terça-feira, 9 de março de 2010

Educação Ambiental


“A educação deve ajudar o homem brasileiro a inserir-se criticamente no processo histórico e a libertar-se, pela conscientização, da síndrome do ter e da escravidão do consumismo". - Paulo Freire


“Apenas a educação poderá superar as três necessidades humanas fundamentais: o progresso, a preservação do meio ambiente e a liberdade. A educação liberta o ser humano, assim como somente pela educação se poderá reduzir o consumo a níveis aceitáveis para a preservação do meio ambiente.” – Cristóvão Buarque

Em 1999, quanto estive no Japão para receber o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente, participei de diversos eventos organizados pelo Governo Japonês com a participação das crianças. Ao observar o entusiasmo das crianças japonesas pelas questões ambientais, percebi que era o mesmo entusiasmo que via nas crianças e jovens das escolas brasileiras, especialmente entre 9 e 12 anos. Senti que havia um sentimento que unia aquelas crianças tão distantes entre si: o amor pelo Planeta, a preocupação com o futuro da humanidade e ao mesmo tempo uma espécie de apelo ao bom senso dos adultos, um pedido de ajuda aos líderes de hoje, para que houvesse um amanhã com um mínimo de qualidade de vida e sustentabilidade em nosso Planeta. Tive então a idéia de criar uma rede de Clubes de Amigos do Planeta, com base nas escolas, com a missão de executar pelo menos uma boa ação ambiental por mês pelo meio ambiente do lugar. Seria uma maneira de colaborar para dar sinergia a estes sentimentos e esforços, uma forma de usar o meu Prêmio Global para ajudar a reconhecer a importância de este despertar de consciência ambiental de nossos jovens, contribuindo para o seu fortalecimento e organização.

Ao voltar ao Brasil, lancei a idéia através de artigos e no último capítulo do meu livro Como Fazer Educação Ambiental, editado pela Paulus. Este livro, já em quarta edição, e adotado pela UFF – Universidade Federal Fluminense para seu curso de educação ambiental à distância (http://www.cursosonline.uff.br/curso_cfea.html ), tem estimulado alunos, pais e professores a organizarem clubes em diversas partes do país.

Na cidade de Barra Mansa, no Vale do Rio Paraíba do Sul, no Estado do Rio de Janeiro, onde em parceria com a OSCIP Associação Ecológica Piratingaúna, a Prefeitura implantou esses ‘Ecoclubes’ nas escolas da Rede Municipal. São mais de 40 Ecoclubes organizados, envolvendo mais de 500 estudantes, com idade entre sete e dezesseis anos, o que resultou na organização de diversas atividades concretas em defesa do meio ambiente como caminhada de conscientização ecológica com a distribuição à população de panfletos educativos, mudas de plantas nativas da Mata Atlântica e bilhetes com desenhos de alunos do ciclo básico, tudo com a intenção de sensibilizar a comunidade.

Também aceitei o convite do amigo e prof. Flávio Lemos, para escrever o “O Rio Muriaé e sua Ecologia: geografia e história”, editado pela ONG Puris de Ecologia e já com duas edições, patrocinadas por empresas do noroeste fluminense e o SEBRAE-RJ, e adotado por várias escolas da região. O objetivo é um projeto de natureza educativo ambiental, com abordagem didática, para ensinar sobre a importância da água, dos rios, dos princípios ecológicos relacionados, de gestão integrada de recursos hídricos, dos comitês e dos consórcios de bacias, de legislação, dos princípios de sustentabilidade econômico ambiental, e um pouco de historia e geografia da região estudada, utilizando o rio principal de uma determinada região (bacia hidrográfica), como referencial para despertar o interesse, a curiosidade e estimular o envolvimento do público-alvo junto às questões relacionadas à bacia hidrográfica e o uso racional da água, socializando o debate e potencializando a relação entre os componentes ambiental, econômico, sócio-cultural e histórico que aquele rio representa para aquelas pessoas.

Meu propósito é estimular e desenvolver projetos de educação ambiental que estimule novos valores, ambientalmente mais sustentáveis e também socialmente mais justos, e que também capacite as pessoas para encontrarem as soluções técnicas e alternativas que assegure qualidade de vida, emprego, alimento, segurança, desenvolvimento sustentável, especialmente aos setores excluídos da sociedade, sem que com isso venhamos a comprometer o futuro de nossos filhos e netos, por que não recebermos o planeta de herança dos que vieram antes de nós, mas os estamos tomando emprestado dos que virão depois de nós, já alertou Henry Brown. E mais. Estou convencido que só a educação ambiental e a comunicação ambiental não serão suficientes para prover as mudanças rumo à sustentabilidade solidária, por que é preciso promover profundas mudanças nas estruturas econômicas e políticas da sociedade, e isso só será possível com um cidadão ambiental planetário, fortalecido pela organização em rede, capaz de agir com um consumidor responsável, que diga sim a produtos ambientalmente sustentáveis e solidários, e promova campanhas e boicotes contra produtos, empresas, projetos, atividades que estejam na contramão de um novo modelo sustentável e solidário; e ao mesmo tempo um cidadão político crítico e participativo, capaz de cobrar e monitorar seus governantes e representantes políticos para que o compromisso com a sustentabilidade solidária seja mais que apenas discursos em períodos eleitorais.

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