terça-feira, 9 de março de 2010

“Amigos do Planeta” – eu faço a minha parte


Escrevi o livro “Amigos do Planeta” para contribuir com pais e educadores que enfrentam o desafio de sensibilizar e formar uma nova geração de cidadãos ambientais, críticos e participativos, estimulando, na escola e na comunidade, a ação concreta por um mundo melhor, por meio da criação dos Clubes de Amigos do Planeta. O livro pode ser especialmente marcante para crianças e jovens em idade escolar, que vivem uma fase importante de construção e fortalecimento dos valores de cidadania ambiental, propiciando o acesso a práticas em causas ligadas ao bem comum, a serem desenvolvidas pelo menos uma vez por mês, possibilitando a multiplicação de ações concretas para a melhoria do meio ambiente na comunidade, entendendo-se a defesa do meio ambiente como um valor inseparável do exercício da cidadania.

O mundo, como nossos pais e avós e nós próprios, adultos, conhecemos, mudou. As escolhas das gerações que nos antecederam, da era pós-industrial, aqueceram o planeta e as conseqüências desse aquecimento já começam a ser sentidos por todo o planeta, inclusive no Brasil. Além de tentar mitigar os problemas, precisamos também nos adaptar a esta nova realidade de um planeta mais aquecido, cuja tendência será aquecer ainda mais. E entre as conseqüências já previstas para as próximas décadas, o aumento do nível dos oceanos está entre os maiores danos à infra-estrutura urbana e rural nas cidades litorâneas.

Como as escolas estão vendo esta nova realidade? Como a escola está se preparando para este novo desafio? Algumas escolas líderes já estão adotando a educação ambiental de forma multidisciplinar para formar um novo cidadão socioambiental planetário, mas muito poucas foram além e adotaram também práticas de gestão ambiental. E, sem coerência entre o discurso e a prática, as escolas terão dificuldade para agregar credibilidade ao que ensinam! Segundo a Pesquisa MEC/Unesco de 2005, “O que fazem as escolas que dizem que fazem Educação Ambiental”, organizada por Rachel Trajber e Patrícia Ramos Mendonça, que abrangeu cerca de 418 escolas em todo o país, com quase a totalidade das escolas de ensino fundamental com Educação Ambiental, a queima de lixo ainda é uma prática comum a 36% das escolas, em 2001, crescendo para 41%, em 2004, e a reciclagem continua extremamente reduzida.

Faça um pequeno teste para saber se a sua escola tem coerência entre o discurso e a prática: ela adota uma política de gerenciamento de seus resíduos? Pratica a coleta seletiva de lixo? Tem uma preocupação com a ecoeficiência nos gastos com energia, água, ar-condicionado? Combate o desperdício? Reaproveita a água da chuva? Tem uma política de compra ecológica que se preocupe com a origem da carne ou da madeira que compra, para não estimular o desmatamento da Amazônia? Usa matérias biodegradáveis? Estimula a reciclagem e o uso dos reciclados? Faz o inventário e neutraliza suas emissões de carbono?

Se a resposta for não, ainda dá tempo de mudar. Ghandi afirmava que “Só existem dois dias do ano em que não podemos fazer nada. O ontem e o amanhã”. Como forma de contribuir com as escolas coerentes, ou seja, aquelas que são realmente sinceras em seus compromissos ambientais e estão dispostas a irem além do simples marketing ecológico, lancei o projeto “Amigos do Planeta’ para as escolas adotarem práticas integradas de gestão ambiental do estabelecimento e neutralizarem suas emissões de carbono e ainda implementar um Clubes de Amigos do Planeta com a participação de seus alunos. É só querer arranjar um jeito para fazer em vez de procurar uma desculpa para não fazer.

10 Mandamentos da Escola Ambientalmente Coerente

O desafio que propomos é que a escola seja o exemplo que quer ver em seus alunos, para que seu discurso seja coerente com a sua prática, e possa ter credibilidade como instituição de ensino realmente comprometida com este novo mundo de baixo carbono e sustentabilidade socioambiental e assim ganhar o respeito de seus alunos, pais e da comunidade do entorno.

1 - Estabeleça princípios ambientalistas - Estabeleça compromissos, padrões ambientais que incluam metas possíveis de serem alcançadas.

2 - Faça uma investigação de recursos e processos - Verifique os recursos utilizados e o resíduo gerado. Confira se há desperdício de matéria-prima e até mesmo de esforço humano. A meta será encontrar meios para reduzir o uso de recursos e o desperdício.

