordem: "avançar 50 anos em 5". A ideologia do crescimento acelerado e predatório chegou ao paroxismo durante a presidência de Médici, quando o governo brasileiro fazia anúncios nos jornais e revistas do 1º Mundo convidando as indústrias poluidoras a transferirem-se para o Brasil, onde não teriam nenhum gasto em equipamento antipoluente, e a delegação brasileira na Conferência Internacional do Meio Ambiente (Estocolmo, 1972) argumentava que as preocupações com a defesa ambiental mascaravam ‘interesses imperialistas’ que queriam bloquear o acesso dos países em desenvolvimento.

Entretanto, em 1972, um episódio marcou a minha vida, quando deixei de ser apenas um ‘ser humano’ para descobrir-me um ‘ser ecológico’. Tinha cerca de 17 anos e estava interno no Novo Lar de Menores, em Viamão, no Rio Grande do Sul, um internato conduzido por padres católicos para menores oriundos da FEBEM gaúcha. A caça era permitida em lei, no Rio Grande do Sul, desde que em épocas próprias e sobre regras rígidas, e a Direção costumava levar os menores para caçar nos banhados da região. Influenciado pela filosofia de não-violência de Gandhi, a idéia de pegar em arma, que encantava aos outros menores, para mim parecia um absurdo! Então, me recusava a caçar, mas tinha de acompanhar o grupo, pois não podia ficar sozinho no Internato.

Assim, os instrutores me designavam para ‘tomar conta do acampamento’, enquanto meus colegas participavam da caçada com alegria. Era uma algazarra, para sorte dos animais que podiam assim se esconder e fugir, mas os tiros espalhavam chumbinho para todo lado. Era só mirar uma moita com algum movimento e depois ir catar o pobre animal vítima daquela selvageria.

Então, certa vez, vi uma família de ratões de banhado apavorados, numa moita perto de mim, como se pedissem ajuda! Meu coração ficou apertado por que me sentia impotente para salvá-los, pois os instrutores e os outros menores já vinham na direção de onde eu estava, e com as armas nas mãos. Comecei a pular e dizer para os animais que fugissem dali rápido, e vi o olhar perplexo deles, sem entender, como se pedissem socorro!

“Eu temo pela minha espécie quando penso que Deus é justo." - Thomas Jefferson


Todos ficaram muito chateados comigo por que esperavam que eu os chamasse para matar os animais, afinal de contas, era uma caçada, e ficar deliberadamente assustando a ‘caça’ não é propriamente o que se espera de um membro da ‘equipe’! Pouco me importei com as críticas, por que, pelos menos aquela família de ratões de banhado havia sido salva! O resultado é que nunca mais me levaram para caçar.

A causa dos animais inspirou-me a escrever O Tribunal dos Bichos, mas muito mais para resgatar o que há de humano em nós.

Eu me interessava por leituras sobre pacifismo, humanismo, democracia, ecologismo, entretanto, tinha dificuldade de encontrar livros sobre estes assuntos e tinha por hábito freqüentar bibliotecas onde pegava os livros por empréstimo. Um dos primeiros livros que li foi “Primavera Silenciosa”, da jornalista Rachel Carson, que se tornou um clássico na história do movimento ambientalista, desencadeando uma grande inquietação internacional sobre a perda de qualidade de vida.

Entretanto, dentre tudo o que li, na época, nada me marcou mais profundamente, a ponto de me fazer decidir por dedicar minha vida às lutas socioambientais, que a Carta do Cacique Seatle. O texto era uma resposta à proposta do Presidente dos EUA de comprar as terras dos índios, em vez de simplesmente invadir com a cavalaria e tomar à força, matando todos os indígenas, como era comum naquela época. As terras pertenciam às tribos indígenas Suquamish e Duwamish, localizadas na região de Puget Sound, no atual estado de Washington, no extremo noroeste dos Estados Unidos, fazendo divisa com o Canadá. O governo dos EUA pretendia deslocar as duas tribos para uma reserva indígena, oferecendo-lhes algumas garantias e compensações. Então, em 10 de janeiro de 1854, Isaac Stevens, Governador do Território de Washington, esteve em Puget Sound para reforçar a oferta de compra das terras. O Cacique Seattle, como era conhecido o chefe das tribos Suquamish e Duwamish, já havia lutado em inúmeras batalhas pelo seu povo e sabia que recusar a oferta do presidente americano significaria, cedo ou tarde, o extermínio de seu povo. Proferiu então um histórico discurso em que destacou a transitoriedade da existência, expressou seu profundo amor pela natureza e mostrou a necessidade de se tomar conta da terra e de toda vida sobre a terra. Era o ano de 1854, quando ainda nem existia o termo ‘ecologia’, que só foi proposto em 1869, pelo biólogo alemão Ernst Heinrich Haeckel.

“O Grande Chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar nossa terra. O Grande Chefe assegurou-nos também de sua amizade e sua benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não ne¬cessita da nossa amizade. Porém, vamos pensar em sua oferta, pois sa¬bemos que se não o fizermos o ho¬mem branco virá com armas e tomará nossa terra. O Grande Chefe em Washington pode confiar no que o chefe Seatle diz, com a mesma certeza com que os nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano. Minha palavra é como as estre¬las. Elas não empalidecem.

