tag:blogger.com,1999:blog-13016285751560907912024-02-19T07:43:41.299-08:00Vilmar Sidnei Demamam Berna - escritor"O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem" - Guimarães RosaVilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.comBlogger47125tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-61753936193099786992010-03-13T12:41:00.000-08:002010-04-05T07:44:33.935-07:00Escolhas de uma vida<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoOVK1bLva39affsW9bJTsumDgL7D-twV6hy-vjlCC6WX0s192-sWDehIhc_aVtxNpcmDXImVaCKxhbXfe7Gp1m52BxEoaLXd8foMG5lnk3W61EjCua5GoYLzCGUEXmJVfcR-vryngJmE/s1600-h/23102004+395.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoOVK1bLva39affsW9bJTsumDgL7D-twV6hy-vjlCC6WX0s192-sWDehIhc_aVtxNpcmDXImVaCKxhbXfe7Gp1m52BxEoaLXd8foMG5lnk3W61EjCua5GoYLzCGUEXmJVfcR-vryngJmE/s320/23102004+395.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448222796813443986" /></a><br />
<blockquote><span style="font-style:italic;">“A cana só dá suco depois de passar por uns bons apertos”.</span> - Berilo Neves</blockquote><br />
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Sempre gostei de biografias. Elas contam a história por detrás da história, as circunstâncias dos ‘apertos’ que os autores viveram para escrever o que escreveram, compartilharam conosco um pouco de seus dramas, suas paixões, seus amores, seus ódios, seus delírios, sua felicidade, suas infelicidades, boa ou má sorte, enganos, traições, imprevistos, destino, fatalidade, escolhas... Ao ler as histórias de vida de outras pessoas, encontrei material suficiente para ir compreendendo a mim mesmo, à minha natureza e condição humanas, e assim, compreender melhor o humano que há nos outros. Terêncio, poeta e dramaturgo romano, que viveu em torno de 150 a.C., disse que "<span style="font-style:italic;">nada do que é humano me é estranho</span>" e Charles C. Colton escreveu que “<span style="font-style:italic;">aquele que conhece a si mesmo conhece os outros</span>.”<br />
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Nos encontros com meus leitores freqüentemente me perguntam onde encontro inspiração para escrever!? E quando digo que minha inspiração nasce do meu cotidiano vivido, e conto um pouco sobre os limões que recebi e como fiz uma limonada com eles, os leitores querem saber mais e sempre me pediram que escrevesse um livro sobre a minha vida. Esta é uma tentativa de atender a estes pedidos. <br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">"Não sou melhor porque me elogiam, não sou pior porque me caluniam. Eu sou o que sou, e não o que dizem."</span> - Tomás de Aquino</blockquote><br />
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Escrevi estes textos não com a intenção de me vangloriar ou receber mais reconhecimentos dos que os que já tive a honra e a felicidade de receber em vida, mas como um processo de autoconhecimento que compartilho aqui com os leitores, sem maiores pretensões! <br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">“O todo sem a parte não é todo, a parte sem o todo não é parte; mas se a parte fez todo, sendo parte, não se diga que é parte, sendo todo.”</span> - Gregório de Matos, poeta do barroco brasileiro (século XVII).</blockquote><br />
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A primeira dificuldade que tive de enfrentar foi a decisão em dividir a história em partes. Fritjof Kapra alerta que a abordagem mecanicista reducionista não é apropriada para compreender seres vivos. “<span style="font-style:italic;">Se separarmos uma entidade viva, matamo-la</span>”. Entretanto, resolvi correr o risco, na tentativa de me fazer compreensível. Estas partes, escolhidas, darão conta de revelar realmente o que ou quem eu sou ou me tornei, ou apenas revelarão uma imagem que faço de mim? Então, alerto aos leitores que estas partes, verdadeiramente, não existem, por que não existe um “eu criança”, um “eu adolescente”, um “eu adulto”, um “eu ecológico”, um “eu literário”, um “eu amoroso”, um “eu espiritual”, um “eu pai”, um “eu filho”, etc. Estes são apenas papéis ao longo da vida! Talvez uma tentativa de nos tornar mais compreensíveis, mas o que existe na verdade é uma pessoa complexa tentando ser simples, em processo contínuo de se tornar pessoa, e que ainda assim não sou eu, por que não sou sozinho! <br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">"Todos os seres humanos estão presos numa teia inescapável de mutualidade; entrelaçados num único tecido do destino. O que quer que afete a um diretamente, afeta a todos indiretamente. Não posso nunca ser o que deveria ser até que você seja o que deveria ser e você não pode nunca ser o que deveria ser até que eu seja o que devo ser"</span> - Martin Luther King</blockquote><br />
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Para me compreender adequadamente preciso compreender os outros com quem me relaciono, que exercem influência sobre mim e que influencio. Preciso compreender o contexto em que vivi e ainda vivo, como ele interagiu e interage comigo, e como interajo nele. Então, a idéia que faço de mim é uma falsa idéia de mim, por que não sou pessoa, sou um dos nós de uma imensa rede dentro de outras redes, todas interligadas e interconectadas, apoiando-se mutuamente, uma rede que não inclui apenas aos meus semelhantes, mas também aos que não são semelhantes, ao Planeta inteiro, ao Universo inteiro! Mas como não consigo dar conta deste ser holístico, que na verdade somos, então, tive de apelar para o velho reducionismo cartesiano, na esperança de que os leitores, uma vez compreendendo as partes, consigam intuir o todo, do qual, a partir deste momento, também passam a fazer parte!<br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">"Há pessoas que nos falam e nem as escutamos; há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossa vida e nos marcam para sempre."</span> - Cecília Meireles</blockquote><br />
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Os leitores também costumam me perguntar sobre que autores me influenciaram. Então, ao longo do texto, estarei compartilhando pensamentos e trechos escolhidos que foram e ainda são importantes para mim. Gosto de pensar nesses autores como ‘amigos espirituais’, por que foram generosos o bastante para compartilhar suas experiências de vida, suas reflexões ou perplexidade diante da vida, suas histórias.<br />
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Durante boa parta de minha infância vendi sonhos, doces que meu pai fabricava com maestria. De uma certa maneira, continuo como um vendedor de 'sonhos' agora na forma de idéias...<br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">“Vilmar acredita - e convence seus interlocutores de maneira inquestionável - que a grande mudança que o Brasil precisa se inicia com o despertar da consciência de cada brasileiro a respeito de si próprio e de sua importância para o tecido social. Mas o Vilmar é mais do que isso. Além de falar, ele produz. E como! Escreve livros para todas as idades - com fluência e elegância - e planta sementes num futuro melhor. Edita uma revista e um portal ambiental - e consegue, com rara habilidade, a fórmula do sucesso: ser honesto intelectualmente (não abre mão de seus pontos de vista) e vitorioso economicamente (consegue sobreviver com isto). Produz raciocínio eco e lógico para atuação parlamentar, se multiplicando como cidadão político. E ainda encontra tempo para ser uma verdadeira liderança ambiental, daquelas que a gente precisa ter, gostaria de ser e não tem coragem. Vilmar denuncia, propõe e cobra providências. O dia inteiro. Em todos os canais. De todas as maneiras. Do alto de suas sandálias, Vilmar mostra que influenciar pessoas é um ato de persistência, inteligência e fé. E que a mudança de comportamento é uma questão de modelos, referências, e de vontade. Do alto de suas sandálias, Vilmar está ficando cada vez mais parecido com a causa ambiental: ele mostra que é possível ser complexo, sendo simples. Na convivência com ele, espero aprender a calçar sandálias.” </span> - Rogério R. Ruschel - jornalista, publicitário e consultor especializado em meio ambiente e ecoturismo, é autor de 11 “cases” ambientais e de marketing para organizações como Unibanco, Grupo Votorantim, Iguatemi, Shell, Fundação SOS Mata Atlântica e Grupo Coimex, dos quais 07 receberam prêmios. Foi consultor para o desenvolvimento do “Top de Marketing” da ADVB e mentor e realizador do “Prêmio Ambiental von Martius”, instituído em 2.000 pela Câmara de comercio e Indústria Brasil-Alemanha, que no seu terceiro ano de realização é considerado o prêmio mais desejado neste segmento (bateu todos os recordes de inscrições).</blockquote>Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-65201755062571738792010-03-13T12:31:00.000-08:002010-03-13T12:40:23.582-08:00Quando me chamavam de Sidnei<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt8bYKYrAe6x-RjoM3U7jOeiyPU30kIYIZJdI_gTH5ciN_vPOLT-c4uaK9giuDig4oNMv2flR4UnS9GWqUQGv7GSxUOz2o2dXxHLZ4MCaJ48u52tOLTu250CEwNvdy3MvEofJHfgm3mAU/s1600-h/vILMAR+E+c%C3%89SAR+EM+MACA%C3%89.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 197px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt8bYKYrAe6x-RjoM3U7jOeiyPU30kIYIZJdI_gTH5ciN_vPOLT-c4uaK9giuDig4oNMv2flR4UnS9GWqUQGv7GSxUOz2o2dXxHLZ4MCaJ48u52tOLTu250CEwNvdy3MvEofJHfgm3mAU/s320/vILMAR+E+c%C3%89SAR+EM+MACA%C3%89.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448220566688127010" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguUid-uprBbKTliiqCI8PAxFUto_YNmDvFfGwbSBgIoRA1Y3Qnz07_xo59ErG1M7Bofukz6GYcAn8YT_IJK7AwFDDQ2dxT63XRZqpy2WwccO3ioC0O3rcx_j2td3dI4yc7Eyo6RczO0ug/s1600-h/VilmarTia+Erm%C3%ADnia+Pai+Fernando+e+esposa+Ercio+C%C3%A9sar.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 137px; height: 99px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguUid-uprBbKTliiqCI8PAxFUto_YNmDvFfGwbSBgIoRA1Y3Qnz07_xo59ErG1M7Bofukz6GYcAn8YT_IJK7AwFDDQ2dxT63XRZqpy2WwccO3ioC0O3rcx_j2td3dI4yc7Eyo6RczO0ug/s320/VilmarTia+Erm%C3%ADnia+Pai+Fernando+e+esposa+Ercio+C%C3%A9sar.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448220566303840994" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj55mnAEh4Pq7wL_KvoW56KZQaK_ktNflB8O1p1TyhkSeSO-Hx_5N75-ULrGe6wXN3jkcKX8dXY_Gwl6eUKesM_iAOZ0ssc6eoGyVINZ-0TPO9WIxRfEQh8vrkicC7nRDYkbOurcOyfSGw/s1600-h/Vilmar,+Cesar+e+Cleia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 265px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj55mnAEh4Pq7wL_KvoW56KZQaK_ktNflB8O1p1TyhkSeSO-Hx_5N75-ULrGe6wXN3jkcKX8dXY_Gwl6eUKesM_iAOZ0ssc6eoGyVINZ-0TPO9WIxRfEQh8vrkicC7nRDYkbOurcOyfSGw/s320/Vilmar,+Cesar+e+Cleia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448220560598415490" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjegkuTdtt30k9cbsFWoycQLtcLNbPsIvPxC7aJXoAIC4srX5MOs2PVjJsrXx3_o1nZYYtygU_b8Y3G1meuD-c-TAZLQpw9w335Wqn0zD5rqnR3JcJEIEoE7aHTgJag-R-ajtPlYdSfKSc/s1600-h/Imagens+scaneadas+214.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 223px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjegkuTdtt30k9cbsFWoycQLtcLNbPsIvPxC7aJXoAIC4srX5MOs2PVjJsrXx3_o1nZYYtygU_b8Y3G1meuD-c-TAZLQpw9w335Wqn0zD5rqnR3JcJEIEoE7aHTgJag-R-ajtPlYdSfKSc/s320/Imagens+scaneadas+214.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448220556535479778" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgR5d98mTjJiT6jmP2jFFIbT-Kq2FcjN_1DD7zgqsR9PKRXjxe0RcqRg_KBTOpEWXlP0gQDCNny8DBtUQ8x9XwkOtzlD1PMTufvEWKs3nAu7va3fW2fU2QLepOfmnAqtnsU4eJ6uCOFl7U/s1600-h/Imagens+scaneadas+213.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 212px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgR5d98mTjJiT6jmP2jFFIbT-Kq2FcjN_1DD7zgqsR9PKRXjxe0RcqRg_KBTOpEWXlP0gQDCNny8DBtUQ8x9XwkOtzlD1PMTufvEWKs3nAu7va3fW2fU2QLepOfmnAqtnsU4eJ6uCOFl7U/s320/Imagens+scaneadas+213.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448220545749421538" /></a><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.”</span> - Gandhi </blockquote><br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“É preciso cortar antes de limar, entalhar antes de polir”.</span> - provérbio chinês</blockquote><br /><br />Nasci em Porto Alegre (RS), em 11 de outubro de 1956, em uma família pobre, que se desagregou cedo, e sobre a qual até hoje não tenho muitas informações. As primeiras lembranças de minha infância são por volta dos cinco anos de idade, quando já morava em Brasília.<br /><br />No ano que nasci, foi eleito presidente do Brasil o mineiro Juscelino Kubitschek, com o lema "Cinqüenta anos de progresso em cinco anos de governo". Sua gestão foi marcada pela implementação de um ambicioso programa de obras públicas com destaque para construção da nova capital federal. Em busca de melhores condições de vida, pessoas de todos os cantos do Brasil chegavam a Brasília, apesar da maioria das construções estarem ainda em seus esqueletos. Assim, os operários e trabalhadores, os ‘Candangos’, foram os primeiros habitantes de Brasília. Meu pai foi um deles, e nos levou juntos, eu, com cinco anos, meu irmão, César, com três e Cléia, com um ano e meio. Meu pai saía para trabalhar e nos deixava trancados, num barraco de um único cômodo, com apenas um saco de pão dormido. Não me lembro de ter notícias de minha mãe ou mesmo de alguma figura feminina nesta época. Cresci achando que minha mãe havia morrido num incêndio, segundo versão do meu pai, na qual acreditei até aos 13 anos, quando descobri que minha mãe era viva!<br /><br />Desde cedo tive de ir à luta. Tive de ‘fazer uma limonada dos limões que recebi’. Existem pessoas que diante das dificuldades - que são inerentes à existência -, preferem se acomodar a se sentirem vítimas das circunstâncias, ou então, nem tentam, por medo de errar, e assim acabam reproduzindo as mesmas escolhas.<br /><br />Descobri muito cedo que o mundo melhor que eu desejava dependia de mim e não do outro, que não tinha o direito de depositar sobre os ombros de ninguém a responsabilidade de me fazer feliz. <br /><br />Meu irmão, César, me lembra que ficava esperando eu voltar da rua, passando pelo basculante que tinha no alto de sua cama, por que sempre trazia algo para comer - que naturalmente eu conseguia na vizinhança! Por ser o mais velho dos três, eu era mais solicitado. Assim, acabei tendo de assumir muito cedo, responsabilidades para as quais, claro, não estava preparado. <br /><br />Meu maior temor, nessa época, eram as boiadas. Antes de me arriscar em sair para as ruas, me assegurava de não haver nenhuma nuvem de poeira no horizonte, pois podia significar uma boiada vinda em minha direção! O resultado dessa dieta pobre foi que nós três ficamos muito doentes e meu pai acabou migrando para Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, separada da capital, a Cidade do Rio de Janeiro, pela Baía de Guanabara.<br /><br />Comparo o meu amadurecimento com um seixo rolado, aquelas pedras redondas depositadas nas margens dos rios. No início, ao se desprender do rochedo, a pedra era cheia de arestas e ao longo de sua descida, ao se confrontar com outras pedras no caminho, foi perdendo as arestas até ficar redonda e assim pode passar a fluir com mais facilidade rio abaixo. <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">"Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas!" </span>- Charles Chaplin</blockquote><br /><br />Cada confronto que tive na vida certamente me ajudou a amadurecer a ponto de conseguir lidar com as dificuldades com cada vez maior facilidade. O amadurecimento da pessoa não tem a ver, necessariamente, com a quantidade de anos que viveu, mas como a maneira como soube aproveitar o que aconteceu à sua volta e consigo própria. Existem jovens já muito maduros e idosos ainda imaturos! Quando era criança, lembro que os adultos gostavam de conversar comigo e que eu me sentia melhor no meio deles que entre os jovens e crianças de minha idade! Pouco a pouco fui aprendendo a escolher, e a assumir os ônus e os bônus de minhas escolhas.<br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">"Sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura."</span> - Fernando Pessoa<br /></blockquote><br /><br />Assim que chegamos a Niterói moramos um tempo na rua, numa calçada perto da rodoviária, no centro da cidade. Meu pai fixava uma espécie de lençol no muro, para nos abrigar - ou nos esconder dos olhos do público! Mais uma vez, ele contava comigo para se ausentar. Com cerca de seis anos de idade tinha de cuidar de meus irmãos menores. Creio que durante alguns dias ou semanas, esta foi a nossa ‘casa’ até que meu pai levou a mim e ao meu irmão para a Casa do Garoto, no bairro do Cubango, em Niterói, onde havia um abrigo do Juizado de Menores. Cléia ele levou para outro internato, para meninas, no Rio de Janeiro. <br /><br />Meu pai nos deixou ali e foi embora. As pessoas que me conheceram na ocasião contam que eu era muito falante e curioso e vivia cantarolando uma música: “Carolina, Carolina, você tem a perna fina, oh, oh, Carolina!” Só mais tarde, quando conheci minha mãe descobri que ela tinha uma perna mais fina do que a outra. A música devia ter algo a ver com ela... <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">"Se à noite choras pelo Sol, não verás as estrelas.”</span> - Tagore</blockquote><br /><br />Reconheço que muito do meu jeito de pensar, de reagir, de me comportar ainda hoje, tem raízes nessas experiências que vivi ainda na infância! O sentido de responsabilidade e seriedade que dou a tudo o que faço, o cuidado que tenho com as pessoas que dependem de mim de alguma maneira, a valorização que dou à vida, à natureza, à família, a tendência a não deixar passar batido o que acontece à minha volta tendendo a ser reflexivo e a extrair um ensinamento de cada episódio, por mais banal que pareça, a tendência de tentar resolver por mim próprio os problemas antes de pedir ajuda. Identifico em cada um desses aspectos um pouco do que vivi quando criança. O que me fez ficar alerta quando tive de educar meus próprios filhos, sabendo que o que vivemos desde a nossa primeira infância pode nos marcar para a vida toda. <br /><br />Como não tínhamos idade para ingressar formalmente na Casa do Garoto, o Diretor, Sr. Miller, ia nos encaminhar ao Juizado. Entretanto, o casal de zeladores foi generoso e pediu para ficar conosco, informalmente. Os chamávamos de ‘Papai João Couto’ e ‘Mãe Hogla’. Com quatro filhas adolescentes Marísia, Mércia, Marluce e Marilúcia e um filho, Moisés, num total de cinco irmãos, nos abraçaram como se fôssemos membros da família. Foi a mais importante experiência que eu e meu irmão tivemos na infância, de viver numa família estruturada.<br /> <br />Era chamado pelo segundo nome. Meu irmão César e as pessoas que me conheceram antes do Serviço Militar, ainda me chamam de Sidnei! Só a partir do Exército é que passei a ser chamado pelo primeiro nome, Vilmar, e até eu próprio estranhava, já que até então ninguém nunca havia me chamado assim!Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-20815750539318648782010-03-13T11:44:00.000-08:002010-03-13T12:30:14.446-08:00A difícil convivência com meu pai<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK7B29tnEb0sXkJwrkRlVib8nISVFd0oPm5yTrsqNBwJpuSqI9kCWzsMGXKPdAyIvjN2-9gqWozCpBkibIRaxspRyFd3bLTeCNlF1Uip1E9EMY-Y6uvpawBWCUY3XhkVm0ahRZO26zppY/s1600-h/Imagens+scaneadas+207.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 196px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK7B29tnEb0sXkJwrkRlVib8nISVFd0oPm5yTrsqNBwJpuSqI9kCWzsMGXKPdAyIvjN2-9gqWozCpBkibIRaxspRyFd3bLTeCNlF1Uip1E9EMY-Y6uvpawBWCUY3XhkVm0ahRZO26zppY/s320/Imagens+scaneadas+207.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448218410045750898" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtyTXvkAupjBXT5JFI-jUSFD7lrjzZpxPj9tipMJi1yOu39S-DKE5gpUGK3S6y6fbAs_aQmnJPQSAz6-FO-fE6ZbyvX6XheWtdZPj1Pp-z3lmWjNFAllIgdR_hoNuG6Z1jkD9ZUmHY1nc/s1600-h/Imagens+scaneadas+249.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 226px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtyTXvkAupjBXT5JFI-jUSFD7lrjzZpxPj9tipMJi1yOu39S-DKE5gpUGK3S6y6fbAs_aQmnJPQSAz6-FO-fE6ZbyvX6XheWtdZPj1Pp-z3lmWjNFAllIgdR_hoNuG6Z1jkD9ZUmHY1nc/s320/Imagens+scaneadas+249.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448218403500559282" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiulD8eFSAMW3ZPcrM2aL_JQNBK7zDk_hjGV_gE4oVnFrmTkZvs7oD1Dwv8blsOXbxk9WPrMfemWm8UufQEu_lWUNul7NrgWv4QSeNqcvb3boASs5pTXdAml7rrXhwJ_qwU3YNXIhrb0MQ/s1600-h/Imagens+scaneadas+250.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 226px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiulD8eFSAMW3ZPcrM2aL_JQNBK7zDk_hjGV_gE4oVnFrmTkZvs7oD1Dwv8blsOXbxk9WPrMfemWm8UufQEu_lWUNul7NrgWv4QSeNqcvb3boASs5pTXdAml7rrXhwJ_qwU3YNXIhrb0MQ/s320/Imagens+scaneadas+250.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448218397172503218" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieq7IFeYqFkOLgwe2kuV-1yfNFhtk2AX4C9vwFLqlGl4Zn-552_-5Q6mNABYaO7-0WEB6ZoxRNnMiRbdMS_ZAglRzt8nwrI1K7xz-B7Z5STF4yRw5ALsSXGzjAMf3SXCf_mB1cBZwi2C4/s1600-h/C%C3%A9sar+M%C3%A3eHolga+Vilmar.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 107px; height: 167px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieq7IFeYqFkOLgwe2kuV-1yfNFhtk2AX4C9vwFLqlGl4Zn-552_-5Q6mNABYaO7-0WEB6ZoxRNnMiRbdMS_ZAglRzt8nwrI1K7xz-B7Z5STF4yRw5ALsSXGzjAMf3SXCf_mB1cBZwi2C4/s320/C%C3%A9sar+M%C3%A3eHolga+Vilmar.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448218392143926274" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJxzrF5AYnY7qPQt-Uxm5c1gidWSIq3f2RjSFjnenAnz_e_yXPGmQw1Mtr75XtEeHzKZ7DWLwOpQGPzCVuP0eN_1selIwOHcnoD-Cieok760OsFkkfdsIMZV2-dd7aJeM_1jVnwqSt1Fg/s1600-h/Silvinho+e+M%C3%A9rcia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 86px; height: 120px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJxzrF5AYnY7qPQt-Uxm5c1gidWSIq3f2RjSFjnenAnz_e_yXPGmQw1Mtr75XtEeHzKZ7DWLwOpQGPzCVuP0eN_1selIwOHcnoD-Cieok760OsFkkfdsIMZV2-dd7aJeM_1jVnwqSt1Fg/s320/Silvinho+e+M%C3%A9rcia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448218392068666978" /></a><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">"Me ame quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso" </span>- Provérbio chinês</blockquote><br /><br />Quando meu pai ressurgiu em minha vida eu tinha uns nove anos. Lembro das brigas com o casal que cuidava de nós. Meu pai os acusava, injustamente, de nos ter ‘roubado’ dele. Na verdade, ele estava interessado mais em mim, para vender doces nas ruas de Niterói, o que acabou acontecendo depois que fui obrigado a voltar a morar com ele. Era uma realidade completamente diferente para mim. Na casa de Mãe Hogla nem sair à rua eu podia! Com meu pai, a rua era onde eu tinha de passar o meu dia e tinha de ficar esperto para não ser enganado na hora do troco ou para evitar perder a mercadoria para os chamados ‘rapa’, como eram chamados os guardas municipais, que reprimiam o comércio clandestino de camelôs! Um dia recolheram minha mercadoria. Pequei uma pedra grande e lancei sobre o vidro do carro dos ‘rapas’ e corri até não poder mais. Ao chegar a casa, ainda levei uma surra do meu pai por ter perdido a mercadoria. Revoltado com a situação fugi e voltei para a casa de Mãe Hogla, que me recebeu com alegria. Mas meu pai voltou lá e me resgatou novamente. Para evitar que eu continuasse fugindo, ele mudou-se para mais longe, Tribobó, em São Gonçalo, município muito carente, vizinho a Niterói, aonde vim a conhecer um pouco mais sobre minha história.