terça-feira, 9 de março de 2010

Espiritualidade



“Não devemos acreditar numa coisa simplesmente porque ela nos é dita, nem aprovar as tradições apenas porque elas descendem da Antiguidade, nem admitir os escritos sábios apenas porque eles foram escritos pelos sábios. Nós devemos aceitar apenas aquilo que recebe a aprovação de nossa consciência; é por isso que eu vos ensinei a crer apenas quando vós sentirdes aquilo que vos apresentam em vossa própria consciência interior. Depois disto, podeis aproveitar largamente.”- Buda


Durante a minha infância e adolescência, tive contato com diversos valores religiosos que ao longo de minha vida influenciaram em minhas escolhas, principalmente as lições que aprendi entre os cinco e dez anos, quando convivi com a família ‘de criação’ que seguia a fé evangélica da Igreja Batista, e me levava todos os domingos à Igreja, onde eu freqüentava a Escola Dominical.

“Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo”! - Léon Tolstói


O estudo e a leitura da Bíblia eram estimulados. Aprendi que não deveria poluir o corpo com comida e bebida em excesso, uso de drogas, fumo, prática de prostituição, preguiça e outras escolhas que colocassem meu corpo em risco de doenças, pois ele é sagrado, segundo I Coríntios 6:15,19 e 20: “Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.”

Aprendi que era pecado matar, furtar, cometer adultério ou cobiçar “a casa do teu próximo, a mulher do teu próximo, o servo, a serva, o boi, o jumento, qualquer coisa do teu próximo” inclusive “dar falso testemunho contra teu próximo” - Êxodo 20:1-1. O conceito de furto ia além de simplesmente tirar alguma coisa de alguém. Incluía se apropriar de qualquer coisa que não lhe pertencesse, ainda que o dono tivesse perdido. O ditado popular de “achado não é roubado, quem perdeu é relaxado”, não funcionava. Se achar, e não é seu, deixe onde está que o dono provavelmente está procurando e pode encontrar, ou, se preferir, pode pegar o objeto perdido e entregar nos Correios ou em algum estabelecimento de achados e perdidos, pois o dono irá procurar.

Os Jogos de azar, qualquer um deles, mesmo os legalizados, como a Loteria Esportiva, eram proibidos, por serem atividades que dependem da boa ou da má sorte e do infortúnio humano, e seu objetivo único e imediato é econômico, com a vantagem de um e a desvantagem de muitos. Um verdadeiro crente não devia ajuntar tesouros na terra (Mateus 6.19-20) e não importa quão importante seja a coisa, se ela fosse adquirida por meios ilícitos jamais poderá trazer bênção ao seu possuidor (I Samuel 5.1-12). De fato, os jogos de azar são responsáveis por muitos males sociais, emocionais e jurídicos no povo, tanto de crentes como de não crentes. Um dos primeiros efeitos é o empobrecimento. Há pessoas que são cativadas pelo vício de jogar e, diariamente estão jogando. E, como só um ou poucos ganham, há pessoas que passam a vida toda jogando sem nunca ganhar. Os pobres gastam em loteria aproximadamente o mesmo que pessoas de classe média, mas por terem menos dinheiro, um maior percentual de seus ganhos vai para as loterias. Isto faz da loteria uma forma de atividade que empobrece em vez de enriquecer. Como os jogos são promovidos pelo próprio Governo e tantos recursos acabam indo para o próprio Governo, não é de se admirar que haja tanto incentivo para que se jogue mais e mais, e assim se promove uma prática lesiva ao povo. Em Mateus 7.12, Jesus diz: "Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas". Ao casar dinheiro, neste caso, eu deveria desejar que todos ganhassem e eu perdesse.