Como podes comprar ou vender o céu - o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do res¬plendor da água. Como podes comprá-los de nós? Decidi¬mos apenas sobre o nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada fo¬lha reluzente, todas as praias arenosas, cada véu de neblina nas flo¬restas escuras, cada clareira e to¬dos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na cons¬ciência do meu povo.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de vi¬ver. Para ele um torrão de terra é igual a outro. Porque ele é um es¬tranho que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e de¬pois de exauri-la, ele vai embora. Deixa para trás o túmulo do seu pai, sem remorsos de cons¬ciência. Rouba a terra dos seus filhos. Nada respeita. Esquece as se-pulturas dos antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empo¬brecerá a terra e vai deixar atrás de si os desertos. A vista de tuas cidades é um tormento para os olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.

Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem um lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada en¬tende, o barulho das cidades é para mim uma afronta contra os ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio pre¬fere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pi¬nho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vi¬vos respiram o mesmo ar - animais, árvores, homens. Não parece que o ho¬mem branco se importe com o ar que respira. Como um mori¬bundo, ele é insensível ao mau cheiro. ,,,,

Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição. O ho¬mem branco deve tratar os animais como se fossem irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser certo de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco, que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso do que um bisão que nós, índios, matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode afetar os homens. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto fere a terra fere também os filhos da terra.

Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nos¬sos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, e envenenam o corpo com ali¬mentos doces e be¬bidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, até mesmo uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos nos bosques sobrará para chorar sobre os túmulos. Um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de con-fiança como o nosso.

De uma coisa sabemos que o homem branco talvez venha um dia a descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julgas, talvez, que O podes possuir da mesma maneira como desejas possuir a nossa terra. Mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira. E quer o bem igualmente ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. E causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo seu Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças.

Continua poluindo a tua própria cama e hás de morrer uma noite, sufocado nos teus próprios dejetos! Depois de aba¬tido o último bisão e domados todos os cavalos silvestres, quando as matas misteriosas fede¬rem à gente - onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinhas da torre, à caça do fim da vida e o começo da luta para sobreviver...

Talvez compreendamos se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do fu¬turo oferece às suas men¬tes para que possam formar os desejos para o dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do ho¬mem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos, temos de escolher o nosso próprio caminho.

Se consen¬tirmos, é para ga¬rantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez pos¬samos viver os nossos últimos dias conforme desejamos.

Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe.

Se te vender¬mos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueças como era a terra quando dela tomaste posse. E com toda a tua força, o teu poder, e todo o teu coração con¬serva-a para teus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos.

Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.”


Presente à ocasião estava o médico Henry Smith que chegara a Seattle como superintendente escolar em 1853 e tinha um talento especial para idiomas, e logo aprendeu a língua dos índios. Smith verteu o discurso do Cacique Seattle para o inglês a partir das anotações apressadas que fez ali na hora. Trinta e três anos depois, em 29 de outubro de 1887, Smith publicou o discurso no jornal Seattle Sunday Star junto com um relato sobre o momento que viveu: “Cacique Seattle - um cavalheiro por instinto”. Smith deixou claro em seu artigo que a versão que publicava não era uma cópia exata do discurso original de Seattle, mas o que pôde reconstruir das notas que tomara na ocasião. Somente quase um século depois, já na década de 1970, é que o documento ganhou a dimensão de manifesto ecológico a partir da recriação livre e poética do artigo de Smith pelo roteirista e diretor do Programa de Cinema e Cultura Midiática da Middlebury College, Ted Perry, e que foi distribuída em universidades como uma forma de conscientizar os estudantes a cuidar do meio ambiente, tornando-se a versão mais difundida do que hoje se conhece como “A Carta do Cacique Seattle”.

O Cacique Seattle migrou com sua tribo para a Reserva Suquamish, de Port Madison, onde veio a falecer em 7 de junho de 1866. A cidade de Seattle foi fundada em 13 de novembro de 1851, com o nome de Duwamps sendo posteriormente mudado por David Swinson ("Doc" Maynard), um dos fundadores da cidade e principal promotor, e finalmente, o nome da cidade mudou para Seatle, em homenagem ao grande Cacique.

A partir de 1978, descobri a revista Pensamento Ecológico, do Movimento Arte e Pensamento Ecológico, editada por Luis Carlos de Barros, que reunia artigos e debates sobre temas ecológicos brasileiros e que durante um tempo foi colunista do Jornal do Meio Ambiente. Cheguei a pensar seriamente na possibilidade de me mudar para alguma Comunidade Rural Alternativa em busca de um novo modo de vida, um novo cotidiano, longe dos efeitos predatórios e egoístas gerados pelo atual estilo de vida urbano. Freqüentei os primeiros ENCAs (Encontro de Comunidades Alternativas) na intenção de encontrar alguma Comunidade, mas não consegui me adaptar ao fundamentalismo do grupo e à forte rejeição da atividade política. Num desses encontros, conheci uma revista denominada “Outra”, editada pela Cooperativa "Coovida", do Rio de Janeiro, pelo astrólogo Fernando Fernandes. Procurei pelo Fernando e acabei ajudando durante um tempo na elaboração da Revista, uma das pioneiras na mídia ambiental Brasileira.