3 - Estabeleça uma política ecológica de compras - Priorize a compra de produtos ambientalmente corretos e que tenha a origem socioambiental comprovada, especialmente em relação à madeira e à carne usada na merenda escolas, pois podem estar vindo de áreas que desmataram a Amazônia. Existem certos produtos que não se degradam na natureza. Procure certificar-se, ao comprar estes produtos, de que são biodegradáveis. Procure por produtos que sejam mais duráveis, de melhor qualidade, recicláveis ou que possam ser reutilizáveis. Evite produtos descartáveis e de difícil reciclagem, incentive copos e canecas de uso permanente em vez de descartáveis, etc.

4 - Incentive seus colegas - Fale com todos a sua volta sobre a importância de agirem de forma ambientalmente correta. Sugira e participe de programas de incentivo, estabeleça sistemas de medição de resultados que permita premiar os que se destacam na busca de formas alternativas de combate ao desperdício e práticas poluentes.

5 - Não Desperdice - Ajude a implantar um sistema de gerenciamento de resíduos e participe da coleta seletiva de lixo. Você estará contribuindo para poupar os recursos naturais, aumentar a vida útil dos depósitos de lixo, diminuir a poluição. Investigue e combata o desperdício de energia, água, alimentos, recursos naturais em geral. Localize e repare os vazamentos de torneiras. Desligue lâmpadas e equipamentos quando não estiver utilizando. Mantenha os filtros do sistema de ar-condicionado e ventilação sempre limpos para evitar desperdício de energia elétrica. Use os dois lados do papel, prefira o e-mail ao invés de imprimir cópias e guarde seus documentos em disquetes, substituindo o uso do papel ao máximo. Promova o uso de transporte alternativo ou solidário, como planejar um rodízio de automóveis para que as pessoas viajem juntas ou para que usem bicicletas, transporte público ou mesmo caminhem para o trabalho. Considere o trabalho à distância, quando apropriado, permitindo que funcionários trabalhem em suas casas pelo menos um dia na semana utilizando correio eletrônico, linhas extras de telefone e outras tecnologias de baixo custo para permitir que os funcionários se comuniquem de suas residências com o trabalho.

6 - Evite Poluir Seu Meio Ambiente - Faça uma avaliação criteriosa e identifique as possibilidades de diminuir o uso de produtos tóxicos. Converse com fornecedores sobre alternativas para a substituição de solventes, tintas e outros produtos tóxicos. Faça um plano de descarte, incluindo até o que não aparenta ser prejudicial como pilhas e baterias, cartuchos de tintas de impressoras, etc. Faça a regulagem do motor dos veículos regularmente e mantenha a pressão dos pneus nos níveis recomendáveis. Assegure-se que o óleo dos veículos está sendo descartado da maneira correta pelos mecânicos. Certifique-se que os mecânicos de ar-condicionado e de geladeiras estão recolhendo o gás em vez de simplesmente liberarem na atmosfera. Certifique-se que os efluentes líquidos estão sendo adequadamente coletados e tratados ou encaminhados para tratamento.

7 – Evite riscos - Verifique cuidadosamente todas as possibilidades de riscos de acidentes ambientais e tome a iniciativa ou participe do esforço para minimizar seus efeitos. Não espere acontecer um problema para só aí se preparar para resolver. Participe de treinamentos e da preparação para emergências.

8 - Anote e divulgue seus resultados - Registre cuidadosamente suas metas ambientais e os resultados alcançados. Isso ajuda não só que você se mantenha estimulado como permite avaliar as vantagens das medidas ambientais adotadas.

9 – Comunique-se - No caso de problemas que possam prejudicar seu vizinho ou outras pessoas, tome a iniciativa de informar em tempo hábil para que possam minimizar prejuízos. Busque manter uma atitude de diálogo com o outro.

10 – Faça o inventários e neutralize as emissões de carbono - Não adianta você ficar só estudando e conhecendo mais sobre a natureza. É preciso combinar estudo e reflexão com ação. Considere a possibilidade de dedicar uma parte do seu tempo, habilidade e talento para o trabalho voluntário ambiental a fim de fazer a diferença dando uma contribuição concreta e efetiva para a melhoria da vida do planeta. Você pode, por exemplo, fazer o inventário das emissões de carbono de duas atividades e organizar um mutirão voluntário de plantio de árvores nativas do ecossistema local junto a um parque ou reserva natural mais próximo, ou uma mata ciliar, para compensar estas emissões, adotando estas árvores para sempre e não simplesmente plantando a muda e esquecendo-se dela depois. Promova palestras e seminários de educação ambiental na escola, abertos à comunidade, etc.

“Fiquei muito contente no mestrado quando a professora encerrou a aula sobre o meio ambiente com "os dez mandamentos ambientais” do Vilmar. Parabéns!” - Tania Suckow

Um comentário:

Olá, obrigado por seu comentário!
Um abração do
Vilmar