Apesar de o Brasil ser tradicionalmente conhecido como o país do carnaval, ele era proibido para os Batistas. Não só a participação, mas até mesmo assistir na televisão. O carnaval, em latim carnevale, significava um tempo de orgias e festas na Roma antiga. Durante o carnaval, o culto à sensualidade de homens e mulheres é um convite para o pecado, para desejar a mulher do próximo, para contaminar o corpo, sagrado para Deus, com bebidas alcoólicas e luxúria. “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.”- Galátas 5:13,24

Aprendi também que era pecado adorar imagens de qualquer espécie! “Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.” (Êxodo 20:1-1). Os Batistas repudiavam a fé Católica por sua adoração às imagens. Eu nunca deveria entrar numa Igreja Católica e, se por alguma razão tivesse de ir, deveria olhar para as imagens não com um sentido de adoração, pois seria pecado, mas como esculturas, obras de arte, manifestações culturais, ídolos de barro. Então, ‘correr’ atrás de doces de São Cosme e Damião, nem pensar! São ídolos de barro! Nem mesmo aceitar os saquinhos com doce eu podia!

Também não era permitido comemorar o Natal, o que me deixava chateado, pois via meus coleguinhas ganharem presentes, e eu não. O presépio continha imagens de ídolos de barro para adoração, o que era considerado pecado. Além disso, não havia referências bíblicas sobre o dia 25 de dezembro como a data que nasceu Jesus. Na verdade, a data de 25 de dezembro já era velha conhecida da humanidade desde o primórdio da civilização. Vários povos antigos do hemisfério norte celebravam, no fim de dezembro, o solstício de inverno (noite mais longa do ano). A partir daquela data, o Sol começava a ficar cada vez mais tempo no céu e eles comemoravam, portanto, o ‘renascimento’ do Sol, que nos aquece e garante luz. Era o pretexto para comilanças homéricas, que duravam dias e homenageavam deuses ligados à fertilidade. Os babilônios faziam festa para o deus Sol. Os Persas, para Mithra. Os Egípcios, para Osíris. Os Gregos para Dionísio. E os romanos esbaldavam-se nas saturnais, festanças em homenagem ao deus Saturno. Para não entrar em conflito com todas estas tradições milenares, a igreja cristã, da época, então a religião oficial do Império Romano, por volta do século 4 depois de Cristo, escolheu a data de 25 de dezembro. Para os Batistas, comemorar o nascimento de Cristo não fazia o menor sentido, pois o importante era comemorar a sua Ressurreição, que confirmava a condição de filho de Deus.

Lembro que cantávamos “Cuidado olhinho com o que vê, cuidado boquinha com que o que fala, cuidado mãozinha onde pega, cuidado pesinho onde pisa, o Salvador do Céu está olhando para você, cuidado olho, boca, mão e pé!” Foi um período muito importante em minha formação de valores, mas tenho de reconhecer que foi um mau começo na construção da minha idéia de deus. Construí na minha imaginação uma idéia de um deus rancoroso, vingativo e cruel, um velho com longas barbas brancas, e que vestia um roupão igualmente branco, morava no céu, vivia cercado de anjos e que sentava num trono de rei, com um enorme livro à sua frente, onde anotava os meus pecados! Eu achava que tinha muitos pecados, principalmente bater no meu irmão menor, dizer palavrões, roubar goiabas na árvore do vizinho... Quando orava a Deus, jurava que não iria mais pecar, e, como não conseguir cumprir as promessas, já me imaginava sendo enviado ao inferno para ser queimado vivo por toda a eternidade, como minha mãe deve ter sido queimada no episódio do incêndio no Armazém do meu pai!

Quando meu pai me batia, por qualquer motivo fútil, questionava esse deus que considerava pecado maldizer o pai, mas deixava que ele fosse violento comigo! Não tinha com quem conversar sobre aqueles assuntos, e me sentia abandonado pelo próprio Deus! Desde muito cedo tive de lidar muito mais com as minhas dúvidas que com minhas certezas. Até que compreendi que aquele deus que me fizeram acreditar era uma obra da imaginação humana! E se existisse um Deus verdadeiro, certamente seria bem diferente desse deus de mentirinha!