<br /><br />Um dia, recebemos a visita de dois irmãos, por parte de pai, a Elmínia, que veio com o filhinho, e o Fernando, acompanhado pela esposa Odite. Para mim, uma surpresa, pois pouco sabia sobre o passado do meu pai, muito menos que eu tinha outros irmãos, Fernando, Elmínia e a Odete. Soube então que o meu pai obrigava a primeira esposa a conviver com minha mãe na mesma casa até o desquite, um ano antes do meu nascimento. Na época, o Fernando tinha 13 anos, a Elmínia 11 e Odete, 5 anos. O pai pagou pensão por algum tempo, mas logo deixou de pagar, e o meu irmão Fernando, com apenas 13 anos teve de trabalhar duro para ajudar a mãe dele a sustentar a família. <br /><br />Mesmo pequeno, pude perceber quanta dor e assuntos mal resolvidos existiam na vida passada do meu pai. Lembro que ele reclamou bastante de mim ao Fernando. Que eu era muito rebelde, fujão e que o enfrentava. O sentimento que tive foi de que ninguém ali gostava de mim, e, claro, nestas condições só reagia no sentido de gostarem menos ainda. <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“Todos têm uma criança alegre dentro de si, mas poucos a deixam viver.”</span> - Augusto Cury</blockquote><br /><br />Logo depois, fugi de novo, de volta para a casa de Mãe Hogla e Papai João Couto. Caminhei descalço por cerca de dez quilômetros, só de calção e sem camisa, debaixo de um sol de verão carioca de mais de 40 graus! Sentia o asfalto mole debaixo dos meus pés, de tão quente! Meu esforço sensibilizou uma das filhas, Mércia, que acabara de se casar com Silvinho e estava de mudança para Macaé (RJ). Decidiram me levar junto. Foi um dos melhores períodos de minha infância! <br /><br />Macaé, nesta época, era uma cidade pequena do interior antes de ser invadida pelo ‘progresso’, com a descoberta do Petróleo na Bacia de Campos. Acompanhei o que o crescimento econômico fez com a pequena cidade. A concentração de renda aprofundou a divisão entre ricos e pobres e criou uma cidade partida, de um lado a miséria e do outro o luxo, com uma classe média entre eles. Recentemente, Macaé foi apontada em pesquisa nacional como uma das mais violentas do Brasil! A explosão demográfica e a especulação imobiliária não mediram esforços na ocupação de margens de rios e lagoas, desmatando e subindo encostas, poluindo as águas com esgoto e o solo com lixo! O que vi acontecer com Macaé serviu-me de referência e reflexão sobre um tipo de ‘progresso’ que mais apropriadamente deveria se chamar ‘retrocesso’, pois costuma deixar atrás de si um rastro de terra ambientalmente arrasada, miséria e exclusão social. Em termos de progresso e qualidade de vida, em minha opinião, a Macaé de hoje é uma pálida imagem da Macaé do passado, embora agora a riqueza seja farta nas mãos de uns poucos. Vi diante de meus olhos o legítimo e necessário consumo para atender nossas necessidades ser transformado num consumismo desperdiçador de recursos, onde TER se tornou mais importante que SER e a felicidade passou a ser confundida com a posse de bens materiais.<br /><br />Apesar das adversidades, considero que fui uma criança feliz, ao meu jeito, pois desde cedo percebi que a felicidade não dependia de eu ter uma mãe presente, ou um pai amoroso, ou brinquedos, ou roupas e calçados da moda, essas coisas que via que as outras crianças tinham, e eu não. Descobri que ninguém tinha a responsabilidade de me fazer feliz, a não ser eu mesmo! <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.”</span> - William Shakespeare</blockquote><br /><br />Como saber se minhas escolhas me conduziriam à felicidade? Como ter certeza de que, ao tentar mudar de uma situação que considero infeliz, não cairia em outra que me traria ainda mais infelicidade? Como ser uma pessoa boa, generosa, num mundo onde o mal parece triunfar mais que o bem? Ao procurar pelas respostas tive de encarar o desafio de viver de verdade e não apenas existir. <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">"A natureza faz do homem um ser natural. A sociedade faz dele um ser social. Somente o homem é capaz de fazer de si um ser livre."</span> - Rudolf Steiner</blockquote><br /><br />Ninguém nasce predestinado a ter uma visão otimista ou pessimista da vida, ou a ser feliz ou infeliz. Somos o resultado de nossas escolhas. Estou falando aqui de situações de normalidade e não de casos de doenças. A depressão, por exemplo, pode influir em nossa maneira de ver o mundo e tomar decisões, por isso merece tratamento. Normalmente, podemos reagir ao que nos acontece, de maneira instintiva, por impulso, de acordo com a nossa natureza, ou de acordo com a nossa cultura ou, ainda, segundo nossas escolhas; mas o fato é que não temos de ser vítimas nem marionetes do destino ou das circunstâncias! <br /><br />Lembro de uma de minhas peraltices na época em que vivi em Macaé. Os funcionários da garagem da Viação Macaense me flagraram brincando de motorista num dos ônibus e naturalmente me retiraram do local. Mas eu era criança e não compreendia ainda certas coisas. Então, voltei escondido e, para me vingar, roubei as chaves dos ônibus, o que provocou um caos na rodoviária e na Viação Macaense. <br /><br />As crianças precisam ser orientadas por seus pais e tutores em suas escolhas, por que ainda não estão prontas. Fazer escolhas de maneira acertada é um aprendizado para a vida toda. À medida que cresce, a criança vai tomando cada vez mais em suas mãos o seu destino, a possibilidade de fazer suas escolhas livremente sem ser tutoradas. Claro que isso depende do acerto de nossas escolhas, pois mesmo na vida adulta, quando escolhemos errado, a sociedade dispõe de mecanismos, como por exemplo, a prisão, para voltar a tutorar nossas escolhas.<br /><br />Naquele dia todo mundo teve o horário atrasado por conta de minha travessura! Silvinho, que tinha o hábito de brincar comigo me jogando para o alto, ao chegar para o almoço, viu as chaves dos ônibus caírem do meu bolso! Imediatamente ele foi à garagem e as devolveu, para o alívio de todos. <br /><br />Em outra oportunidade, fugi à noite para assistir ao espetáculo de um circo que só começava depois das 21 horas. Enfiei-me por debaixo da lona e fiquei deitado, assistindo ao espetáculo, até que senti alguém me puxar pelos pés! Pensei ser o dono do Circo que tinha me descoberto, mas era Silvinho, que tinha conseguido me achar depois de uma longa e preocupante busca pela cidade. <br /><br />Silvinho era uma dessas pessoas especiais, muito trabalhador, sempre risonho, gostava de brincar comigo. Mesmo com todas as confusões que aprontei, nunca foi violento comigo! Quem me castigava era Mércia, sua esposa e minha irmã de criação. Geralmente me proibia de sair, ou de andar de bicicleta, ou me obrigava a varrer o enorme quintal da casa onde morávamos, nada que se comparasse com a brutalidade de meu pai que, por qualquer motivo, me surrava de cinto. <br /> <br />Meu pai continuava pressionando o casal João Couto, agora no Juizado de Menores, por que queria pegar a mim e ao meu irmão de volta, para colocar na venda de doces. O Juiz determinou que voltássemos a morar novamente com meu pai. Desta vez, para que eu não voltasse mais a fugir, ele se mudou para o Rio de Grande Sul. Era o ano de 1968, e fomos morar numa cidade conhecida por Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, onde minha irmã Cléia ficou morando até hoje e onde nasceram seus filhos, minha sobrinha Dini, e meus sobrinhos gêmeos, Rafael e Daniel.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-74582483655462075832010-03-13T11:32:00.000-08:002010-03-13T11:43:57.067-08:00Eu tinha mãe! E era viva!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm2CTutCXOAKMHmIUHNWARv8A078h_BQioxlKws3YYfejxn4R9JuGddZpa7fudOHpdMXWN_CoOB8ndH2SJtpZpP4lxkki_ek4dkX6ydw8ZnMOXxjWJFuNfxv4txViO-QV_XNu88fBhOnA/s1600-h/Siria+e+Daiane+(1992).jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 238px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm2CTutCXOAKMHmIUHNWARv8A078h_BQioxlKws3YYfejxn4R9JuGddZpa7fudOHpdMXWN_CoOB8ndH2SJtpZpP4lxkki_ek4dkX6ydw8ZnMOXxjWJFuNfxv4txViO-QV_XNu88fBhOnA/s320/Siria+e+Daiane+(1992).jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448206488164689042" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3z29h5hiruLXYDoRMba3s-gYZbVkuVJjyP8SsLNuiNoAFnQ1kJW-n5DmZUrOVOFxXb65XzIvO4RJqY5KimkptM-qSoimVrMyLR8hahRsaViqEk1HOZTjisGYsrSCIN-wcl7TeNwJ0dGs/s1600-h/Vilmar,+Cesar+e+Cleia.jpg"><img style="display:block; 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margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 232px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitGt3BflmjG6CRhmSPEXUpAIFLKjKL7j-x6ODoIiCTXmo2IRtkBJWxniJ__GnNPYww3CwlnO87Ak6pZ_t1G8pwG4VJCxUDDJxDktUK3vFKSaFNHz60RzQcQB14jvOtJXMhXTDpsWWuCkQ/s320/Siria+Marina..jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448206475869217346" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3B6K3eTsTNHhvkwtUccySg01LkJaWL4QUemaSzagH4vNqMkVtBh-4xjOHQP3C0Jpz7EcwZtET3i4wbERnW5U349paaNqlTPHkYQlPMxExwNj3E6v5ZjT_woAIqZ9hXC-QgVIcAzNeduA/s1600-h/Minha+m%C3%A3e.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 167px; height: 216px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3B6K3eTsTNHhvkwtUccySg01LkJaWL4QUemaSzagH4vNqMkVtBh-4xjOHQP3C0Jpz7EcwZtET3i4wbERnW5U349paaNqlTPHkYQlPMxExwNj3E6v5ZjT_woAIqZ9hXC-QgVIcAzNeduA/s320/Minha+m%C3%A3e.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448206474150412802" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxy0Ol8TQ0xXrcK05YHWCgxTwXGJrAFsUEvFjteTnERDLfOuzUt0jkjfpOgYPRRUbgIuIbPlmnObh1OTU5T0qoGx1OSckmobF8r9e6ewLEn9oZa_HuPyo4oIicsT0z2aEJ4z7hKmNZV8s/s1600-h/Siria,+Daiane+e+Sheila+Cristina.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 227px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxy0Ol8TQ0xXrcK05YHWCgxTwXGJrAFsUEvFjteTnERDLfOuzUt0jkjfpOgYPRRUbgIuIbPlmnObh1OTU5T0qoGx1OSckmobF8r9e6ewLEn9oZa_HuPyo4oIicsT0z2aEJ4z7hKmNZV8s/s320/Siria,+Daiane+e+Sheila+Cristina.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448205592097626002" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkqI8U97CacV-F0NiobCxCT5TCeld7pNi312tVNVxht969s_6bFy-EPWTPx7GUzpm747i2ctIiqZnTfGmfXaLIfFj0Wdr4bvnlaFnce76DVo7WbosGDDpJNoeAYkNWxvdPVq10cZ8RAjM/s1600-h/Minha+m%C3%A3e.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 138px; height: 183px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkqI8U97CacV-F0NiobCxCT5TCeld7pNi312tVNVxht969s_6bFy-EPWTPx7GUzpm747i2ctIiqZnTfGmfXaLIfFj0Wdr4bvnlaFnce76DVo7WbosGDDpJNoeAYkNWxvdPVq10cZ8RAjM/s320/Minha+m%C3%A3e.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448205590816057890" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivS3eQVg7-iXEKGKu2xMly5qRei1Ut_jjkFulReqNHhDNxwQmpo4sudFAvkheH3IxjelsBy3v7vgbC1hues9FsiwHuDMPfjoCmJPF61KS7PD4LQZ7nno3_3oT0GKeiY3IRESH-LNkNtCs/s1600-h/RS+outubro+2007+164.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivS3eQVg7-iXEKGKu2xMly5qRei1Ut_jjkFulReqNHhDNxwQmpo4sudFAvkheH3IxjelsBy3v7vgbC1hues9FsiwHuDMPfjoCmJPF61KS7PD4LQZ7nno3_3oT0GKeiY3IRESH-LNkNtCs/s320/RS+outubro+2007+164.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448205587078042770" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2ReeBsfmb3iOccQzetCQAApzrRJ7rwC5vHEekAqZGuJV7zPMGs7eZnhhdJE6FMSipdLO1zF_aAxp-BVm31we1ySWU66Dj5qMocYK81YL5n1cKMN6Gs8BqEOxlNsF7geOWdICOY0UZFNg/s1600-h/RS+outubro+2007+193.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2ReeBsfmb3iOccQzetCQAApzrRJ7rwC5vHEekAqZGuJV7zPMGs7eZnhhdJE6FMSipdLO1zF_aAxp-BVm31we1ySWU66Dj5qMocYK81YL5n1cKMN6Gs8BqEOxlNsF7geOWdICOY0UZFNg/s320/RS+outubro+2007+193.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448205580865108642" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKSlsQ4JTNWE2Mlkukw4An2xHVoKTfIpQbF4JiGuNVAZ0ivN0z_gb0r8tncwTx60veHTKpGZggcR7XPTdh9s60G4SYNW41A1dbgeDi5CRnCNHyf0J-p3NIbTxxLvyXZFsBoNy9El_aR_Q/s1600-h/RS+outubro+2007+224.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKSlsQ4JTNWE2Mlkukw4An2xHVoKTfIpQbF4JiGuNVAZ0ivN0z_gb0r8tncwTx60veHTKpGZggcR7XPTdh9s60G4SYNW41A1dbgeDi5CRnCNHyf0J-p3NIbTxxLvyXZFsBoNy9El_aR_Q/s320/RS+outubro+2007+224.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448205572112066978" /></a><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“Não seja escravo do seu passado. Busque novos oceanos, mergulhe fundo, nade para longe da praia. Quando voltar, estará livre de frustrações, carregando um poder que desconhecia. Isso o fará olhar além das montanhas do medo, em direção a um novo presente.” </span>- Ralph W. Emerson</blockquote><br /><br />Um dia, em nossa casa em Alvorada, no Rio Grande do Sul, meu pai ainda era vivo e eu tinha uns 13 anos, apareceu uma mulher baixinha, com uma perna bem mais fina e menor que a outra, assustada com a possibilidade de meu pai voltar enquanto ela estivesse ali. Apresentou-se como minha mãe, que até aquele instante eu imaginava morta! <br /><br />Minha primeira atitude foi de surpresa e depois uma mistura de incredulidade e revolta. Sentia-me enganado não só por meu pai ter mentido o tempo todo, mas também pela minha mãe, que eu julgava não ter nos procurado antes. <br /><br />Sempre que se referia a minha mãe, o pai não poupava críticas. Dizia que não ‘prestava’, que era uma ‘prostituta que tinha tirado da zona’, e outras palavras grosseiras para encerrar de vez o assunto e evitar que continuássemos perguntando. Cresci com a informação de meu pai de que a mãe tinha morrido queimada na fatalidade de um incêndio, provocado por um curto-circuito no armazém que tiveram juntos. <br /><br />Lembro que, na escola, quando criança, era obrigado a fazer trabalhos valendo nota para o ‘Dia das Mães’ e entregava à professora, que assumia o ‘papel de mãe’! Quantas vezes acordei com pesadelos, quando criança, com minha mãe gritando por socorro no meio do fogo!<br /><br />A visita de minha mãe durou pouco, tempo suficiente para ela contar a sua versão da história. Disse que o pai sim é que ‘não prestava’ e que havia nos roubado dela e fugido, depois de tocar fogo no armazém que tinham, na tentativa de receber o seguro. Contou que, mesmo grávida, nos procurou por todo o canto, e que ‘chorou lágrimas de sangue’ (a expressão que usou) a perda de nós três, ficando apenas com estas fotos, que guardava na carteira como lembrança. <br /><br />Ela disse que o pai agiu daquela maneira após retornar de uma viagem de alguns meses a trabalho, e encontrá-la grávida e, pelos cálculos dele, não teria dado tempo para que fosse ele o pai. Sentindo-se traído, a briga foi inevitável e colocou fogo no armazém. Enquanto minha mãe buscava abrigo em outro lugar para se proteger, ele fugiu do Rio Grande do Sul, para Brasília, levando os três filhos pequenos com ele. Essa foi a história que ela contou, entretanto, não confere com os fatos, pois minha irmã, Sheila Cristina, é nascida em Brasília, no mesmo período em que eu e meus irmãos vivíamos lá, apenas com o pai. Teriam meu pai e minha mãe divididos os filhos entre eles? Teriam convivido também em Brasília, onde nasceu a Sheila? Não temos mais como saber. O fato é que meu pai ficou com três filhos, eu, César e Cléia, e a mãe com o Tarcísio e a Sheila. Mais tarde, a mãe teve mais três filhos, de pais diferentes, a Fernanda, que faleceu vítima de atropelamento, aos nove anos, a Daiana e o Luiz Alberto.<br /><br />Minha mãe mostrou então a foto de meu novo irmão, de nome Tarcísio, e que não sabemos o paradeiro, e a Sheila, mais nova que ele.<br /><br />Depois desta rápida visita de minha mãe, nunca mais voltei a vê-la e, apesar de tentar encontrá-la, através de catálogos de telefones, não fazia a menor idéia nem mesmo em que cidade procurar. Talvez por medo que o pai a encontrasse, não deixou nenhum endereço! Depois de um tempo procurando, desisti, por que pensei que se eu não tinha o endereço dela, nem como fazer contato, ela tinha o meu endereço, e faria contato comigo, se quisesse. <br /><br />Soube depois, pelo meu irmão César, que ela retornou ainda umas duas vezes à casa do meu pai, e que eles brigaram. Da primeira vez, minha mãe atirou uma pá contra o pai, e na segunda, uma enxada. Com este grau de animosidade entre eles, realmente, não tínhamos a menor chance de viver numa família estruturada. A tendência foi o afastamento, e a mãe desapareceu novamente. Nesta época, eu não morava mais com o pai, pois estava internado no Juizado de Menores, onde nunca recebi a visita nem de meu pai, nem de minha mãe!<br /><br />Só em 2005, voltei a ter notícias de minha mãe, graças ao Orkut e ao meu irmão mais novo, Luiz Alberto, que vim a conhecer através da internet. Chefe de escoteiros e segurança por profissão, meu irmão Luis Alberto é também um apaixonado pela natureza, como também era meu irmão Fernando, por parte de pai!<br /><br />Soube então que minha mãe havia conseguido mudar o próprio nome trocando o Demamam pelo nome de solteira de sua mãe. Como procurava nos catálogos telefônicos por Síria Marina Demamam, realmente não conseguiria encontrar, pois o nome dela passou a ser Síria Marina Bombardieri.<br /><br />E soube também que uns dois anos antes, ela tinha morrido, vítima de um atropelamento no ponto do ônibus. Chovia muito, e o veículo não conseguiu parar ao derrapar no asfalto molhado. Ironicamente, no mesmo local onde também morreu atropelada minha irmã Fernanda, com apenas 9 anos de idade. Nos seus últimos anos, minha mãe vivia na companhia do meu irmão Luis Alberto, pois as duas filhas Sheila e Daiana já estavam casadas.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-37442725925651942472010-03-12T08:13:00.000-08:002010-03-12T08:22:40.843-08:00Tempo de construir muros em vez de pontes<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwkoO9ZEeYka2_ToLK0-eXI2enZKrDS-Z28FqXfi7LiWs2EAgNRSrbs9KeoQUSmmmr5m-CBcNirEn34-eTYOnDhzSW-V6SSdWVenXkkz0xzWIPSISCdrvTFzZ10vTHzC473KTGxikE43c/s1600-h/RS+outubro+2007+132.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwkoO9ZEeYka2_ToLK0-eXI2enZKrDS-Z28FqXfi7LiWs2EAgNRSrbs9KeoQUSmmmr5m-CBcNirEn34-eTYOnDhzSW-V6SSdWVenXkkz0xzWIPSISCdrvTFzZ10vTHzC473KTGxikE43c/s320/RS+outubro+2007+132.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447783564617755634" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXx3qaf86b7uDPHZ15rvf3AWcLYsy8tXyARR0tL0bSKGaOEq4SPjBuEbYVyR6yV_t2b82Hb_DUB3mWpEDqx8gjPq2SUzzxXkEFDhDC2Q5DuRsAxrweG0wS5EypKy2YXbc5Nm4ya8w9-VI/s1600-h/23102004+124.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXx3qaf86b7uDPHZ15rvf3AWcLYsy8tXyARR0tL0bSKGaOEq4SPjBuEbYVyR6yV_t2b82Hb_DUB3mWpEDqx8gjPq2SUzzxXkEFDhDC2Q5DuRsAxrweG0wS5EypKy2YXbc5Nm4ya8w9-VI/s320/23102004+124.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447782839365473554" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiB9mXyZPNKuNmUh37F782zUWLLSHwKDJlwZlO8AqtErIeHFJYW_RLGAuAOHhE2MbdBIIXzoFSMtIroef5U9u0ONrLsZlZeJyBlYzIEodLLObxMxE95-yOWGIdkKwaI-d71Xy-0HGFE2QM/s1600-h/O+Desafio+do+Mar.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 218px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiB9mXyZPNKuNmUh37F782zUWLLSHwKDJlwZlO8AqtErIeHFJYW_RLGAuAOHhE2MbdBIIXzoFSMtIroef5U9u0ONrLsZlZeJyBlYzIEodLLObxMxE95-yOWGIdkKwaI-d71Xy-0HGFE2QM/s320/O+Desafio+do+Mar.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447782827762782066" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTFS_1j96TafG3rBmKJXgA2P0R9MCr4-npQNDHnj7pPqST7SZPpsVqrI-n7eiJ2bYHLz8Q2t8Jqoi4Ih0BJ8p_gqAlnvK5Q51ZHSZU6YltH2QN3laWHQSXWsnRu4ZvGoBPj8I71mOUbTA/s1600-h/Es+Possible+Ser+Feliz.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 110px; height: 161px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTFS_1j96TafG3rBmKJXgA2P0R9MCr4-npQNDHnj7pPqST7SZPpsVqrI-n7eiJ2bYHLz8Q2t8Jqoi4Ih0BJ8p_gqAlnvK5Q51ZHSZU6YltH2QN3laWHQSXWsnRu4ZvGoBPj8I71mOUbTA/s320/Es+Possible+Ser+Feliz.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447782826300935234" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ56CUEsN3ISIi_nNKwkKJrWI8nNCq_cCxZuE-fR-3CkZ8eehuCfRkJswDqeQi7oQRmriRFuVZNo65pioyV3WX2Kk5zD-0i3FLgkhhFdn3p6h4_JpqVK7n7eYlMyZjHCgU_ZW7uymCLV0/s1600-h/%C3%89+Poss%C3%ADvel+ser+feliz.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 190px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ56CUEsN3ISIi_nNKwkKJrWI8nNCq_cCxZuE-fR-3CkZ8eehuCfRkJswDqeQi7oQRmriRFuVZNo65pioyV3WX2Kk5zD-0i3FLgkhhFdn3p6h4_JpqVK7n7eYlMyZjHCgU_ZW7uymCLV0/s320/%C3%89+Poss%C3%ADvel+ser+feliz.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447782824197793282" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI50tnop9Wqe0Jxk7X1c41iFgEJHQ11Yk7CVwz9Gv0C7GUFRQCRAtFSgBlEOm22zuh4LLV4D_iKOxzBnWvjdsoVgnzYLgvMknB54hCVTDJT-xgjWha3T7GbRS-pzTUF4zAPAcmibwyFE8/s1600-h/meu+pai.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 243px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI50tnop9Wqe0Jxk7X1c41iFgEJHQ11Yk7CVwz9Gv0C7GUFRQCRAtFSgBlEOm22zuh4LLV4D_iKOxzBnWvjdsoVgnzYLgvMknB54hCVTDJT-xgjWha3T7GbRS-pzTUF4zAPAcmibwyFE8/s320/meu+pai.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447782820753302050" /></a><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“Enquanto não tiveres conhecido o inferno, o paraíso não será bastante bom para ti.”</span> (provérbio curdo) </blockquote><br /><br />Os confrontos com meu pai se aprofundaram à medida que eu crescia. Nunca me conformei com sua agressividade e, à medida que fiquei maior, passei a enfrentá-lo. Às vésperas de completar 15 anos, em 1970, durante mais uma das tentativas do pai em me agredir com um cabo de vassoura, eu o enfrentei e tomei a madeira da mão dele e, nisso, ele acabou se machucando, quebrando os óculos e se ferindo. Então, levou-me até a Delegacia de Polícia e disse que não podia mais ficar comigo. Como eu também não queria mais ficar com ele, não achei ruim. Então, o Delegado me encaminhou ao Juizado de Menores e fui levado como se fosse bandido perigoso em camburão da polícia para a antiga FEBEM-RS (Fundação do Bem-Estar do Menor do Rio Grande do Sul), e extinta em 2002, em parte devido à campanha do Jornal Zero Hora que denominava o local de “Casa de Horrores”. Tratava-se de uma “unidade de contenção máxima” para menores, sem distinguir entre infratores e abandonados, na verdade, um presídio para menores, a grande maioria negra e a maioria absoluta pobre, localizado no Morro de Santa Tereza, em Porto Alegre. Meu aniversário de 15 anos foi passado na solitária, aonde voltei no meu aniversário de 51 anos, para rever (foto por Leonardo Berna). <br /><br />Na FEBEM-RS era adotado o regime de confinamento por qualquer motivo, ainda que fútil. A solitária, entretanto, era meu lugar preferido pois recebia livros trazidos pelas assistentes sociais. Lia vários ao mesmo tempo, às vezes na média de um por dia! Não tinha mais que vender sonhos ou me defender de meu pai. E podia relaxar, ao contrário de quando estava no pátio junto com os outros menores, onde precisava ficar alerta para não ser agredido, um estado de estresse permanente. <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“Ler é transcender, é possibilitar, é ir além do nosso por vezes cruel mundo imediato – tantas e tantas vezes nos abrigamos no confronto acolhedor da leitura quando estamos amuados ou pesarosos. Ler é abrir janelas, destramelar portas, enxergar com outros olhares, estabelecer novas conexões, construir pontes que ligam o que somos com o que outros, tantos outros, imaginaram, pensaram, escreveram. Ler é fazer-nos expandidos. Quando falamos de livro e leitura falamos, portanto, de expansões e de potencialidades.”</span> - Gilberto Gil</blockquote><br /><br />As assistentes sociais e psicólogas achavam curioso um menor tão erudito, com uma conversa tão sofisticada e filosófica! Chegavam a vir discutir trabalhos de faculdade comigo! Eu lia de tudo, romance, poesia, mas gostava mesmo era de filosofia, psicologia, sociologia, religião, biografias, enciclopédias e até a Bíblia! Quando um autor citava outro, eu anotava o livro citado e pedia que me trouxessem. O livros eram para mim como os amigos que eu não tinha na prisão! Consegui também que me dessem caderno e caneta e passei a escrever intensamente como uma forma de arrumar e mesmo esvaziar o pensamento, de dialogar comigo mesmo, de me recolher ao meu mundo interior.<br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo.”