terça-feira, 9 de março de 2010

Cicatrizes


"A vida me deu mais do que pedi e mais do que mereci. Aliás, prefiro sempre falar da vida com olhos de esperança. Meus planos, afinal, são viver, ou seja, escrever, rir, amar." - Jorge Amado


A vida me deu muito mais do que sonhei e quando ela me fez sofrer, foi para permitir que eu amadurecesse! Cada minuto valeu a pena, e aceito com generosidade minhas cicatrizes, pois assim como as carrego no corpo físico por conta de uma vesícula que tive de extrair por volta dos 35 anos - e isso não me impede de viver e ser feliz -, também as carrego na alma. Quando sinto aquela tristeza sem causa aparente, procuro identificar tais cicatrizes e os sentimentos que elas provocam e não as deixo que me faça sofrer ainda mais do que os fatos que as geraram já fizeram.

Muitas vezes temos à nossa mão tudo o que precisamos para ser felizes, mas, insatisfeitos, sempre estamos à busca de mais alguma coisa que falta. Nossos desejos devem ser generosos e incluir os que ainda dependem de nós, mas na medida de nossas forças e possibilidades. Devemos nos esforçar sinceramente para fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, e não tudo o que preciso ser feito, pois devemos ter a humildade de reconhecer que existem problemas que foram criados por sucessivas gerações ou por milhares de pessoas, e não será uma pessoa, por mais bem intencionada que esteja, que conseguirá assumir para si ou seu pequeno grupo, sozinha, as dores do mundo. Muito menos devemos assumir para nós, mesmo que o consigamos suportar, os fardos de outras pessoas, especialmente das que nos são próximas, pois cada um deve ser capaz de assumir os riscos e os perigos dessa vida, responsabilizando-se pelos seus atos, caso contrário só irá gerar mais sofrimento inútil e não irá adquirir o necessário aprendizado moral que forja os bons seres humanos.

O que mais podemos querer? Um mundo melhor, onde a idéia de não-violência seja mais que uma promessa, mas uma possibilidade concreta. E que não seja apenas uma idéia bem aceita para os que admiramos ou conseguimos tolerar, mas inclua também – e principalmente – os que nos são indiferentes, e mais os nossos inimigos e adversários. Por mais ingênuo e arriscado que seja, e efetivamente é, é preferível viver num mundo em que - coletivamente - acreditamos que todos são bons, generosos, honestos até que – individualmente – nos provem do contrário e nos obriguem a nos defender e tomar providências.

E que a idéia de não-violência seja mais ampla, e inclua os que não são semelhantes, os animais e o próprio planeta. E que esses novos compromissos sejam mais que palavras, e se confirmem em atos concretos.

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Vilmar