Os livros “A Criação e a Ação Humana” e “Deus Existe?”, ambos editados pela Paulus, reúnem algumas de minhas reflexões deste período, onde me dedico não a falar de um Deus de verdade sobre o qual me declaro incompetente para compreender. Entretanto, isso não me impediria de denunciar o ‘deus de mentira’ criado à imagem e semelhança dos homens, por arrogância intelectual ou para preencher seus vazios espirituais ou a ausência da graça da fé num Deus verdadeiro!


Não se encontra a compreensão da divindade pela razão, mas pela fé. Então, a fé não tem de ser aprovada pela razão, nem condicionada a ela. Primeiro a gente acredita e depois a razão surge para iluminar o conhecimento da realidade. E, como este conhecimento nos chega através dos sentidos, a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato, e como estes sentidos nos enganam freqüentemente, então a nossa compreensão da realidade também poderá nos enganar. Entretanto, existem muitas perguntas para as quais nossa inteligência, estimulada pelos sentidos, não consegue obter respostas! Por exemplo, o que Deus quer e não quer de nós? Qual o propósito de sua Criação? Por que admite o mal, a fome, a miséria, a crueldade, a violência? Por que mesmo sabendo que cometeremos um mal qualquer não intervém antes, como qualquer pai humano faz com um filho, para protegê-lo até que tenha capacidade para fazer escolhas adequadamente, sabendo sobre os ônus dessas escolhas? Se Deus criou tudo, então criou também o Diabo, ou permitiu que o diabo se criasse, ou se formasse? E por que fez isso, ou permitiu isso, se é amor e só quer o bem? E se criou, ou permitiu, em que momento fez isso, já que o diabo estava lá no paraíso, onde assumiu a forma de serpente e parecia bem à vontade para influir e alterar a obra de Deus? Por que, sendo um Deus que tudo sabe e tudo vê, admitiu a presença do Diabo no Paraíso? Por que deixou que o Diabo, assumisse a forma de uma serpente para tentar a natureza humana se Ele já sabia que Adão e Eva eram frágeis e despreparados para fazer escolhas e assumir com os ônus, primeiro por que não nascemos sabendo escolher e este será um aprendizado para a vida inteira, segundo, por que, vivendo num paraíso, onde o mau não existia, Adão e Eva não tinham como exercitar a capacidade de fazer escolhas? Qualquer pai humano sabe que se não tutorar as decisões de seus filhos e filhas quando pequenos eles não saberão escolher o melhor para si próprios! Podem escolher brincar em vez de estudar, comer doces antes da hora do almoço ou trocar a guloseima pela refeição! Então, se Deus que tudo sabe, sabia que Adão e Eva não tinham capacidade para fazer escolhas, por que deixou que sucumbissem à tentação do Diabo, se já sabia dos resultados, se já sabia que eles não teriam a menor chance diante da tentação? Se Deus não protegeu Adão e Eva deles próprios, por que faria isso por mim, por exemplo, quando faço escolhas pensando que serão boas para mim e resultam num desastre, ou quando o Diabo se aproveita desse meu desconhecimento do futuro ou das conseqüências para influenciar em minhas escolhas? Se ao Diabo é permitido influenciar em minhas escolhas para o mau, por que para Deus não é permitido influenciar em minhas escolhas para o bem? Por que para o diabo é permitido não respeitar nosso livre arbítrio, pois age em nossas escolhas para mal, mas Deus deve respeitar e nos deixar refém das forças do mal sem a necessária oposição das forças do bem? Então, quem é que manda mais, Deus ou o Diabo? Pela vontade de Deus, o paraíso continuaria sendo o paraíso. Mas o Diabo foi lá e mudou os planos de Deus, com o conhecimento e o consentimento Dele, que tudo sabe e tudo vê. Por que Deus deixou que o Diabo nos usasse para alterar seus planos de um paraíso perfeito que criou para nós? Qual foi o propósito de Deus a admitir tal interferência em sua Obra? O fato é que este mundo onde vivemos e como o conhecemos, de dores e sofrimentos, mas também de alegrias e felicidades só se tornou possível por que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso!