</span> - Fernando Pessoa</blockquote><br /><br />O tempo que passei na solitária me ensinou a gostar da minha companhia e a ser o meu melhor amigo. Não me sentia sozinho, por que tinha os meus ‘amigos espirituais’, os autores dos muitos livros que lia. Eles me faziam viajar, conhecer outros lugares, outros olhares. Conversava com eles, me inspirava neles. Então, durante um tempo em minha vida preferi construir muros em vez de pontes, para deliberadamente deixar de fora da minha vida um mundo que não era o meu, do qual não me sentia parte. Apesar de meu corpo estar prisioneiro, minha alma era livre! Nesta época, tive acesso a um texto de <span style="font-weight:bold;">William Shakespeare</span> que foi muito importante para mim desde então:<br /><br /><span style="font-style:italic;">Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. <br />E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. <br />E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. <br />E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. <br />E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. <br />E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... <br />E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. <br />Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. <br />Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. <br />Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. <br />E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. <br />E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. <br />Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.<br />Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vemos. <br />Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, e nós somos responsáveis por nós mesmos. <br />Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que se pode ser. <br />Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser e que o tempo é curto. <br />Aprende que não importa onde já chegou, mas aonde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. <br />Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados. <br />Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. <br />Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. <br />Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas, do que quantos aniversários você celebrou.<br />Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. <br />Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. <br />Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. <br />Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.<br />Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar a você mesmo. <br />Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. <br />Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. <br />Você aprende que realmente pode suportar porque realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. <br />E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!<br />Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar... <blockquote></blockquote></span><br /><br />Neste época comecei a escrever, a caneta, intensamente em cadernos uma espécie de diário, registrando meus comentários e reflexões sobre o que estava lendo, como se dialogasse com o autor do livro. Não tinha nenhuma idéia de que aquele conjunto de textos daria origem mais tarde aos meus livros <span style="font-weight:bold;">É Possível Ser Feliz</span> e <span style="font-weight:bold;">O Desafio do Mar.</span> <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“As mais belas vitórias são as que alcançamos sobre nós mesmos”</span>.- Chamfort</blockquote><br /><br />A FEBEM ficava no alto do Morro de Santa Tereza, em Porto Alegre (RS), de onde podia contemplar os pôres-de-sol no Rio Guaíba. A observação destes belíssimos entardeceres me reconfortava a alma! <br /><br />Como o número de funcionários não era suficiente, e também não haviam oficinas de trabalho para todos, muito menos escola, os menores, muitos com assassinatos, roubos a mão armada, tráfico, ficavam à toa, no pátio, ocupando o tempo em evitar serem agredido ou em agredir. Os guardas pouco intervinham e, quando o faziam - talvez por terem de lidar com um grande número de menores sem ter estrutura, talvez por vivermos numa Ditadura Militar, onde a violência substituía o diálogo -, agiam com violência e recolhiam os mais rebeldes para a solitária. <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.” </span>- Bertold Brecht</blockquote><br /><br />Então, deliberadamente eu cometia pequenas infrações para retornar à solitária, o que quase sempre conseguia, mas não sem antes apanhar dos guardas! Aprendi que se deixasse a mão descer junto com a palmatória, ela não doía tanto, mas não funcionava com o Guarda Euzébio, que era especialmente perverso e parecia sentir prazer em bater nos menores. <br /><br />Um dia, no plantão dele, um menor furou a fila do café da manhã bem na minha frente. Sem pensar nas conseqüências, empurrei-o com força e ele caiu no chão. Euzébio viu e quem apanhou fui eu. Com ele não funcionava o macete de abaixar a mão, por que se eu fizesse isso ele batia com o cacetete na cabeça. Jurei que iria matá-lo, mostrando o quanto a raiva pode ser má conselheira e responsável por muitos crimes que poderiam ter sido evitados. <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“Você quer ser feliz por um instante? Vingue-se! Você quer ser feliz para sempre? PERDOE!”</span> – Tertuliano</blockquote><br /><br />Por exemplo, ao sofrer uma injustiça, podemos escolher nos vingar ou perdoar, e isso fará toda a diferença. Claro, não significa que devemos conviver com as injustiças, pois, segundo <span style="font-weight:bold;">Martin Luther King,</span> <span style="font-style:italic;">“perdoar não significa ignorar o que foi feito ou colar uma etiqueta falsa sobre um mau ato. Significa, antes, que esse ato mau cesse de ser obstáculo às relações”</span>. <br /><br />Anos depois encontrei o Guarda Euzébio por um acaso, passeando no Parque da Redenção, onde teria a chance de atacá-lo e fugir, e escolhi não fazer nada. A raiva tinha passado. Descobri então que nem sempre o que eu desejava podia ser bom para mim, e agradeci por não ter sido atendido naquele momento!<br /><br />Quando meu pai também entregou meu irmão César na Delegacia e ele foi parar na FEBEM onde eu já estava, consegui protege-lo. Passei a ser procurado por menores que me pediam proteção e queriam fazer parte do meu ‘bando’! Outros me procuravam para trocar drogas por roupa ou dinheiro, mas eu não tinha nem uma coisa nem outra e recusava o uso de drogas. Os poucos anos que vivi com aquela família de Mãe Hogla e Papai João Couto me deram os valores morais para recusar até mesmo o uso de cigarro ou álcool, que dirá drogas pesadas como as que circulavam livremente entre os menores na FEBEM!<br /><br />Todos os domingos eram dias de visita. Mesmo os piores bandidos recebiam a visita geralmente da mãe, ou de irmãos, ou outros parentes que traziam doces, sanduíches, cigarro, dinheiro. Quando terminavam as visitas, e os menores voltavam com as sacolas cheias de doces, sanduíches, cigarros, roupas e calçados novos, e até dinheiro, eu ficava por perto, e sempre ganhava alguma coisa me aproveitando da lógica do bando, ao sugerir que se me dessem alguma coisa eu os protegeria.<br /><br />Eu nunca recebi a visita de ninguém! Até a visita do meu pai seria bem vinda, mas ele nunca foi me visitar! Muito menos a minha mãe, que tinha conhecimento da situação, pois enquanto estive preso, fez novas visitas à casa onde moravam meus irmãos César e Cléia, e naturalmente ficou sabendo onde eu estava.<br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“No início, os filhos amam os pais. Depois de um certo tempo, passam a julgá-los. Raramente ou quase nunca os perdoam.”</span> - Oscar Wilde</blockquote><br /><br />Depois que tive meus próprios filhos, perdoei meu pai. Compreendi que ele deu a mim o que podia dar e imagino que sua infância também deve ter sida dura, pois aparentemente reproduziu com os filhos o que provavelmente fizeram com ele. <br /><br />Meu pai morreu aos 75 anos de idade de ataque cardíaco fulminante, e depois de passar cinco anos do final de sua vida lutando com um câncer provocado pela nicotina. Perdeu as cordas vocais e um pulmão, e ainda assim seguiu fumando pelo buraco que os médicos deixaram em sua laringe para que respirasse. Não o vi mais, desde aquele dia que me deixou na Delegacia de Polícia.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-52909957773285258362010-03-12T08:08:00.000-08:002010-03-12T08:13:19.249-08:00Violência<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGXnTPS0jyeTrsPxGWzfZUnGQaqxYEmLRjr01HOAfYxHyMiCEnblwyu1zercnqKdzuMTuM0Z2VJ3JeAQ5X1A7O-heRXNIP8UoQRfZT8ZOxvvhaAH0hKudCpnKxpXCa_Bgo4dAL50jKoHw/s1600-h/23102004+122.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGXnTPS0jyeTrsPxGWzfZUnGQaqxYEmLRjr01HOAfYxHyMiCEnblwyu1zercnqKdzuMTuM0Z2VJ3JeAQ5X1A7O-heRXNIP8UoQRfZT8ZOxvvhaAH0hKudCpnKxpXCa_Bgo4dAL50jKoHw/s320/23102004+122.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447780995876566002" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-vyrNsIfGgFCrqTSUduawChwjKHzkpq7SE0e0IKHP0ZTWSuBpk49V52jRCXtDudRzSEjAKQdzRSPXwcYG6FUM117jPmzWHj5Deo2tyuhAUQEqz2bFI6exc3uEy2yxr-OkEKeLDmeEigI/s1600-h/23102004+123.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-vyrNsIfGgFCrqTSUduawChwjKHzkpq7SE0e0IKHP0ZTWSuBpk49V52jRCXtDudRzSEjAKQdzRSPXwcYG6FUM117jPmzWHj5Deo2tyuhAUQEqz2bFI6exc3uEy2yxr-OkEKeLDmeEigI/s320/23102004+123.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447780991265153010" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihADNbLMhW-crKM3wxkLffO2LD-LEZ99lYP-UYiaqrYoDA_12eFccFSE4zhSPglKADyBcRhPMigCjAKA9n9w8CIlYpTIM-VsvqY5GJX4JCtAcFyzyrIyW0R2L3jScwQUSLZ1piJf0PuhU/s1600-h/23102004+117.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihADNbLMhW-crKM3wxkLffO2LD-LEZ99lYP-UYiaqrYoDA_12eFccFSE4zhSPglKADyBcRhPMigCjAKA9n9w8CIlYpTIM-VsvqY5GJX4JCtAcFyzyrIyW0R2L3jScwQUSLZ1piJf0PuhU/s320/23102004+117.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447780984804275506" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrz1N3S1plU2F3Gl_3ms39R0LNGdOhyphenhyphen-cLkUyKB4HLyhY_VuReTIUkoA0IVv8VLdugLzxjuUQjK757HZFBfh_irem9kRe-tfPowPih3aHlQ7hYwPGJiogc6VWos9dQHclBu5oUbDwyP5E/s1600-h/23102004+094.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrz1N3S1plU2F3Gl_3ms39R0LNGdOhyphenhyphen-cLkUyKB4HLyhY_VuReTIUkoA0IVv8VLdugLzxjuUQjK757HZFBfh_irem9kRe-tfPowPih3aHlQ7hYwPGJiogc6VWos9dQHclBu5oUbDwyP5E/s320/23102004+094.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447780983083666770" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWgWP7ZdNs3bMPzCSiqZ4Ln9cLowQFk6uxP7bbfu9rRKdUrki47hm-mSvPT0vX7jT3TXRnYEaASruguuo4uhNnWfqbkCnpfOtF3-6COVCAGbMNcHUtUFdpxDPuolAV9cfP8DZ-KvOpGu0/s1600-h/23102004+093.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWgWP7ZdNs3bMPzCSiqZ4Ln9cLowQFk6uxP7bbfu9rRKdUrki47hm-mSvPT0vX7jT3TXRnYEaASruguuo4uhNnWfqbkCnpfOtF3-6COVCAGbMNcHUtUFdpxDPuolAV9cfP8DZ-KvOpGu0/s320/23102004+093.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447780969361562818" /></a><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">"Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.</span> " - Gandhi</blockquote><br /><br />Li uma história, não lembro mais o autor, e que foi muito inspiradora para que eu compreendesse que o mal não era a ausência do bem, mas uma escolha consciente ou inconsciente. Um dia perguntaram a um sábio como ele lidava com os seus conflitos internos e respondeu que dentro dele existiam dois cachorros, um muito mau, uma fera, e outro muito bom e gentil e que ambos viviam brigando entre si. Quanto perguntaram quem ganhava a briga ele respondeu, aquele que eu alimentar. O problema nessa história é que de uma certa forma procura inocentar o tomador de decisão, como se as maldades fossem resultado de uma terceira pessoa, ou no caso, do cão feroz, ou do diabo! <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador.”</span> - Confúcio</blockquote><br /><br />Lembro do ‘Maníaco do Parque’ que após matar dezenas de moças e finalmente ser pego, afirmou candidamente que ‘na hora, me deu uma coisa que não sei o que foi, acho que eu estava incorporado do demônio’. Uma tentativa em justificar-se perante si próprio ou para pessoas a quem não gostaria de ter magoado, de que no fundo é uma boa pessoa e não pode ser responsabilizado pelas escolhas e decisões erradas que tomou, por que foi ‘influenciado pelo demônio’. Conversa fiada! Não existem nem deuses nem demônios, nem cãos mansos ou ferozes dentro de nós! O que existe somos nós, e nossa capacidade de escolher fazer o bem ou o mal.<br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">"No Oriente, uma pessoa virtuosa não é aquela que busca concretizar a tarefa impossível de lutar pelo bem e eliminar o mal, mas, sim, aquela que se mostra capaz de manter um equilíbrio dinâmico entre o bem e o mal".</span> - Fritjof Capra</blockquote><br /><br />Na FEBEM, as circunstâncias que me foram impostas me obrigavam a escolher ser feroz em vez de ser manso, ou seria mais um a engrossar as estatísticas dos menores vítimas da violência dos demais. A tensão era permanente entre eles, principalmente no pátio, onde viviam de certa forma como cães de briga, rosnando uns para os outros, ou tramando crimes para quando fugissem dali. A própria Polícia Militar, em relatório reservado, afirmava tratar-se de um “berçário de formação de quadrilhas”. Procurava me manter longe dessas brigas e tensões e escolhi ficar independente. Entretanto, na lógica deles, não havia lugar para independentes. Ou você era ‘vencedor’ e se juntava a ‘vencedores’, ou você era ‘perdedor’ e seria abusado sexualmente e massacrado pelos mais fortes. Com Thomas Fuller aprendi que seria “loucura para o carneiro promover uma conferência de paz com o lobo.” Para me defender eu tinha de brigar e por isso vivia sendo ‘castigado’ com a solitária, o que na lógica dos menores me dava um certo status de forte, valente, vencedor e não de frágil ou perdedor. O pátio tinha o tamanho de um campo de futebol onde aglomeravam-se cerca de 300 menores que se ‘organizavam’ em bandos e sempre seguiam um líder. O equilíbrio de forças entre os bandos era quebrado uma vez ou outra por brigas entre eles, para ajustar as forças. <br /><br />O mal tinha muitos nomes, um deles era indiferença. Alimentava o mal ao escolher não intervir quando via um menor mais fraco sofrendo crueldade por parte de outros. Existe um provérbio árabe que diz que quando queremos fazer alguma coisa, sempre arranjamos um jeito de fazer e, quando não queremos, sempe arranjamos uma desculpa. A minha desculpa para não agir era considerar que aquele não era um problema meu, que existiam guardas para cuidar do assunto e que cada um tinha de saber se virar, e virava as costas ao problema. Entretanto, a minha covardia passou a me incomodar por que para me manter indiferente eu também tinha de me tornar uma pessoa fria e insensível diante do sofrimento alheio. Então, mesmo correndo riscos, passei a defender outros menores. Certa vez, durante o banho, enfrentei dois menores mais fortes que eu que tentavam abusar sexualmente de uma criança, que devia ter uns 8 ou 9 anos de idade. Acabei apanhando por que é muito difícil lutar nu e com o corpo molhado. O barulho atraiu a atenção dos guardas que interviram rapidamente, e assim consegui escapar, claro, sendo levado para a solitária por mais trinta dias. A criança escapou, pelo menos desta vez. E ganhei a inimizade dos dois, principalmente por que foram descobertos, e passaram a me acusar de ser um ‘caguete na sugesta’, ou seja, eu não caguetava diretamente, mas, ao passar a intervir, gerava barulho e criava confusão que atraia a atenção dos guardas. Felizmente, a acusação não teve maiores conseqüências, mas poderia ter tido, pois imperava entre os menores a Lei do Silêncio onde você podia fazer ou ser vítima de qualquer violência ou barbaridade, só não podia cometer o imperdoável erro de delatar, seja por que motivo fosse, ou a pena poderia ser até a morte! Existia uma ala na FEBEM chamada de ‘seguro’, só para estes menores ameaçados!<br /> <br />As assistentes sociais e psicólogas não conseguiam compreender como um menor podia ser tão inteligente e erudito num momento, e tão ‘desajustado’ e violento em outro. Lembro de outra briga com um menor cujo apelido era Carnaval, um líder respeitado por todos e bem mais forte que eu. Não lembro mais o motivo da briga, mas lembro das conseqüências. Por sorte, um de meus socos o atingiu no supercílio e ele desmaiou. O soco foi tão forte que quebrei a mão! Os guardas me recolheram novamente à solitária e minha mão teve de curar sozinha. Depois disso, passei a ser respeitado entre os menores. Carnaval jurou que me mataria na primeira oportunidade, e eu passei a evitá-lo. O fato é que nunca mais ele me enfrentou e também nunca mais o vi depois que saí da FEBEM. <br /><br />Hoje, quando vejo pessoas de bem flagradas cometendo crimes, como religiosos envolvidos com pedofilia, policiais e políticos envolvidos com corrupção, e mesmo pessoas comuns, pacíficas a vida inteira, mas que explodem de uma hora para a outra cometendo crimes às vezes bárbaros que resultam na morte de um motorista que os tenha fechado no trânsito, por exemplo, lembro da história do cachorro bom e do cachorro mal. Somos pessoas de bem, honestas, solidárias, pacíficas, gentis, por que alimentamos escolhas do bem, mas não devemos nunca descuidar pois dentro de nós existe a capacidade de também escolher o mal. Ninguém está a salvo, nem o mais santo dos religiosos, nem o mais honesto dos policiais ou a mais alta autoridade. E este mal tem nome e seu nome é ‘legião’ pois são muitos! É a indiferença, a frieza, a ganância, o egoísmo, a falta de gentileza, a arrogância, a covardia, a preguiça, a gula, a hipocrisia, a mentira, etc. Minha passagem pela FEBEM me permitiu aprender esta lição e não me iludo mais achando que se escolher sempre o bem afastarei de mim a possibilidade de escolher o mal. Minha capacidade de escolher o mal pode estar enfraquecida por que não a alimento mais e por que cultivo valores do bem, mas é uma capacidade em potencial, faminta por minha atenção e por minhas escolhas, e o preço de eu permanecer seguro no caminho das boas escolhas é a permanente vigilância e a busca da clareza sobre minhas alternativas e possibilidades, meus sonhos e propósitos, jamais cometendo o erro de deixar que minhas decisões me ‘carreguem’, ou escolher não escolher, por que aí outros estarão escolhendo em meu lugar, mas os ônus dessas escolhas recairão sobre mim!Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-64484414357982233342010-03-12T07:58:00.000-08:002010-03-12T08:07:05.463-08:00‘33’<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXcC1Y2et9kHijarH-R8AfwPdovDGbHRD-ZtJ1-vnVILBiRGSOQD9HFMHZQGjOIWG1wiyC2-andbFQsZq4usptN5KNIQf744fW9hTbAS2Q_zKsJx7qqILcswkpgf9agvTXJx8jQYpz3Dc/s1600-h/23102004+132.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXcC1Y2et9kHijarH-R8AfwPdovDGbHRD-ZtJ1-vnVILBiRGSOQD9HFMHZQGjOIWG1wiyC2-andbFQsZq4usptN5KNIQf744fW9hTbAS2Q_zKsJx7qqILcswkpgf9agvTXJx8jQYpz3Dc/s320/23102004+132.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447778970223573106" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwbzHT5nVVBHGhWBs2L_0Pi5NZfxxjYbJtbn6A8uscfXQ0RHIkeWMdRmog0oXbUEDCwr17lGF-a3hBrKue5R57gcrgD6Qj8j5HlXqZ8rDanpuuzUIya06usTR5-iB8R16p8PnktwIEupQ/s1600-h/Par%C3%A1bola+da+Felicidade.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 236px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwbzHT5nVVBHGhWBs2L_0Pi5NZfxxjYbJtbn6A8uscfXQ0RHIkeWMdRmog0oXbUEDCwr17lGF-a3hBrKue5R57gcrgD6Qj8j5HlXqZ8rDanpuuzUIya06usTR5-iB8R16p8PnktwIEupQ/s320/Par%C3%A1bola+da+Felicidade.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447778965222481042" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUJPFn3B2K7EQcgVvRCUbwLCVXoxLHWYzyLS3KP-nC0SrmtO5nhLOjSgeF0HpOZypxkBhcqWKFe6F7yE8eqp0ygpum0nKPydVpYhwP52u9avwgZ4XdqwWWEs60ikXzvKmoplT9V3wZklQ/s1600-h/Vilmar+interpreta+O+Pequeno+Pr%C3%ADncipe.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 156px; height: 105px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUJPFn3B2K7EQcgVvRCUbwLCVXoxLHWYzyLS3KP-nC0SrmtO5nhLOjSgeF0HpOZypxkBhcqWKFe6F7yE8eqp0ygpum0nKPydVpYhwP52u9avwgZ4XdqwWWEs60ikXzvKmoplT9V3wZklQ/s320/Vilmar+interpreta+O+Pequeno+Pr%C3%ADncipe.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447778959915956834" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii6DvO-QJggsPWJfFVQG8NUCQtOfYPntUYd8_h2FIsq5yDyAaOfK68l1mpdeYi15xYnzkCWyOa84sAmxFq4OL4BObXDoMXLYiBL2qf_KudfS5hc48EWgJFlqkprlnYDeu_YYZN3vxDB6M/s1600-h/Imagens+scaneadas+217.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 314px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii6DvO-QJggsPWJfFVQG8NUCQtOfYPntUYd8_h2FIsq5yDyAaOfK68l1mpdeYi15xYnzkCWyOa84sAmxFq4OL4BObXDoMXLYiBL2qf_KudfS5hc48EWgJFlqkprlnYDeu_YYZN3vxDB6M/s320/Imagens+scaneadas+217.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447778956109627634" /></a><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“O presente não devolve o troco do passado, sofrimento não é amargura, tristeza não é pecado, lugar de ser feliz não é o supermercado”</span> - Zeca Baleiro</blockquote><br /><br />Por volta dos dezessete anos, fui transferido para o Novo Lar de Menores, em Viamão (RS), uma instituição mantida por Padres católicos para menores carentes e infratores. Não queria ser transferido, a não ser que meu irmão fosse junto, o que me prometeram fazer logo em seguida, pois dependiam de vaga. <br /><br />Ganhei o número 33, que aparecia nas roupas, armário, cama. Meu próprio nome passou a ser 33! No início, me rebelei contra isso, e fazia de conta que não ouvia enquanto não me chamassem pelo meu nome. Com o tempo, acabei me acostumando a ser 33. Aprendi o ofício de tipógrafo e revisor gráfico, por que já lia muito bem e tinha facilidade em descobrir erros nos textos. Alguns meses depois, meu irmão César se juntou a mim, e também consegui que ficasse na gráfica, comigo. César especializou-se em impressão gráfica, e até hoje vive da profissão, com a ajuda de sua família, a esposa Cláudia e meus sobrinhos Bruno e Júnior! A gráfica que fundou em Macaé, a Sulimpress, já passou dos 30 anos de existência!<br /><br />A árvore, na entrada do Novo Lar de Menores, em Viamão (RS), faz parte da história do meu livro “Parábola da Felicidade”, onde coloco na história de quatro personagens mitos que fazem as pessoas correrem às tontas atrás da felicidade, como dinheiro, fama, beleza, amor. Neste livro, conto sobre quatro jovens que queriam ser felizes e sobre um momento mágico que permitiu que encontrassem o que desejavam, até que descobriram que a felicidade não dependia em nada daquilo que buscavam por que ela sempre esteve ali mesmo, ao alcance da mão. Esta árvore inspirou-me quando precisei pensar em alguma coisa mágica para ilustrar minha história.