Passei a valorizar mais meu tempo junto da natureza. Descobri a fotografia e o camping como formas de estar junto da natureza, onde eu voltava com as energias renovadas! Sempre que podia, fugia das cidades que, em certos locais, afastaram-se tanto da natureza, ao admitirem como inevitável a poluição do ar, sonora, visual, que se tornaram lugares feios e tristes.

Sempre que podia, acampava em lugares remotos da natureza ainda preservada. No Estado do Rio de Janeiro, acampava em Búzios, Penedo, numa época em que estes lugares eram pequenas comunidades cercadas de natureza à sua volta. Dessa rica experiência nasceu meu primeiro livro, “O Livro do Camping – O Prazer da Vida ao Ar Livre”, publicado pela Tecnoprint, numa tentativa de ajudar aos que acampavam a cuidarem melhor da natureza à sua volta.

“Mas, por onde eu devia começar? O mundo é tão vasto, começarei com meu país, que é o que conheço melhor. Meu país, porém, é tão grande. Seria melhor começar com minha cidade. Mas minha cidade também é grande. Seria melhor eu começar com minha rua. Não: minha casa. Não: minha família. Não importa, começarei comigo mesmo.”- Confúcio


Apesar de, para mim, as liberdades democráticas e as questões socioambientais serem interligadas, percebia a tensão entre elas. Ser democrático não pressupunha ser também ecológico. Em nome da Democracia, assisti muitos políticos tomando decisões democráticas e legítimas, mas que ignoravam os limites da natureza ou o seu equilíbrio. Por outro lado, ser ecológico não pressupunha também ser democrata. Conheci muitos ambientalistas autoritários e donos da verdade. Os nazistas eram defensores do meio ambiente e dos animais, por exemplo.

As lutas pelas liberdades eram um caminho natural para mim, que vivia preso por todos os lados. Cresci durante a Ditadura Militar, onde o silêncio era a melhor defesa, onde criticar o Governo ou suas empresas podia ser confundido com subversão ou terrorismo! As maiores empresas poluidoras como Petrobrás, CSN, eram empresas de ‘segurança nacional’. Criticar suas poluições era correr o risco de ser confundido com subversivo ou terrorista. O jornalista Randau Marques, por exemplo, em 1968, foi preso pela Operação Bandeirantes e taxado de subversivo pelo conjunto de reportagens sobre contaminação ambiental com chumbo no Município de Franca - SP, berço dos curtumes. Em seu trabalho, abordou ainda a questão dos defensivos agrícolas, seus perigos e contaminações ao meio ambiente e à população em geral.

Quando o país começou a exigir o fim da Ditadura, aderi ao movimento, como o ‘Diretas Já!’, que exigia a volta da democracia no país. Em 10 de abril de 1984, levei meus filhos Leonardo, com 6 anos e Gustavo com quatro para participarem da maior manifestação pública da história do Brasil até então, em frente a Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, onde se aglomeraram mais de 1 milhão de pessoas. Fui cedo para estacionar o carro que tinha na época, uma Variante Verde, no melhor lugar, o mais perto possível do palanque, de forma que pudesse colocar meus filhos em segurança no teto do carro, e ao mesmo tempo acompanhar os acontecimentos.

Para reprimir as manifestações, o então presidente João Figueiredo aumentou a censura sobre a imprensa e ordenou prisões. Houve violência policial. E mesmo com o apelo e pressão popular, a Emenda Dante de Oliveira, na Câmara dos Deputados, que aprovaria as eleições diretas no Brasil, foi rejeitada. Apesar da enorme frustração popular, o movimento da sociedade teve grande importância na redemocratização do Brasil, pois estava cada vez mais claro para a Ditadura instalada no Brasil que seus dias estavam contados. No ano seguinte, em 1985, o processo de redemocratização termina com a volta do poder civil, com a aprovação de uma nova Constituição Federal, em 1988 e com a realização das eleições diretas para Presidente da República em 1989.

Em São Gonçalo, participei itensamente dos Plenarinhos Pró-Constituinte, na companhia do Rebêlo e do Barros, oficiais do recém-criado Batalhão Florestal, com sede na cidade. Fizemos o capítulo de meio ambiente da Lei Orgânica da Cidade e que serviu de subsídios para a elaboração do capítulo de Meio Ambiente no Governo do Estado, através do Carlos Minc, então Deputado Estadual, e também para a elaboração do capítulo de meio ambiente da Constituição Federal, através do companheiro e deputado Fábio Feldmann, que mais tarde me indicou para ganhar o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente, antes recebido por ele próprio, pelo Minc, pelo Chico Mendes, pelo Betinho, entre outros.

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