A verdadeira fé não deveria se opor à razão, não deveria ser irracional. Nicolau Copérnico mostrou que a terra girava ao redor do sol. Mais de cem anos depois, isso ainda era discutido, porque os espíritos ainda não haviam assimilado as provas de Copérnico, não tinham tido fé na revelação científica. Escreve Chesterton:

“A ameaça é que o intelecto humano tem a liberdade de destruir-se a si mesmo. Da mesma forma como uma geração pode evitar a existência da geração seguinte, se todos entrarem para um convento, ou se atirarem ao mar, também um grupo de pensadores pode, de certo modo, evitar que, no futuro, se pense, ensinando às gerações vindouras que o pensamento humano não tem valor algum. É sempre inútil falar da alternativa entre a razão e a fé. A razão já é de per si uma questão de fé. É um ato de fé afirmar que os nossos pensamentos têm qualquer relação com a realidade. Quem for meramente cético acabará, mais cedo ou mais tarde, perguntando a si mesmo: “Por que é que alguma coisa está certa, quer seja uma simples observação ou uma dedução? Por que é que a boa lógica não é tão falaz como a má lógica, se ambas são meros movimentos do cérebro de um macaco desnorteado?” O novo cético diz: “Eu tenho o direito de pensar para mim”. Mas o velho cético, o cético completo, dirá: “Eu não tenho o direito de pensar para mim. Não tenho direito absolutamente algum de pensar”. Todo o pensar é um ato de fé. O nominalismo desconfiou do conceito universal que associa coisas de uma mesma espécie, mostrando que a mente precisa de elementos que vem dela mesma para pensar a realidade. E estes elementos são aceitos numa espécie de fé no bom senso do pensamento. H. G. Wells, no século XX, fiel aos princípios do nominalismo e do ceticismo do século XV, insiste em afirmar que cada coisa separada é “única” e que não existem categorias. Isso também é meramente destrutivo. Pensar significa ligar as coisas e o pensamento pára se não puder estabelecer tais conexões. É desnecessário dizer que essa espécie de ceticismo, proibindo o pensamento, proíbe, forçosamente, a fala, e ninguém poderá abrir a boca sem contradizê-lo. Assim, quando Wells diz que “todas as cadeiras são completamente diferentes”, faz não só uma afirmação falsa, mas também contraditória. Se todas as cadeiras fossem diferentes, nunca poderíamos chamar-lhes “todas as cadeiras”. A razão acompanha a religião porque ambas são da mesma natureza primária e autoritária. Ambas são métodos de prova não prováveis em si mesmos. E ao destruirmos a idéia da Autoridade Divina, destruímos, em grande parte, a idéia daquela autoridade humana por intermédio do qual fazemos uma conta de dividir”
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A única resposta que consegui encontrar para tantas questões é que eram mistérios que permaneceriam mistérios enquanto eu fosse honesto comigo mesmo e reconhecesse minhas limitações em pretender compreender com tão poucos recursos e inteligência algo que está além de minha compreensão. Caso eu continuasse tentando, correria o risco de ficar como aqueles gatinhos que correm atrás do próprio rabo sem conseguir alcançar, e só quando desistem de lutar, e resolvem seguir a vida, descobrem que o rabo os segue, sem esforço, para onde forem. Então, tive de fazer uma escolha em relação a estes mistérios. Ou continuava insistindo, e correria o risco de acabar inventando respostas de conveniência, para atender à arrogância de minha inteligência, ou à minha necessidade de dar sentido à minha vida e existência, ou seguia minha vida de maneira correta, aproveitando os ensinamentos da Bíblia, como um livro muito inspirado e cheio de sabedorias, de onde eu deveria extrair tudo o que fosse útil e importante para a minha vida, como uma abelha que colhe o néctar de diferentes flores para fabricar o mel.