<br /><br />Alguns meses antes de completar dezoito anos, fui transferido para uma Casa Lar, em Porto Alegre, e passei a trabalhar como Office-boy no Motel Clube dos Militares. Na semana em que ia completar 18 anos, e ser desligado do Juizado de Menores, encontrei por acaso na rua um grupo de antigos ex-internos da FEBEM que planejavam assaltar um banco! Convidaram-me para participar, sob diversos argumentos, primeiro o de demonstrar coragem, e o segundo da certeza da impunidade, pois já tinham tudo arranjado e até contavam com a cumplicidade de um dos seguranças do próprio banco. Ou seja, argumentavam que seria fácil entrar na madrugada pelo esgoto e sair com dinheiro suficiente para fazermos o que quiséssemos da vida! Pedi a eles um dia para pensar e nunca mais os procurei. Poderia ter cedido, seja pela perspectiva do ganho financeiro ou para demonstrar ‘coragem’! Lembrei do que <span style="font-weight:bold;">Ghandi</span> disse, que<span style="font-style:italic;"> “é preferível mil vezes afrontar o mundo estando de acordo com a sua consciência a afrontar a sua consciência para ser agradável ao mundo. Tudo está bem com você, mesmo que tudo pareça estar completamente errado, se tem paz interior. Inversamente, tudo está errado com você, mesmo que exteriormente tudo pareça estar bem, se não está em paz com sua consciência”</span>. Percebi que não poderia continuar vivendo no Rio Grande do Sul, pois corria o risco de continuar esbarrando com estes antigos ex-internos, agora já adultos e que escolheram permanecer no caminho do crime, e até acabar sendo confundido com eles, caso estivessem sendo vigiados! Quanto ao dinheiro que poderia ganhar, não me encheu os olhos, como não me enche até hoje. Lembro das palavras de <span style="font-weight:bold;">George Horace Lorimer</span> de que <span style="font-style:italic;">“é bom ter dinheiro e as coisas que o dinheiro pode comprar. Mas é bom também verificar de vez em quando se não estamos perdendo as coisas que o dinheiro não pode comprar.</span>” De maneira alguma poderia perder novamente a minha liberdade!<br /><br />Nesta época, descobri o poema Instantes, de <span style="font-weight:bold;">Jorge Luiz Borges</span>, que foi decisivo naquele momento de minha vida, para saber o de fato merecia ser valorizado: <br /><br /><span style="font-style:italic;">“Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima, trataria de cometer mais erros. <br />Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. <br />Seria mais tolo ainda do que tenho sido; na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. <br />Seria menos higiênico.<br /> Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, mais rios. <br />Iria a mais lugares aonde nunca fui, tomaria mais sorvetes e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. <br />Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida; claro que tive momentos de alegria, mas, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos; não percas o agora.<br /> Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve.<br /> Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.<br /> Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente. <br />Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.”<blockquote></blockquote></span> <br /><br />Não tive nenhuma dúvida, principalmente após ler em <span style="font-weight:bold;">Disraelli</span> que <span style="font-style:italic;">a vida é muito curta para ser pequena</span>. Pedi demissão do emprego e, com o dinheiro da rescisão, comprei a passagem e voltei de ônibus para Niterói.<br /><br />Ao chegar, busquei abrigo com a família de Mãe Hogla e Papai João Couto, e cheguei a morar com eles por alguns meses. Receberam-me com alegria, como sempre. Conseguiram com o Pastor Alberto Lessa, da Igreja Batista de Neves, uma vaga à noite na escola da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), em São Gonçalo, no bairro Pita, para que eu concluísse o antigo primeiro grau. Na escola, logo passei a me destacar em várias atividades extraclasse. Fundei o jornal ‘O Corujão’, onde eu era repórter, redator, editor, impressor (em mimeógrafo) e distribuidor. <br /><br />Esta experiência estimulou-me a ingressar no jornalismo, colaborando como voluntário, e escrevendo sobre democracia, cidadania e comunicação, desde 1976, no Jornal “A Palavra” do Jornalista Tácito Tani que em seguida, convidou-me a compor a chapa que disputou a eleição para o Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio de Janeiro, onde fiz parte da Diretoria por três legislaturas, um cargo voluntário, não remunerado. Fundei, no sindicato, o primeiro núcleo de repórteres fotográficos e o primeiro núcleo de jornalismo ambiental no Estado do Rio de Janeiro e ajudei na moralização do quadro de associados.<br /><br />Também ingressei no grupo de teatro da Escola, que era coordenado pela Professora Sônia, onde interpretei o papel principal de O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, Juca Mulato, de Menotti Del Picchia, e Vida e Morte Severina, de João Cabral de Melo Neto. <br /><br />Durante o dia, procurava emprego, mas ninguém queria contratar um jovem que ainda dependia de cumprir o serviço militar. Luis, marido de Marísia, uma das filhas do casal João Couto, conseguiu-me um estágio remunerado como auxiliar de modelador de calçados numa fábrica, em São Gonçalo (RJ), onde chequei a desenhar alguns modelos. Entretanto, para o desgosto do Luis, que se empenhara para me conseguir aquele lugar, não me adaptei ao barulho ensurdecedor das máquinas de lixar couro, ao cheiro forte das tintas, ao calor insuportável das telhas de amianto, à poeira constante no ar do couro lixado, e acabei deixando o estágio. Esta minha decisão deixou a família irritada comigo, como se eu fosse malandro e não quisesse trabalhar. <br /><br />Além disso, a casa era pequena, e a família grande, e por mais boa vontade que tivessem comigo, e tinham, eu já não era mais aquele garotinho que eles conheceram no passado. Cabeludo, parecendo um hippie, com idéias próprias, e, agora que pedira demissão, também malandro...<br /><br />Como estava cada vez mais próximo do dia de me apresentar para cumprir o Serviço Militar obrigatório, via uma oportunidade de ter moradia, alimento e ainda um soldo. Então, decidi deixar a casa, pois sentia que estava importunando a família. Disse a eles que iria acampar, atividade que adorava fazer. Arrumei minhas poucas coisas na mochila, me despedi de todos, e nunca mais voltei. <br /><br />Por uns tempos, dormi nas ruas mesmo, em carros abandonados. Pedia dinheiro dizendo que era para procurar emprego, mas era para comer mesmo. Por isso, hoje, quando sou abordado por pedintes, ajudo sempre, assim como me ajudaram um dia também, e nem por isso virei mendigo. <br /><br />Consegui então um emprego de guardador de automóveis na antiga CODERTE e por uns dois meses trabalhei na Avenida Amaral Peixoto, a principal de Niterói. Com o pouco dinheiro que ganhava, aluguei uma cama numa pensão para rapazes, e comprei uma bicicleta por que não tinha dinheiro para pagar a passagem. Mas ficava pouco tempo nos empregos, pois não conseguia me ajustar a ser guardador de carros ou office boy.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-41944865441796250412010-03-12T07:52:00.000-08:002010-03-12T07:57:26.120-08:00Confundido com terrorista<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixhPPi-ZIxgEG_2giXXbplDxhKLCcloYWqPxQEfKbTtRcB5zRF8AqToQ1aXHtCcJQJakOP7GYRt93lkhIohpqAWoSMzkMQtH5kxFUDxGGhFeUrzH2QKhseS3gXHYFlHp1cUv2VoOWRdc8/s1600-h/Vilmar+no+quartel.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 96px; height: 143px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixhPPi-ZIxgEG_2giXXbplDxhKLCcloYWqPxQEfKbTtRcB5zRF8AqToQ1aXHtCcJQJakOP7GYRt93lkhIohpqAWoSMzkMQtH5kxFUDxGGhFeUrzH2QKhseS3gXHYFlHp1cUv2VoOWRdc8/s320/Vilmar+no+quartel.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447776733496916146" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgceBQ9_t_85NuAfjwAVV02k-ysSqkS-4xwOCHqTQJDaEiPIUk_gRaayGRujeOHnPiUctmx69-m5T8hJA1YLtui9ZVIgEe1EWaXaGbMK5_5QiFeEI-S1NxJXazueh_A2hyphenhyphenHxD8tOzY2ucY/s1600-h/Imagens+scaneadas+208.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 257px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgceBQ9_t_85NuAfjwAVV02k-ysSqkS-4xwOCHqTQJDaEiPIUk_gRaayGRujeOHnPiUctmx69-m5T8hJA1YLtui9ZVIgEe1EWaXaGbMK5_5QiFeEI-S1NxJXazueh_A2hyphenhyphenHxD8tOzY2ucY/s320/Imagens+scaneadas+208.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447776726797315730" /></a><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">"Viver é correr risco."</span> - Stephane Peter Hansel</blockquote><br /><br />Como não tinha onde morar, ingressar no serviço militar parecia-me uma boa opção, pois ganharia casa, comida, roupa. Hoje, isso seria impossível. Atualmente, o Exército tem iniciado o expediente às segundas-feiras, a partir das 13 horas e encerra às 18 horas, sem refeições, e não tem ‘rancho’ na sexta, sábado e domingo! O jornalista Alexandre Garcia denunciou o fato que desde os anos 80 as forças armadas vêm sendo sucateadas, enquanto muitos vizinhos se armam e alerta que a melhor maneira de derrotar um exército, sem precisar dar um tiro, é cortar-lhe os suprimentos. “Saladino derrotou assim os cruzados cristãos; a Rússia derrotou Napoleão e Hitler porque faltaram suprimentos aos invasores. Nas Malvinas, os ingleses cortaram os suprimentos da ilha.” <br /><br />Eu tinha a possibilidade de ficar como sobra de contingente e não servir, pois um professor na escola onde estudei era sargento naquela unidade e estava na hora do meu recrutamento. Ele sugeriu me dispensar, mas, meio constrangido, disse que preferia servir, e fui classificado como voluntário. Ele não conhecia a minha história e dificuldades, e ficou sem entender a minha decisão e eu tinha vergonha de dizer a ele que era por que não tinha onde morar, não tinha emprego, e passava fome... Assim, passei a morar no Quartel do 30º Grupo de Artilharia, no Barreto, em Niterói (RJ), onde fui designado para o setor de comunicações, na Bateria de Comando. Era conhecido como ‘percevejo’, alusivo aqueles alfinetes que ficam grudados no quadro verde.<br /><br />Como desenhava muito bem, o Comandante deu-me a missão de desenhar a logomarca do Batalhão nas guaritas do Quartel, o que fiz com capricho, por que era a chance de não me darem outras tarefas, assim, procurei demorar-me ao máximo desenhando e pintando a granada símbolo da artilharia em cada guarita externa.<br /><br />Servi em 1975. Apesar de certo abrandamento da censura à imprensa, neste ano ocorreram inúmeras prisões de cidadãos considerados ‘subversivos’. O jornalista Vladimir Herzog foi morto neste ano, sob tortura, nas dependências do DOI-CODI de São Paulo. No Quartel, os instrutores faziam uma verdadeira lavagem cerebral nos jovens recrutas alertando sobre os perigos dos ‘inimigos da democracia’, os subversivos e terroristas, a necessidade de sermos firmes e patriotas para defender o Brasil dos comunistas! Diziam-nos para desconfiar até de velhinhas e crianças, de mães chorosas por seus filhos, pois todos podiam estar sendo ‘massa de manobra’ de terroristas! <br /><br />Durante uma madrugada de domingo, eu dormia, sozinho no alojamento, quando fui acordado pelo próprio Comandante de minha unidade! Aquilo não era comum, entretanto, a regra era de que ‘soldado no quartel quer serviço’, então, à primeira vista, achei que era alguma tarefa que iriam me dar. Levantei meio assustado, lavei o rosto rapidamente e vesti a farda e me apresentei. Ao comparecer ao gabinete, um susto. O conteúdo do meu armário, os livros que eu lia e minhas anotações sobre trechos que destacava, estava empilhado na mesa do comandante. <br /><br />Ele foi direto ao ponto, perguntou se eu era comunista, e o que aqueles livros de comunistas estavam fazendo em meu armário! Nervoso, tentei explicar que os livros não eram meus, mas pertenciam à Biblioteca Pública Estadual e, por serem livros de empréstimo a qualquer um, achei que não tinha nada de mais em também pedir emprestado. E como não tinha onde morar, o único jeito era trazer para o quartel e guardar em meu armário! Sobre os motivos, expliquei que gostava muito de ler e que fiquei curioso sobre o que motivava os comunistas, com que tipo de gente estaríamos lidando! Disse que queria saber como pensava o ‘inimigo’ para poder combatê-lo melhor.<br /><br />O Comandante então começou a ler alguns de meus comentários em voz alta para mostrar que minha justificativa podia ser falsa, pois não eram comentários de quem analisa um ‘inimigo’, mas de quem, quer ou busca se associar ao ‘inimigo’. Entre os livros, o Comandante leu um trecho que transcrevi para um papel:<br /> <br />“Com o predomínio sempre crescente da população urbana, acumulada em grandes centros, a produção capitalista concentra, por um lado, a força motriz histórica da sociedade, mas, por outro, dificulta o intercâmbio entre o ser humano e a natureza, isto é, o regresso à terra dos elementos do solo gastos pelo homem na forma de meios de alimentação e vestuário, ou seja, perturba a eterna condição natural de uma fecundidade duradoura da terra”. – Marx, O Capital<br /><br />O Comandante me disse que eu estava preso, a partir daquele momento, e fui recolhido à prisão no próprio Quartel. Curioso isso, enquanto alguns livros me libertavam, outros me prendiam! O Comandante disse que eu deveria aguardar preso pela decisão do Comando Maior! Imaginei que seria torturado e poderia mesmo ser assassinado, como aconteceu com Herzog, e temi pelo meu futuro! Lembrava também do líder guerrilheiro Carlos Lamarca, dirigente da extinta Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), um ex-capitão que desertou do Exército para abraçar as causas revolucionárias, e acabou morto, uns quatro anos antes, metralhado após ser caçado no sertão nordestino.<br /><br />Não sei o aconteceu, que decisão tomaram, mas o fato é que logo depois me deixaram sair da prisão e fiquei ainda algum tempo, com a sensação de estar sendo vigiado, e logo veio a primeira baixa, na qual fui incluído. Senti-me aliviado. Entretanto, durante algum tempo ainda fiquei com a sensação de estar sendo seguido. E tenho quase certeza de que realmente fui seguido, pois conhecia os militares do serviço secreto do Exército, que trabalhavam infiltrados dentro dos movimentos sociais naquela época, e os vi duas ou três vezes por perto de mim, e aquilo não devia ser coincidência. Talvez não tivessem acreditado em mim, e achavam que mais cedo ou mais tarde eu os levaria ao meu ‘grupo de terroristas’! Depois de um tempo, acho que desistiram de mim, e passei a viver a minha vida sem medo de ser preso e torturado a qualquer instante.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-59873040819546753882010-03-12T07:24:00.000-08:002010-03-12T07:27:21.410-08:00Encontros e desencontrosTodo mundo aceita naturalmente que a matemática, por exemplo, de tão importante, deve ser aprendida na escola, com livros e cadernos sobre o assunto. Mas e o amor? Também é muito importante, mas ninguém nos ensina! Será que é porque acham que já nascemos sabendo amar? Se o amor é uma arte, como toda arte, ele exige teoria e prática. Em meus relacionamentos, aprendi sobre o amor que ele é importante para criar uma espécie de ponte entre diferentes personalidades. Para seduzir e manter o outro a quem amamos, precisamos aperfeiçoar o que há de melhor em nós, e não se consegue isso através da auto-anulação, mas do aperfeiçoamento de nossa própria individualidade. <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">"A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você" </span>- Ralph Waldo Emerson</blockquote><br /><br />Também aprendi que não existe uma ‘pessoa certa para amar’. Sam Keen escreveu que <span style="font-style:italic;">"passamos a amar não quando encontramos uma pessoa perfeita, mas quando aprendemos a ver perfeitamente uma pessoa imperfeita"</span>. Príncipes encantados só existem em novelas e contos de fadas. Não existem seres humanos perfeitos. Assim como existem defeitos e virtudes em nós, também existem no outro a quem amamos. A fase de namoro, da paixão, permite-nos descobrir afinidades que farão valer a pena amar, investir no estabelecimento de vínculos permanentes, eterno enquanto dure, como escreveu nosso poeta Vinícius de Moraes. <br /><br />Na fase de namoro, o jogo da sedução faz com que nos esforcemos para revelar ao outro o que temos de melhor em nós, mas é a convivência do dia-a-dia que nos irá revelar por inteiro. Não é possível representarmos um papel o tempo todo, só mostrando ao outro um lado de nós que julgamos mais bonito e melhor. Na fase da sedução exageramos nossos atributos, como um farol que lança luz sobre nossas virtudes e deixa os defeitos nas sombras. Neste sentido, o amor nos motiva, nos impulsiona a querer ser o melhor que pudermos. Por isso, amar é, sem dúvida, uma das experiências mais ricas que um ser humano pode ter. <br /><br />Dificilmente nos apaixonamos pelos defeitos dos outros. Precisamos de sonho, de idealização, pois a realidade pode não ser suficientemente atraente e ao buscarmos um relacionamento queremos ser felizes, queremos viver uma situação que é diferente da situação real em que vivemos. Sem o romantismo, que idealiza o ser amado, talvez não tenhamos a energia e a disposição necessárias para romper com a inércia e então preferimos ficar sozinhos. Entretanto, romantismo demais pode atrapalhar, por exemplo, quando a pessoa idealiza com tão grande imaginação que se descola da realidade. Pessoas assim acabam se apaixonando pela idéia que fazem do outro e não pela pessoa de verdade. E é bem comum se decepcionarem quando, na convivência do dia-a-dia, se confrontam com o ser real. Pessoas românticas em excesso acham que o problema está nos outros, que não conseguem corresponder às suas idealizações.<br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“O amor começa quando uma pessoa se sente só e termina quando uma pessoa deseja estar só.”</span> - Léon Tolstoi</blockquote><br /><br />Alguns defendem que o amor não acaba, mas se transforma, na melhor das hipóteses, em amizade, respeito, consideração, gratidão, amizade, ternura, afeto e, na pior, em indiferença, ódio, tédio, vazio, etc. Outros defendem que o amor acaba sim, como <span style="font-weight:bold;">Felipe Machado</span>, por que a vida é assim mesmo, imperfeita:<br /><br /><span style="font-style:italic;">“Ao contrário do que dizem os poetas, amor acaba, sim. Não há nada de romântico nisso, apenas uma verdade pragmática e palpável. Quando o amor acaba, o monstro que estava escondido debaixo do tapete da sala acorda e domina rapidamente o apartamento. Frases que nunca deveriam ter sido sequer pensadas são pronunciadas com a determinação dos carrascos. Não se pode atravessar uma ponte que foi queimada; com as palavras acontece a mesma coisa. Agora os dois se olham e sabem que não têm mais o que fazer. Dentro deles há uma dor contínua, uma tristeza que sai pelos olhos. Os dois corações estão vazios, porque no lugar daquele amor todo agora não existe nada. E a vida segue assim, imperfeita.” <blockquote></blockquote></span><br /><br />Entretanto, saber quando o amor acaba, ou se transforma em outra coisa, boa ou má, nunca é muito fácil, por que não é de uma hora para outra. O relacionamento começa a balançar entre bons e maus momentos, até que os maus momentos superam os bons, e aí os sinais vão ficando cada vez mais claros. Fica mais difícil ainda quando o amor acaba, se transforma, ou diminui para um, e o mesmo não ocorre com o outro. <br />Um dos sinais de que as coisas mudaram é quando não nos interessamos mais nem em contar sobre as novidades, e o que aconteceu em nosso dia a dia, e também não sentimos mais vontade em saber do outro, as novidades da vida dele. É um indicador de que você perdeu a vontade de compartilhar com o outro a sua vida, e que também não está mais interessado na vida do outro. <br /><br />Outro sinal é quando a diversão acaba, e nem mesmo o lugar onde se está, que pode ser maravilhoso, é capaz de mudar a situação! Você não sente mais prazer em estar do lado do outro, não sente vontade de rir, de relaxar, se irrita por qualquer coisa, inicia ou dá força a brigas sem sentidos, que só servirão para afastar ainda mais o casal. <br /><br />O sexo, geralmente confundido com amor, é usado como termômetro no relacionamento do casal, mas não deveria, pois sexo é uma necessidade física que pode continuar existindo mesmo depois que o relacionamento amoroso já acabou ou se transformou em outros sentimentos. Diferente de compartilhar com outro sua vida e experiências, uma necessidade espiritual. O sexo é importante num relacionamento amoroso e reforça os laços de intimidade e cumplicidade, mas não se deve exagerar o seu papel, pois diversos fatores podem influenciar na diminuição da libido que não necessariamente a falta de amor. Um simples estresse pode acabar com a vontade de fazer sexo, mesmo quando o casal está numa fase apaixonada! Por outro lado, existem pessoas que tem o sexo como vício, ou como profissão, é nem um caso nem o outro são indicativos de amor! <br /><br />É deprimente e melancólico perceber que uma pessoa que você amou, com a qual conviveu e compartilhou tantos momentos, viagens, experiências, a criação dos filhos, já não o ama mais, ou que você já não a ama mais como antes. Você se sente impotente para mudar as coisas, por que não tem como mudar um sentimento. Amor, assim como a felicidade, não é algo que se compra na farmácia ou na prateleira do supermercado. Trata-se de um sentimento, e a gente não manda nos sentimentos. Podemos mudar a maneira de perceber as coisas, mudar a rotina, mudar as atitudes, mudar as palavras, mas se não houver mais amor, talvez seja tudo esforço inútil que apenas prolongará o sofrimento. <br /><br />Se a primeira dificuldade é saber quando o amor acaba ou se transforma, a segunda é saber como acabar o relacionamento e, a terceira, é como superar o fim do relacionamento! <span style="font-weight:bold;">Francesco Petrarca</span> afirma que “<span style="font-style:italic;">as duas cartas de amor mais difíceis de escrever são a primeira e a última.</span>” E <span style="font-weight:bold;">William Shakespeare</span> alerta que “<span style="font-style:italic;">guardar rancor é como beber veneno e ficar esperando que o outro morra”</span>! <br /><br />Hoje, procuro dar mais espaço para as minhas emoções sem precisar explicar tudo o que sinto, a não ser quando os sentimentos exigem uma explicação, pois o outro não tem de ser adivinho. Vivo um dia de cada vez, sem ansiedade pelo futuro que não domino nem sei como vai ser ou culpa por um passado que não posso mais mudar. Muito menos me sinto tão comprometido com o outro a ponto de valorizar mais os sentimentos do outro que os meus próprios sentimentos. Exercito diariamente ser mais flexível com o outro, pois são pessoas diferentes e o que deve importar não é o quanto um ou o outro tem razão, como se amar fosse uma competição para ver quem ganha, mas o quanto podemos ser felizes juntos. E, quando tenho de dizer o que o incomoda no outro, faço no momento oportuno e sempre com ternura e palavras mansas, pois o objetivo não é ter razão, mas manter a felicidade da relação. Confio na capacidade do outro em se proteger emocionalmente até mesmo de mim, afinal, quando um não quer dois não brigam - nem se amam. É um erro me fechar para novas possibilidades e insistir numa relação onde se esgotaram as chances de felicidade conjunta. Não me sinto tão responsável quando um relacionamento não dá certo, pois ninguém é obrigado a gostar de ninguém, e existem tantos nãos no mundo quantos sins. <br /><span style="font-style:italic;">“Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém... Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim... E ter paciência para que a vida faça o resto...”</span> - <span style="font-weight:bold;">William Shakespeare</span><br />Entretanto, não existem pessoas perfeitas, relacionamentos perfeitos, família perfeita, muito menos as pessoas têm de ser como imaginamos ou queremos que sejam, e perdoá-las é uma forma de aproveitar o melhor delas e até reforçar laços de afeto, mesmo quando pensam ou agem diferente do que gostaríamos que agissem. Novamente lembro <span style="font-weight:bold;">William Shakespeare</span>: <br /><br /><blockquote><span style="font-style:italic;">“Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso... Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos... Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. “</span></blockquote><br /><br />“<span style="font-style:italic;">Gentileza gera gentileza</span>”, escrevia pelos muros da cidade do Rio de Janeiro o Profeta Gentileza, um ‘maluco beleza’ dos tempos em que eu morava em São Gonçalo e trabalhava no Rio de Janeiro. Pela janela do ônibus era comum vê-lo pintando os muros! A mensagem é verdadeira, mas a visão é ingênua ao achar que a gentileza será capaz de tornar o mundo melhor! Lembro de políticos velhacos e corruptos que no Parlamento tratam-se uns aos outros com a maior gentileza, vossa excelência para cá e para lá, mas que na verdade são lobos em pele de cordeiro! Os estelionatários também usam da gentileza, da amizade, da beleza, da inteligência para nos conquistar e se aproximar de nós, para nos fim nos trair com seus golpes. Quando uma pessoa folgada e interesseira entra em nossa vida, por mais que você ame e seja generoso, isso não a transformará numa pessoa melhor, necessariamente. Pode torná-la ainda mais mesquinha e gananciosa. E quando você tentar se livrar ou exigir mudança vai descobrir o quanto uma pessoa assim pode ser manipuladora, pode explorar seus sentimentos de generosidade a ponto de fazê-lo se sentir culpado por cobrar mudanças, ou pode despertar um carrasco! Lembro dos inúmeros crimes passionais e também dos tristes casos de filhos e filhas que matam os pais e avós por que querem receber mais e mais! Em outubro de 2002, a estudante Suzane von Richthofen chocou o país ao confessar o assassinato dos pais enquanto eles dormiam em casa, no bairro do Brooklin, Zona Sul de São Paulo. O motivo do crime seria uma suposta oposição deles ao namoro de Suzane com Daniel Cravinhos, também envolvido nas mortes. Na mesma época, outro crime bárbaro perpetrado por um jovem de 17 anos que confessou ter matado a mãe estrangulada, afirmando que o crime ocorrera após uma discussão. Casos de violência extrema como esses mobilizam a sociedade não somente por sua natureza, mas também por refletir um desgaste nos relacionamentos familiares. Esta violência não aconteceu de uma hora para outra. Uma educação e sociedade permissivas, que cultivam o individualismo, o consumismo, a indiferença como valores, geram pessoas sem valor, sem personalidade, que acham que o mundo é como as novelas, que o padrão de vida não pode cair quando se tenta entrar no mercado de trabalho ou constituir família. O filho da família ou de uma sociedade permissiva não sabe como lidar com frustrações nem está acostumado à dificuldade e ao esforço, base da educação do caráter. O nível de violência nas ruas será menor à medida que cresça na sociedade o respeito mútuo - e este se aprende em família, com pais conscientes de que sua verdadeira missão no mundo é formar o caráter dos filhos. Claro, educar e pôr limites, exercer autoridade, dá trabalho, requer dedicação, exige de nós, por isso é um ato de amor e de doação, que nem todos os pais ou adultos estão dispostos a ter pelas crianças e jovens sob sua responsabilidade. Crescendo abandonados quase que à própria sorte, dependendo de babás despreparadas e da televisão como babá eletrônica, ou de esperança que a escola vá dar conta da tarefa de educar, não me surpreende o grau de violência e de infelicidade, e de depressão de nossa sociedade! <br /><br /> <blockquote><span style="font-style:italic;">“O desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade”.</span> - Carlos Drummond de Andrade</blockquote><br /><br />Tem gente que escolhe não amar para não sofrer, então prefere viver só, ou entra nas relações amorosas com um pé atrás, geralmente em função de decepções do passado. E depois se surpreende por que ‘nunca dá certo’! O medo paralisa, mas a vida é risco! <span style="font-style:italic;">“A vida é maravilhosa se não se tem medo dela</span>” disse <span style="font-weight:bold;">Charles Chaplin</span>. Não tenho medo de correr riscos ou de sofrer. Entretanto, também não sou mais tão ingênuo e assim que percebo algum folgado tentando se aproveitar de mim, não tenho a menor dificuldade em estabelecer claramente os limites! É uma forma de protegê-las delas mesmas para que não façam estragos que venham a se lamentar mais tarde, por que ninguém que parasita outra consegue ser feliz muito menos fazer o outro feliz e não estarei ajudando as pessoas a escolherem por si próprias e serem pessoas autônomas, uteis a si próprias e à sociedade, permitindo que me parasitem de alguma maneira!Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-6778700696404383562010-03-12T07:20:00.000-08:002011-02-15T15:14:25.201-08:00Educando para fazer boas escolhas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPOIFJZxLPT7HZXHf_Fo6B6V9p_L_EiLzWHF-cnIzOlpnlYUuWJRbc-clEypJG1VpYh0pnWmB5wWH7rhH1lZRCma3rCxAD4wU5J_IJESXPQUggupC8gahVV2iGusmf8yyCwZx5Wr5oVQs/s1600-h/O+Desafio+de+Escolher.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 238px; height: 319px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPOIFJZxLPT7HZXHf_Fo6B6V9p_L_EiLzWHF-cnIzOlpnlYUuWJRbc-clEypJG1VpYh0pnWmB5wWH7rhH1lZRCma3rCxAD4wU5J_IJESXPQUggupC8gahVV2iGusmf8yyCwZx5Wr5oVQs/s320/O+Desafio+de+Escolher.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447768339340467026" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii6L84WZy-yBw0VKjsBnmi0T5RDAdDvh4vJS3xaveBGgORFFhJBJUfTEO6vuO2V5owXXkZfDsKdQANk0umR5s0hjArx_xhuuWWmb9u663iFP92AEgOIChem-nU5BGh37jJmH9v5RGtrR0/s1600-h/Vilmar+e+seus+filhos+Gustavo+e+Leonardo.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 222px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii6L84WZy-yBw0VKjsBnmi0T5RDAdDvh4vJS3xaveBGgORFFhJBJUfTEO6vuO2V5owXXkZfDsKdQANk0umR5s0hjArx_xhuuWWmb9u663iFP92AEgOIChem-nU5BGh37jJmH9v5RGtrR0/s320/Vilmar+e+seus+filhos+Gustavo+e+Leonardo.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447768332102053266" /></a><br />
<blockquote><span style="font-style:italic;">“Os vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da Vida que anseia por si mesma. Eles vêm através de vós mas não de vós. E embora estejam convosco não vos pertencem. Podeis dar-lhes o vosso amor mas não os vossos pensamentos, pois eles têm os seus próprios pensamentos. Podeis abrigar os seus corpos mas não as suas almas. Pois as suas almas vivem na casa do amanhã, que vós não podereis visitar, nem em sonhos. Podereis tentar ser como eles, mas não tenteis torná-los como vós. Pois a vida não anda para trás nem se detém no ontem. Vós sois os arcos de onde os vossos filhos, quais flechas vivas, serão lançados. O arqueiro vê o sinal no caminho do infinito e Ele com o Seu poder faz com que as Suas flechas partam rápidas e cheguem longe. Que a vossa inflexão na mão do Arqueiro seja para a alegria; Pois assim como Ele ama a flecha que voa, Também ama o arco que se mantém estável.”</span> - Gibran Khalil Gibran (O Profeta)</blockquote><br />
Educar filhos não é uma tarefa fácil. Fomos educados numa época que rapidamente deixou de existir, e pela geração de nossos pais e avós, que, por sua vez viveram numa época ainda mais diferente do que foi a nossa! Ainda assim, temos de enfrentar o desafio de sensibilizar nossos filhos a serem cidadãos independentes, capazes de saber fazer escolhas entre as diversas opções e caminhos que a vida nos oferece, sabendo suportar os ônus e os bônus de suas escolhas. E como demoramos a dominar essas capacidades – se é que as dominamos inteiramente! <br />
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Não criamos os filhos para nós, mas para o mundo, bom ou mau, onde terão de viver. Logo, nosso papel como pais não é pretender transformar os filhos numa extensão de nós mesmos, de nossos sonhos não realizados, como se os filhos, ao crescerem, tivessem de serem os adultos que não conseguimos ser, em outras palavras, tivessem de seguir as escolhas que fizemos por eles. Não é impedindo que nossos filhos façam escolhas, ou escolhendo a vida inteira o que é melhor para eles, ou assumindo as responsabilidades ou os ônus das decisões deles - que os ajudaremos a crescer. Não devemos assumir para nós, mesmo que consigamos suportar, os fardos de outras pessoas, muito menos de nossos filhos, pois cada um deve ser capaz de assumir os riscos e os perigos dessa vida, responsabilizando-se pelos seus atos e escolhas, caso contrário, só irão gerar mais sofrimento inútil e não irá adquirir o necessário aprendizado moral que forja os bons seres humanos.<br />
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As crianças de hoje, ao chegarem à alfabetização, já assistiram uma infinidade de horas de televisão, centenas de imagens de assassinatos e violências, horas e horas de propaganda estimulando o consumismo. O acesso das crianças a toda essa tecnologia e estímulos de consumo, faz com que os problemas do mundo contemporâneo cheguem até elas na forma de imagens e texto, muito antes que estejam prontas para compreender e processar tantas mudanças e transformações. Por isso, sempre nos preocupamos em dosar o tempo de nossos filhos na frente da televisão, e em ler e oferecer bons livros para eles. <br />
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À medida que nossa sociedade se torna mais complexa e competitiva, crescem as exigências para formar adequadamente uma pessoa, tanto em termos de tempo quanto de recursos financeiros. Se no passado bastava garantir aos filhos uma boa formação educacional para que o acesso ao mercado de trabalho estivesse assegurado, hoje isso não é mais suficiente. E os pais ainda têm de ter a habilidade de lidar com as frustrações profissionais dos filhos procurando manter-lhes a auto-estima e entusiasmo depois de formados, diante do desemprego ou subemprego.<br />
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“Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” é um método ‘educacional’, infelizmente, ainda usado até hoje. Isso tem produzido mais adultos hipócritas que um mundo mais justo, pacífico e ecológico poderia suportar. A mentira não é mais convincente que a verdade, e esta é uma lição para ser ensinada através do exemplo, pois os jovens costumam observar muito mais os exemplos que as palavras. Quantas vezes os adultos falam uma coisa e praticam outra! Sem coerência o discurso perde a eficácia. Um exemplo disso é quando os mesmos pais que proíbem os filhos de ir a uma festa com os amigos, por medo que venham a usar drogas, pedem que os filhos comprem cigarros ou cerveja no mercado da esquina. E com que moral um adulto, que possui amante, pode aconselhar seus filhos a serem fiéis em seus relacionamentos? As pessoas mentem, às vezes, achando que a verdade pode magoar o outro. Ou então mentem para fantasiar a realidade e criar uma imagem de si próprias que preencha a expectativa dos outros a seu respeito. As pessoas não percebem que a mentira magoa mais que a verdade. Na hora, a verdade pode doer até mais, porém mantém a confiança no outro. Já a mentira, ao ser descoberta, além da mágoa vem também a falta de confiança, que é difícil restabelecer depois, como um vaso de cristal que, uma vez quebrado, você pode colar de novo, mas as emendas permanecerão visíveis, como um alerta para tomar cuidado!<br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente." </span>- Soren Kierkegaard</blockquote><br />
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A herança genética e a herança cultural que recebemos ao longo da vida, as pessoas com quem nos relacionamos, os livros e autores que lemos, todos exercem influência sobre nós, direta ou indiretamente, com maior ou menor intensidade. Entretanto, ninguém vive a vida em nosso lugar! Para Nietzsche, “<span style="font-style:italic;">o espírito de um ser humano se constrói a partir de suas escolhas...</span>” Conscientes ou inconscientes, somos o resultado de nossas escolhas! Quanto mais capazes estivermos de fazer escolhas conscientes, menos vulneráveis estaremos a sermos escravos ou mesmo vítimas de nossos instintos ou das circunstâncias à nossa volta. Ernani Fornari afirma que “viver consciente disso desenvolve nosso discernimento e nossa responsabilidade para com a vida, com as pessoas e com nossas atitudes.” <br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">"Existir é mudar, mudar é amadurecer, amadurecer é criar a si próprio infinitamente".</span> - Henri Bergson</blockquote><br />
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Não existem escolas para nos ensinar a amar e ser amado, a ser feliz e fazer os outros felizes, a ser democrático, generoso, solidário, justo, sustentável... Estas lições estão no mundo, mas teremos de aprender. Às vezes aprendemos por simples observação dos erros e acertos alheios, às vezes precisamos vivenciar esses erros e acertos para aprender, e, existem situações, que se repetem em nossa vida, revelando que tem vezes que não aprendemos nem com os próprios erros, logo, tenderemos a repeti-los! <br />
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Ao vermos uma criança, um jovem, temos a ilusão de estar diante de um sujeito completo. Nada mais falso. O que vemos diante de nós é apenas a casca. A personalidade, o caráter, os sentimentos, os valores, a espiritualidade, estão fora do alcance de nossas vistas. Muitas vezes os adultos cobram das crianças ou adolescentes comportamentos de ‘gente grande’, como se fossem pessoas completas, amadurecidas, como se estivessem prontas, quando, no entanto, ainda estão se construindo.<br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">“A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final”.</span> - Luís Fernando Veríssimo</blockquote><br />
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Educar a nova geração para a autonomia é um processo de educação também dos educadores, pois ao mesmo tempo em que precisamos nos esforçar em dar o melhor de nós, também precisamos nos educar para abrir mão do nosso poder de fazer escolhas por eles. Claro que essa transferência se dará à medida que a nova geração comprove ser capaz de escolher adequadamente entre as diversas alternativas, e demonstre capacidade em assumir os ônus de suas escolhas. <br />
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Escrevi o livro “O Desafio de Escolher” como forma de contribuir para que as pessoas possam refletir sobre suas escolhas e o papel que elas representam em nossas vidas.<br />
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Quando nascemos, até por volta da pré-adolescência, nossa capacidade de fazer escolhas adequadamente é praticamente nula. Não nascemos sabendo escolher o que é melhor para nós. Por isso, se os pais deixarem a decisão por conta da criança, ela pode preferir comer só doces em vez de legumes, feijão, arroz, dormir e brincar em vez de ir à escola etc. É uma fase em que os pais precisam tomar decisões pelas crianças, ao mesmo tempo em que devem aproveitar as oportunidades de mostrar às crianças como fazer escolhas adequadas, mostrando-lhes as suas conseqüências, para que adquiram as habilidades necessárias para fazerem suas próprias escolhas. <br />
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Na adolescência, o papel dos pais e educadores é muito importante na vida dos jovens que precisam testar seus limites e capacidade de escolhas, sem que sejam punidos injustamente ou exageradamente como a sociedade normalmente faz com os jovens infratores. É no ambiente familiar que os adolescentes poderão fazer experiências com seus pais e adultos mais próximos a fim de testar suas habilidades e saber quando estarão prontos para o mundo adulto, e não existe outra forma de testar limites a não ser ultrapassando-os, tendo de aprender também a lidar com as perdas, com as frustrações, com os ônus das decisões quando elas saem errado. Os pais são os primeiros adultos com os quais esses futuros adultos deveriam poder dialogar, trocar idéias, e mesmo enfrentar sem medo de serem rechaçados ou punidos injustamente. Neste aspecto, os conflitos entre pais e filhos não precisam ser um mal em si, se houver a compreensão de que os jovens em crescimento estão lutando para tomar suas vidas e destinos em suas mãos, embora não estejam ainda preparados para isso.<br />
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Cada um tem o seu momento próprio para migrar de autonomia nenhuma para autonomia cada vez maior de escolher o que é melhor para ele, assumindo os riscos dessas escolhas e os conseqüentes ônus e bônus. Entretanto, é natural que, tanto os pais quanto os próprios filhos sintam medo diante das incertezas desse mundo. Os pais se perguntam: “será que meus filhos estão preparados para fazer as escolhas certas? Estarão prontos para constituir uma nova família e educar adequadamente seus próprios filhos?” Tanto para os pais quanto para os filhos é difícil decidir entre a segurança de viver sob a guarda – e a tutela das escolhas - dos pais, e a liberdade de viver – e escolher a própria vida e destino – que o mundo oferece aos filhos já crescidos.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-31917227473929988142010-03-12T07:18:00.001-08:002010-03-12T07:19:47.753-08:00Sexo e adolescência<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXQPo4fOQ0Ryz4LrsFoTbFWV7rW5QnR2ChTYifRtAHmMFP2iqjOrbgkwpSsOBbM8OgtGKAPrJ72jsApqFqg7pM1cZh-N2CRDw2AMJcBRIli55ZDAEELp2NXOMh6Snk2R_QCJZR5e57ybo/s1600-h/IMG_0010.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXQPo4fOQ0Ryz4LrsFoTbFWV7rW5QnR2ChTYifRtAHmMFP2iqjOrbgkwpSsOBbM8OgtGKAPrJ72jsApqFqg7pM1cZh-N2CRDw2AMJcBRIli55ZDAEELp2NXOMh6Snk2R_QCJZR5e57ybo/s320/IMG_0010.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447767363641835154" /></a><br />Nossa sociedade se esforça para ensinar sobre os perigos do sexo e sobre métodos contraceptivos, mas se esforça bem pouco para ensinar a amar, como construir uma relação afetiva com o outro. Biologicamente, por volta dos 12 anos uma pessoa já está pronta para gerar filhos, pois na natureza, quanto mais rápido houver a procriação, melhor, para garantir a perpetuidade da espécie. Entretanto, do ponto de vista cultural, as pessoas só podem ser consideradas maduras para terem filhos quando são capazes de sustentar uma família, o que hoje, com a vida difícil como anda, vai demorar bastante. O campo de batalha para o conflito entre natureza e cultura são os corpos e as mentes dos adolescentes, cheios de hormônios, prontos para o sexo, mas limitados e vigiados pelos adultos, que são os guardiões involuntários dessa necessidade cultural. Os jovens se revoltam, juram que quando tiverem seus próprios filhos irão agir de maneira diferente, mas acabam reproduzindo novamente o mesmo ciclo.<br /><br />Os pais vêem os namoros desse tempo como uma ameaça à formação dos jovens – e não estão errados. Um adolescente não reúne condições financeiras nem emocionais para educar uma nova vida. É comum haver o início de um período de desentendimentos e incompreensões de parte a parte, seja por se tornarem os pais insistentes em seus alertas, ou seja, mesmo, por proibir encontros em determinados locais, na tentativa de impedir certas ‘facilidades’, ou mesmo proibir simplesmente o relacionamento. A escolha por não engravidar deve ser dos adolescentes e não de seus pais, pois não terão como vigiar os filhos adolescentes o tempo todo! Os pais devem ser capazes de sensibilizar seus filhos à compreensão do que significaria para eles, e mesmo para os futuros netos, uma gravidez indesejada ou simplesmente prematura.<br /><br />Os jovens, por sua vez, sentem-se incompreendidos. “Como meus pais são capazes de dizer que me amam e se preocupam comigo, se não percebem como é fundamental meu amor por outra pessoa?” E as paixões no início da vida podem ser avassaladoras e dominar de tal forma o coração, a mente e os corpos dos jovens, que não sobra tempo para fazer mais nada direito, como se a vida só fosse possível juntos um do outro. “Se meus pais me limitam e me proíbem, é porque não percebem o quanto esse amor é importante para mim, então não me amam nem se preocupam comigo de verdade, ou me deixariam em paz para viver meu amor!” <br /><br />Uma gravidez fora de hora fatalmente irá prejudicar a formação dos filhos, pois terão de assumir mais esta responsabilidade e ainda precisarão de habilidade para lidar com as frustrações e feridas emocionais que resultam de desilusões amorosas, quando um dos parceiros resolve não assumir a responsabilidade pelo novo filho. E nem sempre a gravidez é indesejada ou resulta de uma ‘camisinha furada’, pois pode ser uma escolha equivocada, mas consciente, de um dos jovens ou do casal de apaixonados, na esperança de que um bebê vá consolidar os laços amorosos, ou mesmo que o bebê irá contribuir para a formação de uma nova família, em outro lugar, longe da influência dos pais. Se os pais recusarem apoiar os filhos nesse momento delicado, estarão abandonando também os netos - que não têm responsabilidade ou culpa pelas decisões dos jovens pais.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-47522031687755050002010-03-12T06:54:00.000-08:002011-02-15T15:15:38.238-08:00Filhos melhores para o mundo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiULWLWBfdda5xzWmvtzTZ-C2TmxsADa2fabknVUDvmxNnLurMAkF0XD_vxyXwi6yncb70Bf_JJ5pJdVObVN-BLPv35C0locrxapiPrwVQ7-n9JbrQ9NC3B-ws8WeGlzD7wMdjlJv-hRU/s1600-h/Leo+e+Gustavo+plantando.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 90px; height: 118px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiULWLWBfdda5xzWmvtzTZ-C2TmxsADa2fabknVUDvmxNnLurMAkF0XD_vxyXwi6yncb70Bf_JJ5pJdVObVN-BLPv35C0locrxapiPrwVQ7-n9JbrQ9NC3B-ws8WeGlzD7wMdjlJv-hRU/s320/Leo+e+Gustavo+plantando.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447766711632509778" /></a><br />
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<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfVxeqgGdw9bhjQVlv3_I6auVEirRF1oOB94FVHbA67A54r8tZtf8blTROlLv7g97vCQIDvWKpA7MbVdnCJtfjcP3nPam4nOFJ3pkGD3QBL7jd8L6WBqBtY2u-eeCE22i5zXvCQ3l5aDs/s1600-h/OgAAAHLA9u7e5VcxqTA0tnmtBJidCkgb3qN4ZrfxCAYY9V-Uq3HP01VMYOnEW9NbYXLRoH6fPmtdlA9wVpVVUAFaTrYAm1T1UJqwhr0K2LuD3nv_q3DIxSqIfdq_.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 232px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfVxeqgGdw9bhjQVlv3_I6auVEirRF1oOB94FVHbA67A54r8tZtf8blTROlLv7g97vCQIDvWKpA7MbVdnCJtfjcP3nPam4nOFJ3pkGD3QBL7jd8L6WBqBtY2u-eeCE22i5zXvCQ3l5aDs/s320/OgAAAHLA9u7e5VcxqTA0tnmtBJidCkgb3qN4ZrfxCAYY9V-Uq3HP01VMYOnEW9NbYXLRoH6fPmtdlA9wVpVVUAFaTrYAm1T1UJqwhr0K2LuD3nv_q3DIxSqIfdq_.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447766699146449698" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin8fhYrOuscEqTAaE2tf8uki1kqNYKS9SxNzTVj95Pnjv19LiAzhbkfOLsH0qg9Gq-I13GK38EQ0zHSIEKIAw9mu_pokF9st3ISub74uSDfkTWahHxInjynecL1K-H4NJVidmefACyVjk/s1600-h/Imagens+Leonardo+062.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin8fhYrOuscEqTAaE2tf8uki1kqNYKS9SxNzTVj95Pnjv19LiAzhbkfOLsH0qg9Gq-I13GK38EQ0zHSIEKIAw9mu_pokF9st3ISub74uSDfkTWahHxInjynecL1K-H4NJVidmefACyVjk/s320/Imagens+Leonardo+062.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447766697760027346" /></a><br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">“Não existimos apenas para nós, e só começamos a amar-nos de verdade, e portanto a amar a outros, quando estamos plenamente convencidos deste fato.”</span> - Thomas Merton, Homem algum é uma ilha </blockquote><br />
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Geralmente os pais desejam que o mundo seja melhor para seus filhos, mas nem sempre pensam em criar filhos melhores para o mundo. <br />
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Fotos:<br />
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(1) Leonardo (com o regador nas mãos), ajudado pelo Gustavo, de camiseta branca, plantam árvores no Batalhão Florestal, em São Gonçalo (RJ), durante uma manifestação ecológica da UNIVERDE.<br />