Quanto à minha culpa de desistir de tentar compreender tais mistérios, li em Efésios 2:8, “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”, e aceitei o fato de que a capacidade para ter fé não nasce comigo, mas é uma decisão do próprio Deus e parecia-me óbvio que sem essa ajuda divina, e com os meus poucos recursos intelectuais, dificilmente eu conseguiria compreender algo tão maior que eu. Em São Gregório Magno aceitei esta minha incapacidade de compreensão quando ele diz que “todo aquele que estuda para chegar à iluminação, à contemplação do sagrado, devia começar perguntando a si mesmo quanto ama. Pois o amor é a força motriz da mente, que o tira do mundo e o inspira para o alto.” A partir de então, questionar a existência ou não existência de Deus ou do Diabo pareceu-me um esforço fadado ao fracasso, e, pior, se continuasse tentando, poderia distorcer a verdade para atender a meus propósitos ou necessidades. Então decidi viver a minha vida de forma a que eu me ‘elevasse’ a ponto de me tornar digno de um Deus, qualquer que fosse, e não por Ele, mas por mim próprio e pelos que eu conseguisse amar e fazer feliz neste mundo e, por outro lado, me mantivesse afastado do diabo existisse ou não, fosse quem fosse.

O apóstolo Paulo, em 1Tim 6,18 recomenda que "se façam ricos em boas obras" . E ainda: que "Deus retribuirá a cada um segundo suas obras" (Rom. 2, 6). E completa o apóstolo Tiago 2:24 "o homem é justificado pelas obras e pela fé" porque a "fé sem obras é morta" (17)!

“Falar sobre o futuro só é útil se levar à ação agora. E o que podemos fazer agora, enquanto ainda estamos em condições de afirmar que ‘a vida nunca foi tão boa’? (...) Cem gramas de prática geralmente valem mais do que uma tonelada de teoria.” - E.F. Schumacher


Então, se eu não tinha sido contemplado com a graça de uma fé sem dúvidas, pelo menos podia me dedicar às boas obras. E aí, se Deus não existisse, não seria perda de tempo orientar minha vida pelo caminho do bem e do amor. Em Lucas , aprendi que "do mesmo modo como quereis que os homens vos tratem, tratai vós também a eles". Pareceu-me um conselho prático e honesto para com os outros e para contribuir para fazer deste mundo um lugar melhor, independente de deuses e de diabos.

Caso contrário, se realmente existisse um Deus, Ele seria um Deus de amor, conforme afirma a Bíblia em 1 Jo 4, 16: “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele”. E, claro, então Ele me compreenderia.

Na Bíblia, declaro minha preferência pelo Eclesiastes, escrito pelo Rei Salomão, ou por alguém inspirado que viveu em sua época, onde ressalta a importância de se viver bem a vida, aqui e agora. “Portanto, vá, coma o seu pão com alegria e beba o seu vinho com satisfação, porque com isso Deus já foi bondoso para com você. Que suas roupas sejam brancas o tempo todo, e nunca falte perfume em sua cabeça. Goze a vida com a esposa que você ama, durante todos os dias da vida fugaz que Deus lhe concede debaixo do sol. Essa é a porção que lhe cabe na vida e no trabalho com que você se afadiga debaixo do sol. Tudo o que você puder fazer, faça-o enquanto tem forças, porque no mundo dos mortos, para onde você vai, não existe ação, nem pensamento, nem ciência, nem sabedoria.” (9:10) Eclesiastes me ensinou que a melhor coisa que podemos ter da vida é o prazer de viver! E que não devemos nos preocupar demais com minúcias do que pode ou não acontecer, por que nunca conseguiremos dominar todas as contingências da vida! Eclesiastes ensinou-me, ainda sobre o que realmente deve importar nessa vida: conservar as amizades e dedicar tempo a conversar e cuidar das pessoas que estão à nossa volta. "Então, considerei outra vaidade debaixo do sol, isto é, um homem sem ninguém, não tem filho nem irmã; contudo, não cessa de trabalhar, e seus olhos não se fartam de riquezas; e não diz: Para quem trabalho eu, se nego à minha alma os bens da vida? Também isto é vaidade e enfadonho trabalho. Melhor é serem dois do que um, por que têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade" (4:7-12).

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