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(2) Décadas depois, foi a vez dos meus netos, filhos do Gustavo, Lucas (de chuteiras com cadarço vermelho) e Íris (de calça clara) também fazerem a sua parte, no Dia Mundial do Meio Ambiente, durante evento de doação de mudas de árvores.<br />
<br />
(3) Gustavo formou-se biólogo, pós-graduou-se em meio ambiente na COPPE/UFRJ, tem especialização em resíduos sólidos, e está fazendo mestrado na UFF. Seguiu minha carreira de ambientalista e acabou tornando-se coordenador na Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, mesmo cargo que ocupei por vários anos.<br />
<br />
(4)Leonardo herdou meu lado aventureiro, o gosto pela fotografia, pela vida junto ao mar e à natureza e cursa Administração de Empresas.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-38513161728622333062010-03-11T05:53:00.000-08:002011-02-15T15:16:46.673-08:00Convivendo com os filhos adultos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5NhkTwIeB4e7F48om4iPJ-kP8VsV8SYtDx3S6I-Ya-xXtqMHja3y4wUIt1PzA8TMhAZRaOyToGbkKoi9AqFB5bpTinESmxMEdMU3MpmtQ7iQvDuunK8-cGB0IDWgAci7Lku0lNQlDEYw/s1600-h/Maca%C3%A9+em+fev+2010+242.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5NhkTwIeB4e7F48om4iPJ-kP8VsV8SYtDx3S6I-Ya-xXtqMHja3y4wUIt1PzA8TMhAZRaOyToGbkKoi9AqFB5bpTinESmxMEdMU3MpmtQ7iQvDuunK8-cGB0IDWgAci7Lku0lNQlDEYw/s320/Maca%C3%A9+em+fev+2010+242.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447376810431633682" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiguOrtCqy54WNu2i7kK8EFb-aw99YV7SN5lqxWQ_btoVDGoSgPAG9TTf0tp3kK8ptUjSpPmeUnjpPmBis6ZqMWrmFEdE0Zmj7mue6CHLvIrzxsKjRK7Pfvz8qzV8Zo1vZx6_ES43g2cos/s1600-h/DSC02215.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiguOrtCqy54WNu2i7kK8EFb-aw99YV7SN5lqxWQ_btoVDGoSgPAG9TTf0tp3kK8ptUjSpPmeUnjpPmBis6ZqMWrmFEdE0Zmj7mue6CHLvIrzxsKjRK7Pfvz8qzV8Zo1vZx6_ES43g2cos/s320/DSC02215.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447376804467013138" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-OF9E-P18jgMBSKTAGWPrQ-lwj0pD_Zs2bf7n1x6T_hlwIazmQqemFyc8y9uTvn9NB-_GufoXj6qOOvF9RvnVA_MQbLuEsSdXx2-yCC_qra26lyeYpQBjjNKg-CjIankLjIgaRcNsIsc/s1600-h/Com+Leonardo+em+Portobello.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 136px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-OF9E-P18jgMBSKTAGWPrQ-lwj0pD_Zs2bf7n1x6T_hlwIazmQqemFyc8y9uTvn9NB-_GufoXj6qOOvF9RvnVA_MQbLuEsSdXx2-yCC_qra26lyeYpQBjjNKg-CjIankLjIgaRcNsIsc/s320/Com+Leonardo+em+Portobello.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447376802795094482" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf56M98ifujB5KheCMfBnYpGQQYG5zUp9wDxGy3mH8sR_HS8JvWKBCorZdn79C40GwcH_bvD_DzG5qX7l_4r5hR_3T8fSnb7fxPceJavhQ_FkWXAUVUDeJ7-NKq4mlcP_1MejRfX1Q-cs/s1600-h/Maca%C3%A9+em+fev+2010+260.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf56M98ifujB5KheCMfBnYpGQQYG5zUp9wDxGy3mH8sR_HS8JvWKBCorZdn79C40GwcH_bvD_DzG5qX7l_4r5hR_3T8fSnb7fxPceJavhQ_FkWXAUVUDeJ7-NKq4mlcP_1MejRfX1Q-cs/s320/Maca%C3%A9+em+fev+2010+260.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447376796886483778" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiebsXYNd0Y-KnwujtqlJmd3hkpr_UoKMohged48C2-LQDXr45qmiPDzwvKkn8_fhBkk6qqbqUdV7e_MDn09dKXecVvFTgbqwuqb-cdMQ1Et0C2XORBsldsxUZplF4fS240LV82VtsH2pY/s1600-h/Aniv+Vilmar+11_10_2005+foto+49.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiebsXYNd0Y-KnwujtqlJmd3hkpr_UoKMohged48C2-LQDXr45qmiPDzwvKkn8_fhBkk6qqbqUdV7e_MDn09dKXecVvFTgbqwuqb-cdMQ1Et0C2XORBsldsxUZplF4fS240LV82VtsH2pY/s320/Aniv+Vilmar+11_10_2005+foto+49.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447376791801719058" /></a><br />
<blockquote><span style="font-style:italic;">“Muitas vezes, quando queremos estar na companhia de nossos amigos e parentes, queremos que as coisas aconteçam exatamente como desejamos. Se todas as pessoas lidassem com as relações dessa maneira, ninguém se sentiria feliz. Em vez de pensar apenas naquilo que você quer, leve em consideração também aquilo que os outros querem. Aceite que sempre haverá diferenças entre as pessoas e que, se você for flexível, poderá aproveitar melhor o encontro e reforçar os laços de afeto.”</span> – Minetti</blockquote><br />
<br />
Penso que o que caracteriza um adulto maduro não é a quantidade de tempo que viveu, mas a sua capacidade de tomar decisões e correr riscos ao fazer suas escolhas, sabendo que terá de responder pelos ônus dessas decisões. Alguns pais passam tanto tempo escolhendo pelos filhos que se acostumam a assumir responsabilidades e tomar decisões por eles, e, nessas circunstâncias, com o crescimento dos filhos, ou os conflitos se tornam inevitáveis, ou os filhos se submetem aos pais e se tornam adultos incapazes de escolher com independência. <br />
<br />
No passado, era comum os filhos quando adultos deixarem a casa dos pais e seguirem suas próprias vidas e os pais darem por concluída a missão de educá-los. Hoje, cada vez mais os filhos adultos permanecerem na casa dos pais, e nem sempre este é um convívio fácil ou pacífico. Como pais, passamos tanto tempo de nossas vidas educando nossos filhos enquanto cresciam, que às vezes temos dificuldades para abandonar o papel de tutores depois de criados. Como adultos, eles precisam assumir responsabilidades, podem decidir por si próprios e já não dependem tanto de nós. Se não querem fazer isso em suas próprias casas e decidem continuar vivendo na casa dos pais, devem compreender, primeiro, que casa é dos pais, e são estes que devem mandar nela, e não os filhos, pois investiram suas energias, seus recursos e seu tempo no intuito de construir um abrigo confortável e sossegado para se refugiar das agruras do mundo externo, e agora que estão envelhecendo, mais do que nunca precisam deste refúgio de bem-estar, tranqüilidade ou alegria, e nenhum filho, sob qualquer pretexto, tem o direito de prejudicar ou dificultar as coisas para seus pais, mas é exatamente o contrário. Ao escolherem permanecer na casa dos pais, devem também assumir com deveres, despesas e compromissos para tornar a casa um lugar agradável, confortável e justo. <br />
<br />
Em qualquer convívio, tem que haver respeito e cortesia. Pessoas civilizadas se saúdam, se despedem, comunicam seus planos e as mudanças nestes, como também possíveis atrasos, com as pessoas com quem interagem, especialmente se existem vínculos familiares e o andamento da vida destas pode ser afetado. Isto vale para os jovens e também para seus pais, para que não haja ocasião para surpresas ou preocupações desnecessárias ou ocorram desencontros desagradáveis.<br />
<br />
Esse novo pacto exigirá um novo aprendizado de parte a parte e, mais uma vez, não existem escolas para nos ensinar sobre isso, teremos de aprender com a própria vida, e nem sempre o que funcionou com outra família irá também funcionar com a nossa! Entretanto, como sempre, busco na leitura a orientação que preciso. Com Elizabeth Zekveld Portela, aprendi que os pais não têm mandato para manter controle sobre todos os aspectos da vida dos filhos adultos enquanto eles moram na mesma casa. O objetivo dos pais deve ser de educar seus filhos para a autonomia das escolhas, progredindo da fase da tutoria quase total (criança pequena) para o estágio de liberdade vigiada (adolescência) até a etapa de independência total de decisão e ação (adulto). Se os filhos adultos escolhem permanecer na casa dos pais, e estes aceitam essa decisão, é preciso estabelecer de parte a parte um novo pacto familiar, onde os filhos sabem que precisam respeitar o fato de quem manda na casa são os pais, mais os pais também devem compreender que seus filhos adultos são capazes e devem tomar suas próprias decisões e deve deixá-los arcarem com as conseqüências ou resultados, principalmente quando se trata do filho que já se sustenta. O processo de criação terminou. A fase de disciplinar acabou. Nem os pais, nem os filhos, devem querer viver numa situação em que um domina o outro, mas onde compartilham decisões, compromissos, obrigações, onde há respeito e cortesia de parte a parte. <br />
<br />
O amor é uma questão de foro íntimo, uns tem de mais, outro tem de menos, mas o respeito nas relações é devido a todos os que decidem compartilhar uma mesma relação! Por outro lado, os pais precisam compreender que nenhum filho agirá como adulto, e muito menos se tornará um líder, se for sempre tratado como criança! Como nosso filho descreveria o seu relacionamento conosco? Sente-se sufocado? Manipulado? Fiscalizado? Vigiado? Controlado? Por demais protegido? Respeitamos o seu gosto e a sua individualidade ou ficamos insistindo que bons filhos devem ser clones dos seus pais? Damos palpites em tudo, ainda quando eles não pedem? Ficamos ressentidos e transmitimos as nossas mágoas toda vez que ele toma uma decisão ou faz algo com que discordamos? Conseguimos engolir as palavras “Eu não lhe disse…?” ou “Se tivesse me perguntado…” Ficamos plantados, emburrados, na sala até que todos cheguem a casa, não importa a hora? Estamos afirmando, encorajando e elogiando mais de que censurando, admoestando e criticando?…Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-62041843150894334422010-03-10T15:54:00.000-08:002011-02-15T15:19:49.075-08:00Ser ecológico<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1t9Jo9bvztiADHodthOILwEeWPN2naiO3FoKvWfsGuT1LEX9bScWQzfv9MaQYj257BYkOuZ-5wIzdHJdsTYXSfvcsZi_SbnAwerwPHbyLgnMiIrdZxLx36cxdp2QG9unsJF8mNacQTGw/s1600-h/O+Tribunal+dos+Bichos.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 233px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1t9Jo9bvztiADHodthOILwEeWPN2naiO3FoKvWfsGuT1LEX9bScWQzfv9MaQYj257BYkOuZ-5wIzdHJdsTYXSfvcsZi_SbnAwerwPHbyLgnMiIrdZxLx36cxdp2QG9unsJF8mNacQTGw/s320/O+Tribunal+dos+Bichos.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447159546174348194" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB04KZk7H32gEnNQZfK_Wo5NTowF9uSvPPZfH2Pm9_lLhT_SbReMLfzYHHk5ouvSNRhRYxjfh8ugcFVzeAakG4UboPamtabiT_Cj4_Pjokjz9ohFz7NXi8tcSUURp5qEft-0NVFH-gpts/s1600-h/O+Livro+do+Camping.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 187px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB04KZk7H32gEnNQZfK_Wo5NTowF9uSvPPZfH2Pm9_lLhT_SbReMLfzYHHk5ouvSNRhRYxjfh8ugcFVzeAakG4UboPamtabiT_Cj4_Pjokjz9ohFz7NXi8tcSUURp5qEft-0NVFH-gpts/s320/O+Livro+do+Camping.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447159545135170098" /></a><br />
Não assumi a vida como um presente só meu, mas como uma possibilidade de colaborar para deixar este mundo um lugar melhor do que encontrei! Penso que não vim a esse mundo a passeio e que o futuro não está pré-determinado, mas depende de nossas escolhas. Podemos escolher choramingar pelo limão que recebemos da vida, ou arregaçar as mangas e fazer com ele uma limonada. “<span style="font-style:italic;">Viver</span>”, ensina Benjamin Franklin “<span style="font-style:italic;">é enfrentar um problema atrás do outro. O modo como você o encara é que faz a diferença</span>.” Para mim, apenas viver e ser feliz é pequeno e egoísta demais. Não acho que nasci para atender alguma necessidade de mim mesmo. Apesar de todas as dificuldades pessoais que tive de enfrentar, dediquei-me a tentar deixar este mundo melhor do que o encontrei, claro, na medida de minhas possibilidades e limitações. <br />
<br />
Tive a sorte de, ao longo de minha vida, encontrar parceiros que participaram do mesmo sonho, e é em homenagem a eles que dedico esta terceira parte do livro, onde procuro falar um pouco das atividades em que participamos juntos, pedindo desde já desculpas pelos que não citei por alguma razão injustificável, e que por isso mesmo reforço o convite para que contribuam com as suas partes nessa história através do site www.escritorvilmarberna.com.br ! Sejam todos bem vindos! <br />
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<blockquote>"<span style="font-style:italic;">Não é a terra que é frágil. Nós é que somos frágeis. A natureza tem resistido a catástrofes muito piores do que as que produzimos. Nada do que fazemos destruirá a natureza. Mas podemos facilmente nos destruir.</span>" - James Lovelok</blockquote><br />
<br />
Desde a minha juventude, sempre gostei de ler sobre notícias e entrevistas envolvendo questões socioambientais. Assim acompanhava de longe as atividades do engenheiro agrônomo José Lutzenberger e seu esforço e de seus companheiros pela criação, em 1971, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), uma das primeiras associações ecologistas a surgir no Brasil e na América Latina. Descobri na biblioteca do Novo Lar de Menores um livro do naturalista Henrique Roessler, de São Leopoldo (RS), que já nas décadas de 50 e 60 defendia o meio ambiente. <br />
<br />
Os jornais da época refletiam a idéia de um crescimento econômico acelerado que se tornou um ponto de consenso das elites brasileiras desde que o presidente Juscelino Kubitscheck o erigiu em ideologia dominante através da palavra de ordem: "avançar 50 anos em 5". A ideologia do crescimento acelerado e predatório chegou ao paroxismo durante a presidência de Médici, quando o governo brasileiro fazia anúncios nos jornais e revistas do 1º Mundo convidando as indústrias poluidoras a transferirem-se para o Brasil, onde não teriam nenhum gasto em equipamento antipoluente, e a delegação brasileira na Conferência Internacional do Meio Ambiente (Estocolmo, 1972) argumentava que as preocupações com a defesa ambiental mascaravam ‘interesses imperialistas’ que queriam bloquear o acesso dos países em desenvolvimento. <br />
<br />
Entretanto, em 1972, um episódio marcou a minha vida, quando deixei de ser apenas um ‘ser humano’ para descobrir-me um ‘ser ecológico’. Tinha cerca de 17 anos e estava interno no Novo Lar de Menores, em Viamão, no Rio Grande do Sul, um internato conduzido por padres católicos para menores oriundos da FEBEM gaúcha. A caça era permitida em lei, no Rio Grande do Sul, desde que em épocas próprias e sobre regras rígidas, e a Direção costumava levar os menores para caçar nos banhados da região. Influenciado pela filosofia de não-violência de Gandhi, a idéia de pegar em arma, que encantava aos outros menores, para mim parecia um absurdo! Então, me recusava a caçar, mas tinha de acompanhar o grupo, pois não podia ficar sozinho no Internato. <br />
<br />
Assim, os instrutores me designavam para ‘tomar conta do acampamento’, enquanto meus colegas participavam da caçada com alegria. Era uma algazarra, para sorte dos animais que podiam assim se esconder e fugir, mas os tiros espalhavam chumbinho para todo lado. Era só mirar uma moita com algum movimento e depois ir catar o pobre animal vítima daquela selvageria.<br />
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Então, certa vez, vi uma família de ratões de banhado apavorados, numa moita perto de mim, como se pedissem ajuda! Meu coração ficou apertado por que me sentia impotente para salvá-los, pois os instrutores e os outros menores já vinham na direção de onde eu estava, e com as armas nas mãos. Comecei a pular e dizer para os animais que fugissem dali rápido, e vi o olhar perplexo deles, sem entender, como se pedissem socorro! <br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">“Eu temo pela minha espécie quando penso que Deus é justo."</span> - Thomas Jefferson</blockquote><br />
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Todos ficaram muito chateados comigo por que esperavam que eu os chamasse para matar os animais, afinal de contas, era uma caçada, e ficar deliberadamente assustando a ‘caça’ não é propriamente o que se espera de um membro da ‘equipe’! Pouco me importei com as críticas, por que, pelos menos aquela família de ratões de banhado havia sido salva! O resultado é que nunca mais me levaram para caçar.<br />
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A causa dos animais inspirou-me a escrever O Tribunal dos Bichos, mas muito mais para resgatar o que há de humano em nós.<br />
<br />
Eu me interessava por leituras sobre pacifismo, humanismo, democracia, ecologismo, entretanto, tinha dificuldade de encontrar livros sobre estes assuntos e tinha por hábito freqüentar bibliotecas onde pegava os livros por empréstimo. Um dos primeiros livros que li foi “Primavera Silenciosa”, da jornalista Rachel Carson, que se tornou um clássico na história do movimento ambientalista, desencadeando uma grande inquietação internacional sobre a perda de qualidade de vida.<br />
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Entretanto, dentre tudo o que li, na época, nada me marcou mais profundamente, a ponto de me fazer decidir por dedicar minha vida às lutas socioambientais, que a Carta do <span style="font-weight:bold;">Cacique Seatle</span>. O texto era uma resposta à proposta do Presidente dos EUA de comprar as terras dos índios, em vez de simplesmente invadir com a cavalaria e tomar à força, matando todos os indígenas, como era comum naquela época. As terras pertenciam às tribos indígenas Suquamish e Duwamish, localizadas na região de Puget Sound, no atual estado de Washington, no extremo noroeste dos Estados Unidos, fazendo divisa com o Canadá. O governo dos EUA pretendia deslocar as duas tribos para uma reserva indígena, oferecendo-lhes algumas garantias e compensações. Então, em 10 de janeiro de 1854, Isaac Stevens, Governador do Território de Washington, esteve em Puget Sound para reforçar a oferta de compra das terras. O Cacique Seattle, como era conhecido o chefe das tribos Suquamish e Duwamish, já havia lutado em inúmeras batalhas pelo seu povo e sabia que recusar a oferta do presidente americano significaria, cedo ou tarde, o extermínio de seu povo. Proferiu então um histórico discurso em que destacou a transitoriedade da existência, expressou seu profundo amor pela natureza e mostrou a necessidade de se tomar conta da terra e de toda vida sobre a terra. Era o ano de 1854, quando ainda nem existia o termo ‘ecologia’, que só foi proposto em 1869, pelo biólogo alemão Ernst Heinrich Haeckel. <br />
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<span style="font-style:italic;">“O Grande Chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar nossa terra. O Grande Chefe assegurou-nos também de sua amizade e sua benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não ne¬cessita da nossa amizade. Porém, vamos pensar em sua oferta, pois sa¬bemos que se não o fizermos o ho¬mem branco virá com armas e tomará nossa terra. O Grande Chefe em Washington pode confiar no que o chefe Seatle diz, com a mesma certeza com que os nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano. Minha palavra é como as estre¬las. Elas não empalidecem.<br />
<br />
Como podes comprar ou vender o céu - o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do res¬plendor da água. Como podes comprá-los de nós? Decidi¬mos apenas sobre o nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada fo¬lha reluzente, todas as praias arenosas, cada véu de neblina nas flo¬restas escuras, cada clareira e to¬dos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na cons¬ciência do meu povo. <br />
<br />
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de vi¬ver. Para ele um torrão de terra é igual a outro. Porque ele é um es¬tranho que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e de¬pois de exauri-la, ele vai embora. Deixa para trás o túmulo do seu pai, sem remorsos de cons¬ciência. Rouba a terra dos seus filhos. Nada respeita. Esquece as se-pulturas dos antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empo¬brecerá a terra e vai deixar atrás de si os desertos. A vista de tuas cidades é um tormento para os olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.<br />
<br />
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem um lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada en¬tende, o barulho das cidades é para mim uma afronta contra os ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio pre¬fere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pi¬nho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vi¬vos respiram o mesmo ar - animais, árvores, homens. Não parece que o ho¬mem branco se importe com o ar que respira. Como um mori¬bundo, ele é insensível ao mau cheiro. ,,,,<br />
<br />
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição. O ho¬mem branco deve tratar os animais como se fossem irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser certo de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco, que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso do que um bisão que nós, índios, matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode afetar os homens. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto fere a terra fere também os filhos da terra.<br />
<br />
Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nos¬sos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, e envenenam o corpo com ali¬mentos doces e be¬bidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, até mesmo uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos nos bosques sobrará para chorar sobre os túmulos. Um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de con-fiança como o nosso.<br />
<br />
De uma coisa sabemos que o homem branco talvez venha um dia a descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julgas, talvez, que O podes possuir da mesma maneira como desejas possuir a nossa terra. Mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira. E quer o bem igualmente ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. E causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo seu Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças.<br />
<br />
Continua poluindo a tua própria cama e hás de morrer uma noite, sufocado nos teus próprios dejetos! Depois de aba¬tido o último bisão e domados todos os cavalos silvestres, quando as matas misteriosas fede¬rem à gente - onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinhas da torre, à caça do fim da vida e o começo da luta para sobreviver...<br />
<br />
Talvez compreendamos se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do fu¬turo oferece às suas men¬tes para que possam formar os desejos para o dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do ho¬mem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos, temos de escolher o nosso próprio caminho. <br />
<br />
Se consen¬tirmos, é para ga¬rantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez pos¬samos viver os nossos últimos dias conforme desejamos. <br />
<br />
Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. <br />
<br />
Se te vender¬mos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueças como era a terra quando dela tomaste posse. E com toda a tua força, o teu poder, e todo o teu coração con¬serva-a para teus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. <br />
<br />
Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.”<blockquote></blockquote></span><br />
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Presente à ocasião estava o médico Henry Smith que chegara a Seattle como superintendente escolar em 1853 e tinha um talento especial para idiomas, e logo aprendeu a língua dos índios. Smith verteu o discurso do Cacique Seattle para o inglês a partir das anotações apressadas que fez ali na hora. Trinta e três anos depois, em 29 de outubro de 1887, Smith publicou o discurso no jornal Seattle Sunday Star junto com um relato sobre o momento que viveu: “Cacique Seattle - um cavalheiro por instinto”. Smith deixou claro em seu artigo que a versão que publicava não era uma cópia exata do discurso original de Seattle, mas o que pôde reconstruir das notas que tomara na ocasião. Somente quase um século depois, já na década de 1970, é que o documento ganhou a dimensão de manifesto ecológico a partir da recriação livre e poética do artigo de Smith pelo roteirista e diretor do Programa de Cinema e Cultura Midiática da Middlebury College, Ted Perry, e que foi distribuída em universidades como uma forma de conscientizar os estudantes a cuidar do meio ambiente, tornando-se a versão mais difundida do que hoje se conhece como “A Carta do Cacique Seattle”. <br />
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O Cacique Seattle migrou com sua tribo para a Reserva Suquamish, de Port Madison, onde veio a falecer em 7 de junho de 1866. A cidade de Seattle foi fundada em 13 de novembro de 1851, com o nome de Duwamps sendo posteriormente mudado por David Swinson ("Doc" Maynard), um dos fundadores da cidade e principal promotor, e finalmente, o nome da cidade mudou para Seatle, em homenagem ao grande Cacique.<br />
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A partir de 1978, descobri a revista Pensamento Ecológico, do Movimento Arte e Pensamento Ecológico, editada por Luis Carlos de Barros, que reunia artigos e debates sobre temas ecológicos brasileiros e que durante um tempo foi colunista do Jornal do Meio Ambiente. Cheguei a pensar seriamente na possibilidade de me mudar para alguma Comunidade Rural Alternativa em busca de um novo modo de vida, um novo cotidiano, longe dos efeitos predatórios e egoístas gerados pelo atual estilo de vida urbano. Freqüentei os primeiros ENCAs (Encontro de Comunidades Alternativas) na intenção de encontrar alguma Comunidade, mas não consegui me adaptar ao fundamentalismo do grupo e à forte rejeição da atividade política. Num desses encontros, conheci uma revista denominada “Outra”, editada pela Cooperativa "Coovida", do Rio de Janeiro, pelo astrólogo Fernando Fernandes. Procurei pelo Fernando e acabei ajudando durante um tempo na elaboração da Revista, uma das pioneiras na mídia ambiental Brasileira. <br />
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Passei a valorizar mais meu tempo junto da natureza. Descobri a fotografia e o camping como formas de estar junto da natureza, onde eu voltava com as energias renovadas! Sempre que podia, fugia das cidades que, em certos locais, afastaram-se tanto da natureza, ao admitirem como inevitável a poluição do ar, sonora, visual, que se tornaram lugares feios e tristes. <br />
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Sempre que podia, acampava em lugares remotos da natureza ainda preservada. No Estado do Rio de Janeiro, acampava em Búzios, Penedo, numa época em que estes lugares eram pequenas comunidades cercadas de natureza à sua volta. Dessa rica experiência nasceu meu primeiro livro, “O Livro do Camping – O Prazer da Vida ao Ar Livre”, publicado pela Tecnoprint, numa tentativa de ajudar aos que acampavam a cuidarem melhor da natureza à sua volta.<br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">“Mas, por onde eu devia começar? O mundo é tão vasto, começarei com meu país, que é o que conheço melhor. Meu país, porém, é tão grande. Seria melhor começar com minha cidade. Mas minha cidade também é grande. Seria melhor eu começar com minha rua. Não: minha casa. Não: minha família. Não importa, começarei comigo mesmo.”</span>- Confúcio</blockquote><br />
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Apesar de, para mim, as liberdades democráticas e as questões socioambientais serem interligadas, percebia a tensão entre elas. Ser democrático não pressupunha ser também ecológico. Em nome da Democracia, assisti muitos políticos tomando decisões democráticas e legítimas, mas que ignoravam os limites da natureza ou o seu equilíbrio. Por outro lado, ser ecológico não pressupunha também ser democrata. Conheci muitos ambientalistas autoritários e donos da verdade. Os nazistas eram defensores do meio ambiente e dos animais, por exemplo. <br />
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As lutas pelas liberdades eram um caminho natural para mim, que vivia preso por todos os lados. Cresci durante a Ditadura Militar, onde o silêncio era a melhor defesa, onde criticar o Governo ou suas empresas podia ser confundido com subversão ou terrorismo! As maiores empresas poluidoras como Petrobrás, CSN, eram empresas de ‘segurança nacional’. Criticar suas poluições era correr o risco de ser confundido com subversivo ou terrorista. O jornalista Randau Marques, por exemplo, em 1968, foi preso pela Operação Bandeirantes e taxado de subversivo pelo conjunto de reportagens sobre contaminação ambiental com chumbo no Município de Franca - SP, berço dos curtumes. Em seu trabalho, abordou ainda a questão dos defensivos agrícolas, seus perigos e contaminações ao meio ambiente e à população em geral.<br />
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Quando o país começou a exigir o fim da Ditadura, aderi ao movimento, como o ‘Diretas Já!’, que exigia a volta da democracia no país. Em 10 de abril de 1984, levei meus filhos Leonardo, com 6 anos e Gustavo com quatro para participarem da maior manifestação pública da história do Brasil até então, em frente a Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, onde se aglomeraram mais de 1 milhão de pessoas. Fui cedo para estacionar o carro que tinha na época, uma Variante Verde, no melhor lugar, o mais perto possível do palanque, de forma que pudesse colocar meus filhos em segurança no teto do carro, e ao mesmo tempo acompanhar os acontecimentos.<br />
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Para reprimir as manifestações, o então presidente João Figueiredo aumentou a censura sobre a imprensa e ordenou prisões. Houve violência policial. E mesmo com o apelo e pressão popular, a Emenda Dante de Oliveira, na Câmara dos Deputados, que aprovaria as eleições diretas no Brasil, foi rejeitada. Apesar da enorme frustração popular, o movimento da sociedade teve grande importância na redemocratização do Brasil, pois estava cada vez mais claro para a Ditadura instalada no Brasil que seus dias estavam contados. No ano seguinte, em 1985, o processo de redemocratização termina com a volta do poder civil, com a aprovação de uma nova Constituição Federal, em 1988 e com a realização das eleições diretas para Presidente da República em 1989.<br />
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Em São Gonçalo, participei itensamente dos Plenarinhos Pró-Constituinte, na companhia do Rebêlo e do Barros, oficiais do recém-criado Batalhão Florestal, com sede na cidade. Fizemos o capítulo de meio ambiente da Lei Orgânica da Cidade e que serviu de subsídios para a elaboração do capítulo de Meio Ambiente no Governo do Estado, através do Carlos Minc, então Deputado Estadual, e também para a elaboração do capítulo de meio ambiente da Constituição Federal, através do companheiro e deputado Fábio Feldmann, que mais tarde me indicou para ganhar o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente, antes recebido por ele próprio, pelo Minc, pelo Chico Mendes, pelo Betinho, entre outros.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-46907895768843237062010-03-10T15:38:00.000-08:002011-02-12T05:00:11.605-08:00UNIVERDE<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWU0TaczZMhpSlude41AHz_W4VJmBijXf2AMX1Y48oGlheyRheI1j8Gevpm8uFiuK6fQp3wm5KNceWogBrqjjOgiJbXXl74rUXYw_ZGIVm_u6agyqi9vWOY8U9pT5nD9wQmFJQlcwXRbc/s1600-h/Imagens+scaneadas+236.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 235px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWU0TaczZMhpSlude41AHz_W4VJmBijXf2AMX1Y48oGlheyRheI1j8Gevpm8uFiuK6fQp3wm5KNceWogBrqjjOgiJbXXl74rUXYw_ZGIVm_u6agyqi9vWOY8U9pT5nD9wQmFJQlcwXRbc/s320/Imagens+scaneadas+236.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447156390205541202" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSDLVAgIonhIenby8hOU1IE7j6_v5Jk-aJcawYZsmTylxbb-BPKdU-EckMwyPym50t9bepjTAEDe_vaZSecPrfFP2m9KxQV97hWTCVENZ8T7mWAMb9VzY0hIZ7StHTP6FOr1V_ReUkgvU/s1600-h/Imagens+scaneadas+229.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 282px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSDLVAgIonhIenby8hOU1IE7j6_v5Jk-aJcawYZsmTylxbb-BPKdU-EckMwyPym50t9bepjTAEDe_vaZSecPrfFP2m9KxQV97hWTCVENZ8T7mWAMb9VzY0hIZ7StHTP6FOr1V_ReUkgvU/s320/Imagens+scaneadas+229.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447156386659798370" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNiThIskRPiGoTLrW0QiXDcdIpKJCHN54UbotGE8-kDsIcSF1kIw40tbeosv9tfWag2nZMz5vCQUgpM2BTJUaYN8cFj3XYyK-GVvLrL2RPG81WZAduR54ucRTRdOR8zGLcWsCwsWyVWrw/s1600-h/Imagens+scaneadas+226.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 221px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNiThIskRPiGoTLrW0QiXDcdIpKJCHN54UbotGE8-kDsIcSF1kIw40tbeosv9tfWag2nZMz5vCQUgpM2BTJUaYN8cFj3XYyK-GVvLrL2RPG81WZAduR54ucRTRdOR8zGLcWsCwsWyVWrw/s320/Imagens+scaneadas+226.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447156377847502930" /></a><br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">“Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha junto é o começo da realidade.”</span> - Miguel de Cervantes (em Dom Quixote)</blockquote><br />
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Vivendo em São Gonçalo, não poderia pensar a questão ambiental sem também levar em conta as influências das lutas sociais e comunitárias, o que me levou a buscar a aproximação e o diálogo com os sindicatos, as associações de moradores, entre outras organizações comunitárias. <br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer algo. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o que posso."</span> - Edward Everett Hale</blockquote><br />
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Entre as lutas que melhor revelam esta dimensão social e ecológica está a conquista do Parque Ecológico do Engenho Pequeno. Destinado a se tornar no Aterro Metropolitano da Região Metropolitana, através das intensas articulações e ações no campo dos dois movimentos, o ecológico e o comunitário, o que era para virar lixo virou uma nova unidade de conservação. Uma vitória destes dois movimentos, liderados, pela UNIVERDE e pela Associação de Moradores do Engenho Pequeno. O lema ecológico "<span style="font-weight:bold;">Pensar globalmente, agir localmente</span>" expressa a compreensão de que as realidades locais são profundamente afetadas por ações, decisões e políticas definidas de ‘cima para baixo’, seja regionalmente, seja globalmente, mas que não precisamos – não temos – que aceitar como fato consumado, pois muitas vezes um impacto ambiental bastante localizado é fruto de decisão gerada no bojo das correlações de força e dos princípios de ‘interesses de Governo’, ou de negócios, ou mesmo globais, da chamada nova ordem econômica mundial. <br />
<br />
Nos segmentos mais ricos da sociedade e das nações, a maioria das pessoas tem resolvida a satisfação das necessidades materiais básicas (alimentação, moradia, saneamento básico, vestimenta, transporte), já nos segmentos mais pobres da sociedade e das nações, a maioria da população vive em condições miseráveis. Enquanto para os segmentos mais ricos da sociedade tratar de temas ligados à fauna e à flora era bem compreendido e apoiado, nos segmentos mais pobres era incompreendido, como se fosse um tema inoportuno diante das misérias que ameaçavam a sobrevivência dos seres humanos mesmo, e não das plantas ou dos animais. Ao escolher fundar uma organização não governamental ambientalista em São Gonçalo, um município pobre, na região metropolitana da Cidade do Rio de Janeiro, enfrentei o desafio de adaptar o ‘ecologês’ às carências daquela sociedade. Em São Gonçalo, a maioria não conta com água potável nem saneamento básico e sua subnutrição os expõe em escala ampliada e um meio ambiente super-poluído. Os trabalhadores são contaminados no próprio ambiente de trabalho! Nas áreas rurais, os agricultores eram vítimas de agrotóxicos em escala indiscriminada expondo suas próprias vidas, além do conjunto do ciclo biológico. <br />
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Ao buscar um lugar em São Gonçalo onde pudesse promover debates sobre estes assuntos, recebi o apoio da direção da escola onde estudavam os meus filhos ainda pequenos, no Colégio Santa Terezinha, no Rodo de São Gonçalo. Contava com uma platéia assídua aos debates, como o Prof. Hélter e Ricardo Harduim, então um estudante de biologia, e que mais tarde fundou a organização não governamental PRIMA, e que ajudaram bastante em refletir e construir o novo pensamento ecológico que surgia. <br />
<br />
Em 1981, convidei alguns amigos como o Walfrido Rocha (já falecido), o Lauro Nobre, o Daniel Ferreira, o Edson, entre outros, para fundar a UNIVERDE, que nasceu no quintal dos fundos de minha casa, no bairro Pita. A partir de 1982, enquanto trabalhava em editoras para ganhar a vida, presidi a UNIVERDE, iniciando uma série de campanhas de denúncia ambiental em São Gonçalo, mas sempre com o enfoque na qualidade de vida das pessoas, mostrando o equívoco de achar que o meio ambiente é tudo o que está à nossa volta, por que nos inclui também, uma verdade óbvia, mas que aqueles que queriam destruir e poluir a natureza faziam questão de minimizar, como se pudéssemos fazer o que quiséssemos com a natureza, sem ser igualmente afetados com isso. <br />
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A UNIVERDE atuou na informalidade até por volta de 1985, quando foi formalizada como uma organização ambientalista, sem fins lucrativos. Uma característica importante em nossa atuação ambientalista foi a construção de alianças com o movimento comunitário e com a imprensa, por que o meio ambiente e o que acontece com ele, é de interesse público. Esta estratégia revelou-se adequada para a formação de uma opinião pública sensível à questão ambiental, segundo comprovou a pesquisa realizada pelo Major Hazard Incident Data Service, da Grã-Bretanha. Dos 2.500 acidentes industriais no mundo, mais da metade (1.419) ocorreram apenas cinco anos, entre 1981 e 1986. Já os grandes acidentes ambientais, que envolveram maior número de mortes e milhões de dólares de indenização, num total de 233 acidentes, ocorreram no curto período entre 1970 e 1989. A divulgação em escala mundial destes fatos não só contribuiu para sensibilizar a opinião pública, mas também para fortalecer os movimentos ambientalistas, que se multiplicaram nesse período, além de gerar um conjunto de leis ambientais e de órgãos de controle que não existiam antes de 1970. <br />
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Tínhamos de enfrentar com coragem os desmatadores, a especulação imobiliária, os poluidores que nos ameaçava de morte a todo o momento. Sentíamos a falta de uma polícia ambiental para assumir nossas denúncias. Encaminhei ofícios ao Governador da época, Moreira Franco e ao Comando Geral da Polícia Militar solicitando a criação no Estado do Rio de Janeiro de um Batalhão Florestal, como já existia em outros estados. Após diversas conversas e reuniões para pressionar o Governo, finalmente descobri, através do Coronel Arouca que o impedimento se devia ao fato de não ter ainda aonde abrigar o novo Batalhão Florestal. Ofereci-me então para ajudar a solucionar o problema, e, após levar o Coronel e o Secretário Estadual de Meio Ambiente, Carlos Henrique de Abreu Mendes, a diversos possíveis locais, em São Gonçalo, o Governo acabou decidindo por instalar o novo Batalhão num desses lugares, a Fazenda do Colubandê, um prédio de enorme importância histórica, localizado em São Gonçalo, e que estava abandonado. <br />
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Foi uma conquista importante da UNIVERDE, e realizamos diversas manifestações e ações ecológicas no local, inclusive plantando árvores com meus filhos ainda pequenos, e que participavam comigo das atividades ambientais.<br />
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A UNIVERDE destacou-se ainda na defesa de um dos importantes redutos de mata atlântica em São Gonçalo, ameaçado de virar lixeira da região Metropolitana. O Governo do Estado chegou a construir o prédio da balança, fez movimentos de terra no local, colocou cerca, mas quando levou 15 caminhões de lixo para criar um fato consumado, a comunidade não deixou. Deitamos no chão para impedir a passagem dos caminhões e passamos a ocupar o lugar de forma mansa e pacífica, com atividades como o Festival de Pipas Ecológicas, caminhadas na mata com os alunos e professores do lugar, para que conhecem a riqueza natural que estava ameaçada e tomassem o lugar como uma conquista da cidadania. Esta luta resultou na criação Parque Ecológico do Engenho Pequeno.<br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">“Ser ecologista, não é apenas ser contra aquilo que se chama progresso, não é apenas ser anti qualquer coisa ou anti tudo porque está na moda, não é apenas ser por certas manifestações com o seu quê de folclore (que também é, aliás, importante); ser ecologista é sobretudo acreditar que a vida pode ser melhor se as mentalidades mudarem e tiverem em consideração os ensinamentos que a velha terra e ainda o velho universo não cessam de nos transmitir.”</span> - Fernando Pessoa </blockquote>Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-42255792450913336092010-03-10T15:29:00.001-08:002011-02-15T15:21:26.763-08:00Partido Verde<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2RDcmB5atufnUfL1eEYlJYUt3U2LK8iiOzgFKO_6_QAo4vNU-L5T6_sgSM3G8CLiocMO8kCsXVGhRkhVqJX9aucIwXdhZuUT0WPxn3CILmnv1KSg8YkS3Wa8ip-CyWzygIvarbRWOn40/s1600-h/Partido+Verde.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 204px; height: 305px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2RDcmB5atufnUfL1eEYlJYUt3U2LK8iiOzgFKO_6_QAo4vNU-L5T6_sgSM3G8CLiocMO8kCsXVGhRkhVqJX9aucIwXdhZuUT0WPxn3CILmnv1KSg8YkS3Wa8ip-CyWzygIvarbRWOn40/s320/Partido+Verde.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447152915644745282" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPKowtfZA3NCkHIJI-wp64uM2X4aZ0qtaXF7n_AAkrSFWstvtEba_W79S1uQUo5xeiRGMkqtnjL1xatL39kjrEBEwDR-JE-smP80hjqc4R69dPIotxh47ew6z07i-pFYrpjqchDz7NVok/s1600-h/Gabeira_Vilmar_Minc.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 185px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPKowtfZA3NCkHIJI-wp64uM2X4aZ0qtaXF7n_AAkrSFWstvtEba_W79S1uQUo5xeiRGMkqtnjL1xatL39kjrEBEwDR-JE-smP80hjqc4R69dPIotxh47ew6z07i-pFYrpjqchDz7NVok/s320/Gabeira_Vilmar_Minc.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447152907018491250" /></a><br />
<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhGb8GXIeSl6wRVys2rBtiejOqGz1ljidwS3tyFPNyQG5r4SDHW4Zg6bk7oTMnPoTsXwbdH5cnAqc4G68SyKnykkhpz8sFWcNJG0jhUh3AET0kNFm6CtP6pJceQmy1lWbxKXTDPgmtWCY/s1600-h/Imagens+scaneadas+228.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 282px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhGb8GXIeSl6wRVys2rBtiejOqGz1ljidwS3tyFPNyQG5r4SDHW4Zg6bk7oTMnPoTsXwbdH5cnAqc4G68SyKnykkhpz8sFWcNJG0jhUh3AET0kNFm6CtP6pJceQmy1lWbxKXTDPgmtWCY/s320/Imagens+scaneadas+228.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447152899525315042" /></a><br />
<blockquote><span style="font-style:italic;">“O preço que os homens de bem pagam pelo seu desinteresse da política é a qualidade dos políticos.”</span> - Platão</blockquote><br />
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A cada eleição via uma oportunidade de colocar em debate as causas socioambientais, pois é sempre uma boa hora, numa democracia, para se rever posições e escolhas e promover mudanças. A questão ambiental é prioritária, pois sem um Planeta capaz de suportar a vida, de nada vai adiantar toda a riqueza e toda a democracia ou justiça social do mundo! Assegurar a preservação do Planeta não é causa para um ou outro partido político, mas para todos, e também inclusive para quem não é ligado a partido algum.<br />
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Muitos dos problemas socioambientais que conhecemos têm origem em legislações e ações do poder público, ou podem ser solucionados por eles. Como eleitor e ambientalista, sentia-me convocado a votar melhor, a escolher candidatos comprometidos com o interesse público, e não com os interesses privados, comprometidos com as causas das liberdades democráticas, a preservação ambiental e a maior justiça social.<br />
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Os maus políticos e maus administradores, os corruptos, não chegam sozinhos ao poder, mas são colocados – e mantidos - lá pelo voto desinteressado, ou dos que se omitem, ou dos que não ‘querem saber’ de política, ou dos que trocam o seu voto por uma vantagem pessoal qualquer. E só existem dois caminhos para mudar isso, ou pela força de uma revolução - mas aí, quem iria tirar as armas dos revolucionários depois que chegassem ao poder? – ou pelo voto consciente e responsável. Escolhi este segundo caminho.<br />
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No início, comecei procurando pelos partidos políticos e a participar de debates políticos, por que sempre defendi que para votar consciente tínhamos que conhecer direito em que estávamos votando, e não apenas procurar saber disso no dia das eleições. Procurava por um representante político que tivesse idéias iguais ou melhores que as minhas. <br />
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Comecei uma campanha sistemática junto à sociedade pelo voto consciente e responsável. Preparei uma relação de perguntas e enviei por carta a alguns potenciais candidatos, alguns responderam, outros não. Passei a considerar apenas os que responderam, por que se o candidato quer manter o distanciamento dos eleitores agora, quando está em campanha, imagine depois de eleito!<br />
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Em minha carta falava de preocupações sócio-ambientais com a cidade ou bairro e fazia perguntas específicas sobre como o candidato se propunha a dar solução ou a encaminhar as questões, uma vez eleito.<br />
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Também fazia contato com a coordenação de campanha dos candidatos que me responderam para saber sobre a agenda do candidato, onde eu poderia estar presente para ouvi-lo discursar. Passei a comparecer a comícios e debates com candidatos e sempre que podia fazia perguntas e colocava o tema ambiental em debates, lembrando ao candidato que minha presença ali não significava nenhum compromisso eleitoral nem meu nem das pessoas que me acompanhavam. Assim, através deste contato direto, passei a conhecer melhor os candidatos de minha cidade. Muitos deles completamente vazios, só palavreado bonito e, às vezes, nem isso. E nesses, eu já sabia que não devia votar.<br />
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Também me preocupava em saber sobre o partido do candidato, se ele teria força para lutar pelas idéias que defendia, pois nenhum político, por melhor que seja, faz nada sozinho. Claro, isso não significava que devia votar em alguém só pelo partido do candidato, se fosse de minha preferência, pois para mim o mais importante eram as idéias e a cabeça do próprio candidato. Entretanto, o prefeito precisa de maioria na Câmara. Os vereadores precisam de maioria para aprovar seus projetos. Maioria é uma conquista que depende de capacidade de convencimento, articulação e diálogo com quem pensa e tem interesses diferentes dos nossos. Se o candidato não conseguisse demonstrar essa habilidade, ficaria isolado e pouco poderia fazer ao chegar ao Poder. Por isso, achava importante questionar o candidato sobre seus compromissos éticos, até onde estaria disposto a ir para conseguir adesões. E como fazer propaganda custa caro, eu também questionava sobre a origem dos recursos que financiava a campanha do candidato. De onde vinha todo o dinheiro para as despesas? Que tipo de acordo ou negócio o candidato poderia estar fazendo para ganhar a eleição? Estaria se comprometendo com interesses privados que o afastarão depois de eleito do interesse público? <br />
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Tinha a preocupação de ser autêntico e votava pela minha cabeça e não pela cabeça dos outros. Meu voto iria para um candidato da oposição, se eu achasse que as coisas estavam erradas e precisavam mudar, e que os políticos e administradores que estavam no poder não eram capazes de promover as mudanças necessárias. E também votaria num candidato da base de apoio ao governo, se achasse que o poder deveria continuar nas mesmas mãos. <br />
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Quando o candidato que escolhi já detinha um mandato, tinha o cuidado de examinar não apenas os projetos que apresentou, mas se ele se empenhou para que estes projetos fossem cumpridos. Há políticos que apresentam bons projetos, mas que não sabem ou não se interessam em lutar para tirá-los do papel. Então, eu estudava o histórico dos votos e apoios do candidato e comparava como votou em votações estratégicas para o meio ambiente da cidade, que emendas apresentou ao orçamento. Durante essas votações, buscava saber se o meu potencial candidato esteve presente ou ausente, se omitiu ou votou em favor de bons projetos e contra os maus!<br />
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Entre as demandas mínimas que apresentava aos candidatos incluía-se a promoção de ciclovias para transporte interligadas a meios de transporte de massa e coletivos como trem, metrô, ônibus, bonde – baratos ou gratuitos como alternativa aos engarrafamentos e à poluição provocados nas cidades e zonas rurais pelo carro individual e pelo sistema dos transportes rodoviários; a defesa da saúde pública contra a poluição do ar, da água; a redução do tempo de trabalho como resposta ao desemprego e como visão da sociedade que privilegia o tempo livre em relação a acumulação de bens; a substituição da energia baseada na queima de combustíveis fósseis pela energia flexível que trabalha com os ciclos do sol, da água e do vento; agricultura de regeneração que reabastece o solo e incorpora meios naturais de controle das pragas; fim da devastação das fontes de recursos naturais (renováveis e não-renováveis); parada do envenenamento da biosfera pelo descarregamento de lixo tóxico; drástico controle da poluição do ar efetuada pelas indústrias e meios de transporte e redução dos "níveis aceitáveis" de exposição radioativa, entre outras reivindicações. <br />
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Comecei a freqüentar a Assembléias Populares, na Cidade do Rio de Janeiro, na Escola Senador Correa, que reuniam de 50 a 200 pessoas para debater sobre os problemas socioambientais da Cidade, reunindo pessoas de todas as tendências e correntes de pensamentos. Deste caldeirão democrático nasceu a APEDEMA – Assembléia Permanente de Entidades de Defesa do Meio Ambiente, que ajudei a fundar. Já sabia que a questão ambiental podia e era abordada por diferentes ângulos, mas ali, naquelas assembléias, estes diferentes ângulos ganharam rostos, vozes, conflitos. Foi, para mim, uma escola de democracia e de aprimoramento do pensamento ecológico! Nos confrontos das idéias divergentes, aprimorei meu próprio pensamento ecológico. Os debates se dividiam em correntes de pensamento, seguindo análise de Eduardo Viola, onde sobressaíam os ‘pragmáticos’. <br />
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Além da maioria de pragmáticos, haviam também os ‘ecologistas fundamentalistas’ que tendiam a considerar os ‘ecocapitalistas’ e ‘ecossocialistas’ como um tanto estranhos ao movimento ecológico e potencialmente deturpadores da pureza do movimento. Os ‘ecocapitalistas’ e ‘ecossocialistas’ que, por sua vez, tendiam a desconsiderar os ‘fundamentalistas’ pelo seu caráter romântico e politicamente ingênuo, embora reconhecessem a dedicação ao movimento por parte daqueles. Os ‘ecossocialistas’ que desconfiavam das reais e potenciais vinculações com a burguesia por parte dos ‘ecocapitalistas’ e tendiam a criticar, em bloco, a ‘tecnoburocracia ecocapitalista’ das agências estatais do meio ambiente. Os ‘ecocapitalistas’, por sua vez, desconfiavam dos objetivos dos ‘ecossocialistas’ e temiam que “aparelhassem” o movimento ecológico para transformá-lo num apêndice dos partidos de esquerda. <br />
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Desse ‘caldeirão cultural’, surgiu também o Partido Verde, do qual fui um dos fundadores junto com algumas figuras de longa presença no movimento ecológico brasileiro como o Fernando Gabeira, Liszt Vieira e Carlos Minc. Acabei me envolvendo nas campanhas dos três, cada um em épocas diferentes. Primeiro, ajudei na campanha do Liszt, a deputado estadual pelo PT, para depois me dedicar a eleger o Minc, ainda um professor universitário que se lançava candidato pela primeira vez a Deputado Estadual e que acabou se elegendo e reelegendo várias vezes, e chegou a ser Ministro do Meio Ambiente no segundo Governo Lula. Também me envolvi diretamente na coordenação da Campanha do Gabeira ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela coligação PT/PV, com destaque para o grande abraço ecológico à Lagoa Rodrigo de Freitas, em 1994.<br />
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Aceitei a missão de ser candidato a vereador pelo PV, em São Gonçalo, cidade onde eu morava e onde havia fundado a UNIVERDE, pois o Partido recém-fundado precisava divulgar seu ideário e atrair eleitores. Compreendi a importância de minha candidatura para o Partido e vi também como uma oportunidade de fazer educação ambiental junto à população. <br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">“Vilmar tem sido um dos pilares de sustentação das questões ambientais / sociais do estado do Rio de Janeiro nos últimos 10 anos. Para mim, o convívio e o debate de inúmeras questões que afligem a sociedade e a natureza do Rio de Janeiro, ao longo dos anos com o Vilmar, têm sido sempre um contínuo aprendizado e desenvolvimento de novas soluções técnicas, econômicas, mesmo políticas na busca do tão almejado desenvolvimento sustentável. A Educação Ambiental, visando a informação e o desenvolvimento da cidadania do verde tem sido seu principal instrumento e objetivo como ambientalista. Inúmeras são as suas contribuições nesta área. Neste sentido, Vilmar, sem dúvida é uma referência na questões ambientais no estado do Rio de Janeiro.” </span>- PROF. David Zee, UERJ</blockquote><br />
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Foi muito importante como cidadão ter passado pela experiência de ser candidato, pois me permitiu circular pela cidade e falar sobre meio ambiente e a importância de sua preservação para a nossa qualidade de vida em muitos lugares onde de outra forma não seria possível. Apesar de sermos livres para irmos aonde quisermos, na prática, acabamos freqüentando e indo aos mesmos lugares a vida toda, como nichos urbanos dentro de nossas cidades. E, quando se é candidato, aceitamos convites para palestras e vamos a outros ‘nichos’, circulando por toda a cidade. Então, ser candidato me permitiu subir morros, ir a favelas, palestrei em escolas e associações de moradores, sindicatos, clubes, igrejas, onde tive de traduzir o ecologês às carências da população, falei com gente de todas as classes sociais, circulei pela cidade como jamais imaginaria que poderia fazer! Como canta Milton Nascimento, fui onde o “povo está”! Ser candidato ampliou minha visão de mundo e também o espaço que ocupava na cidade. Fui questionado – e questionei-me - em minha ética, meu discurso, minha visão de mundo e do povo, minha linguagem, minha postura. Saí da eleição mais maduro e rico de momentos e experiências, de conhecer gentes, lugares, visões de mundo diferentes! Saí mais brasileiro e com mais vontade de ajudar nosso povo a superar suas limitações e as condições de miséria, social, econômica e cultural em que vivia! <br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">"Você não pode ensinar nada a um homem; você pode apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo."</span> - Galileu Galilei</blockquote><br />
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Entretanto, apesar de saber sobre as carências de nossa sociedade, estar com as pessoas mais carentes em seu próprio ambiente foi uma experiência que me marcou profundamente. Uma coisa é você saber da realidade, outra coisa é você encará-la de frente, como eu tive de fazer quando fui candidato. Deparei-me com uma carência profunda em nosso povo, muito maior que apenas econômica, mas principalmente cultural e cidadã. Nas comunidades de baixa renda falei para um tipo de público de gente trabalhadora, humilde, e descrente com os políticos e a política, uma gente acostumada a não ter seus direitos de cidadania respeitados, a maioria analfabetos funcionais, que apesar de saberem ler e escrever tinham dificuldade para apreender as idéias de um texto, e dificuldade maior ainda para perceberem as entrelinhas, o que um texto não dizia quando tentava dizer! Então, me dispus a mostrar o quanto um meio ambiente preservado era fundamental para assegurar a qualidade de vida de todos, que um meio ambiente ecologicamente equilibrado era um direito de todos e que também era um dever de todos lutarem e reivindicarem sua preservação para as presentes e futuras gerações, de acordo com as capacidades e responsabilidade de cada um! Lia para eles e mostrava as entrelinhas, ajudava na interpretação dos textos, na identificação das idéias nos panfletos políticos, para que o povo pudesse cobrar mais tarde de seus representantes as promessas que escreveram e mandaram distribuir à população! Também explicava sobre o papel de um vereador, o que podia e não podia fazer, que tinha de fazer boas leis e fiscalizar o Poder Executivo e, este sim, é quem teria de fazer as obras, abrir concurso público para empregos, assegurar vagas nas escolas e leitos nos hospitais!<br />
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Ao término do meu discurso, quando já me despedia, era comum ser cercado no ‘cantinho’, ao me dirigir ou entrar no carro, por alguns moradores e lideranças com pedidos legítimos de metros de cano para trazer a água potável até suas casas, empregos de merendeiras e faxineiras em colégios ou postos de saúde, vagas na escola municipal para seus filhos, camisetas para o time de futebol, etc. Eu ficava com a sensação de que não tinham ouvido uma única palavra do que eu havia dito e só esperavam a hora em que eu iria parar de falar para que pudessem me pedir alguma coisa. A descrença nos políticos e na política chegava a tal ponto que parecia que estávamos num jogo de gato e rato! O candidato fingia que ao ser eleito iria cuidar do interesse público e não de seus interesses privados ou dos interesses do seu partido, e o povo que o escutava fingia que acreditava. E, quando acabava a brincadeirinha, então o povo queria saber o que o candidato estaria disposto a dar aqui e agora pelo voto do eleitor, quanto seria pago pela boca de urna, por que sabia que, uma vez eleito, nunca mais veriam o candidato novamente. Assim, o voto era trocado por sacos de cimento, camisetas para o time de futebol, promessas de emprego e vagas na escola ou posto de saúde, ou por qualquer outra vantagem objetiva. Descrentes da política, as pessoas não acreditavam mais que tivessem chance a terem seus direitos de cidadãos respeitados, e contentavam-se com alguma vantagem ou privilégio aqui e agora!<br />
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Nestes momentos, ouvia com atenção e compreensão, pois sabia das carências econômica, cultural e de cidadania de nosso povo sofrido, mas educadamente não fazia concessões, e reforçava a explicação sobre o real papel de um vereador, fazer leis e fiscalizar leis, e que não estava ao seu alcance distribuir vantagens e privilégios e que ficassem atentos a candidatos que prometessem tais coisas, pois não iriam cumprir mesmo! Também alertava sobre a necessidade do eleitor mudar de atitude e passar a reivindicar direitos e não vantagens e privilégios, pois ao agir assim, atraia um tipo de candidato que também está interessado em vantagens e privilégios, e não no interesse público! Claro, não me elegi. Na verdade, nem mesmo o meu voto apareceu na urna! E tenho certeza de que votei em mim e portando, pelo menos meu voto teria que aparecer na urna! <br />
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Então compreendi por que políticas de ‘pão e circo’ ainda faziam tanto sucesso e o quanto nossa sociedade ainda teria de lutar e avançar para se chamar de democrática! E decidi a não me candidatar novamente, não por que tenha deixado de acreditar na democracia representativa, mas por que percebi que eu seria mais útil à sociedade atuando na educação e comunicação ambiental e na construção e fortalecimento da sociedade civil e do movimento ecológico. <br />
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<blockquote><span style="font-style:italic;">“A política é a mais nobre atividade de um ser humano, por ser a virtude e a prática do bem comum.”</span> - Aristóteles </blockquote><br />
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O PDT de Brizola ganhou a eleição para a Prefeitura de São Gonçalo (RJ), em 1986, tendo como candidato a Prefeito o engenheiro da Petrobrás, e deputado estadual, Edson Ezequiel, numa coligação com outros partidos entre os quais o Partido Verde. Fui indicado pelo meu partido para assumir a pasta Ambiental no governo Ezequiel. Em princípio, pensei em não aceitar, pois não me sentia à altura do cargo e preferia permanecer no movimento ecológico, cobrando por políticas públicas ambientais, mas fui convencido pela insistência dos companheiros de partido a assumir. Aceitei como desafio pessoal e profissional. <br />
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Ao assumir funções públicas, imediatamente comuniquei à UNIVERDE que não poderia continuar representando a organização e renunciei ao cargo de presidente. Para minha frustração, vi a UNIVERDE enfraquecer-se a ponto de em poucos meses estar correndo o risco de acabar e aquilo me preocupava muito, pois contava com um movimento ecológico atuante e que cobrasse bastante da Prefeitura por que aí eu teria força, internamente, para dar encaminhamento à pauta ambiental. <br />
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Até que um dia recebi na Prefeitura um líder comunitário muito indignado cobrando de mim por que a Prefeitura ainda não tinha tirado a lixeira de dentro do manguezal! Enquanto ele falava, em vez de ficar chateado, em vez de tentar questionar onde estava ele quando durante anos lutei contra aquela lixeira, fiquei pensando que ótimo presidente seria para a UNIVERDE! Era o Roberto Félix, na época, garçom de profissão e atuando na Associação de Moradores do Boassu. Então, após dar razão ao Roberto em sua reclamação e falar dos meus esforços dentro do governo para dar solução ao problema, convidei o Roberto a assumir a UNIVERDE, e reerguer a entidade, com a minha ajuda e total apoio. Tivemos algumas reuniões sobre o assunto até que ele aceitou, quando lhe passei todos os documentos da UNIVERDE em várias sacolas e caixas, e a ONG é uma organização atuante e combativa até hoje, em São Gonçalo. De garçom e líder comunitário, Roberto tornou-se num ambientalista guerreiro, estudou sobre meio ambiente e também filiou-se ao PV e chegou a presidir o IEF – Instituto Estadual de Florestas.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-25943727394969368722010-03-10T15:21:00.000-08:002011-02-15T15:22:09.829-08:00A ecologização da administração<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh6cuBjXSi0qpPiL9oN-9y0lJYSBgEEtcYfGoC429stgFXFWusH5firddECTF_ZRgx4V5om9nO1Whx80_RljBkKa7egwNRdF__Zh6ftrjBzfbm0svF-tqRrIQgSygNk8kAkzJhQl-aoRA/s1600-h/Imagens+scaneadas+240.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 202px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh6cuBjXSi0qpPiL9oN-9y0lJYSBgEEtcYfGoC429stgFXFWusH5firddECTF_ZRgx4V5om9nO1Whx80_RljBkKa7egwNRdF__Zh6ftrjBzfbm0svF-tqRrIQgSygNk8kAkzJhQl-aoRA/s320/Imagens+scaneadas+240.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447150636866807298" /></a><br />
Ao assumir meu cargo no Governo, constatei que o setor de meio ambiente da Prefeitura de São Gonçalo não tinha a menor estrutura, nem física nem legal, para cuidar de suas responsabilidades com o meio ambiente da Cidade, o que deixava o Governo em situação de fragilidade legal, podendo ser questionado judicialmente. Preparei uma proposta de estruturação ao Prefeito Edson Ezequiel e conversei com ele durante uma audiência, onde fui muito bem recebido, mas o prefeito deixou claro que não tinha nem recursos financeiros nem condições de promover naquele momento uma reforma administrativa, mas que eu estivesse preparado pois na primeira oportunidade ele daria uma solução ao problema.<br />
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Na proposta, em vez de apropriar o meio ambiente numa Secretaria, como os demais municípios vinham fazendo, propus a ecologização da Administração, onde a responsabilidade em cuidar do meio ambiente seria de todos os órgãos, subordinados a uma coordenadoria executiva ligada direta ao Gabinete do Prefeito, uma espécie de fórum executivo, onde os membros seriam indicados por cada Secretário Municipal como os coordenadores responsáveis pelo meio ambiente na Secretaria. Este colegiado também examinaria, em grau de recursos, sobre multas, embargos e licenciamento ambiental. <br />
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Assim, caberia à Secretaria de Educação cuidar da Educação Ambiental tanto dentro da Rede Escolar quanto na comunidade, com projetos como, por exemplo, a formação de Clubes de Amigos do Planeta. <br />
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A Secretaria de Comunicação e Imprensa implantaria programas de comunicação e publicidade ambiental para a sensibilização ambiental da sociedade. <br />
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O Setor de Limpeza Urbana coordenaria o Plano de Gerenciamento de Resíduos do Município com ênfase na reciclagem e na redução da geração de lixo, estabelecendo em parceria com a Secretaria de Fazenda políticas tributárias diferenciadas que tornassem a coleta seletiva atrativa para empresas e população, com abatimento em taxas e impostos. Realizaria campanhas informativas e educativas em parceria com a Secretaria de Educação e de Comunicação para estimular a sociedade a adotar a Coleta Seletiva de lixo na origem de geração dos recursos, implantando gradualmente, até atingir toda a cidade, um sistema de coleta seletiva porta a porta em parceria com cooperativas de catadores. E implantaria a coleta de óleo de cozinha usado para fabricar biodiesel em mini-usinas locais para uso na frota de veículos da Prefeitura. <br />
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A Guarda Municipal cuidaria do patrimônio ambiental e das unidades de conservação e atuaria articulada em sistema de força tarefa com os demais fiscais da prefeitura, de postura e de obras, e com os demais órgãos estaduais e federais de meio ambiente, e com a sociedade civil através dos Amigos do Planeta, voluntários ambientais. Os fiscais de postura seriam fiscais do meio ambiente, combatendo a poluição visual, sonora, do ar, das águas, do solo, etc. e os fiscais de obras iriam conferir também o cumprimento de medidas mitigadoras e compensatórias, a adequação das construções e o uso adequado do solo, o uso de tecnologias ecoeficientes como energia solar, aproveitamento de água de chuva, instalação de sistemas de tratamento de esgotos, facilitando procedimentos e a concessão de descontos e isenções no IPTU, etc. O licenciamento ambiental das atividades seria de responsabilidade da Secretaria de Obras, em parceria com as demais secretarias.<br />
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A Secretaria da Fazenda conduziria uma política diferenciada que estimulasse, através de mecanismos tributários, quem cuidasse do meio ambiente e punisse quem não cuidasse, por exemplo, os proprietários de RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) estariam isentos de pagar IPTU e os que adotassem a coleta seletiva de lixo em 100% estariam isentos 100% da taxa de lixo. <br />
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O setor de compras da Prefeitura estabeleceria uma Política Ecológica de Compras, recusando o que não fosse biodegradável ou o que estimulasse o descartável ou o desperdício de energias ou materiais, adotaria em toda a administração pública o uso do papel reciclado, só contrataria o serviço de terceiros que assegurassem o controle das emissões de seus veículos, o descarte adequado do gás de refrigeração, etc. Madeira, só com selo de certificado de origem!<br />
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A Secretaria de Agricultura cuidaria dos aspectos ambientais de sua área, como os cuidados com os agrotóxicos e suas embalagens e sua substituição por técnicas menos agressivas ao solo, às águas, às florestas, à vida, e implantaria a reciclagem de composto a partir de resíduos orgânicos e a implantação de hortas sem uso de agrotóxicos para ocupar terrenos baldios em áreas urbanas, destinando a produção dessas hortas para a merenda escolar. E assim por diante.<br />
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O Coordenador do sistema funcionaria como um consultor a serviço de cada Secretaria, buscando soluções para problemas específicos que fossem trazidos pelos coordenadores de cada Secretaria, ajudando na elaboração e consolidação da legislação ambiental. Também promoveria campanhas de sensibilização dos funcionários e oficinas de capacitação, em parceria com a Secretaria de Educação, criaria mecanismos internos de medição e premiação de resultados, estabeleceria convênios e contratos com universidades e ONGs para a elaboração de projetos e captação de recursos, etc. O coordenador seria o representante legal do Poder Municipal junto a Fóruns e Colegiados regional e nacional. <br />
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Infelizmente, quando teve a oportunidade de fazer a reforma administrativa, o Prefeito preferiu escolher o tradicional caminho de criar uma nova Secretaria, uma solução administrativa que vinha sendo empregada nas demais prefeituras do PDT pelo país, mas que, em minha opinião, não era a melhor maneira de tratar a questão ambiental numa administração pública, pois criava um único órgão para cuidar de um assunto que é multidisciplinar e fazia com que os demais órgãos da administração pública se sentissem desobrigados de cuidar do meio ambiente e, pior, mesmo que quisessem, estariam impedidos legalmente, tendo obrigatoriamente de passar os assuntos ambientais para a Secretaria correspondente. <br />
<br />
Apesar de frustrado, compreendi que a democracia é um regime político de dissenso, que permite a convivência entre os contrários e onde quem vence nem sempre é quem tem a melhor idéia, mas quem tem mais votos, e o Prefeito era ele. Aprendi com William Shakespeare que <span style="font-style:italic;">“depois de algum tempo você começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.” </span>Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-81488575321164036632010-03-10T15:19:00.001-08:002010-03-10T15:20:15.462-08:00Uma questão de princípios<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQyUSeUq3Qia6ueuiRzu0YSZdOfkEECK4_xN6HfliBLjWhn3doXwcOUTOcwypPQZiJz70JAWUldc-BiDNXu87ukLmm_sygvVdkEKdyy0E42wUi3mH-H1iKX8WGqu-F_vycvo3giqRfMPU/s1600-h/Ecologia+para+Ler,+Pensar+e+Agir.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 202px; height: 308px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQyUSeUq3Qia6ueuiRzu0YSZdOfkEECK4_xN6HfliBLjWhn3doXwcOUTOcwypPQZiJz70JAWUldc-BiDNXu87ukLmm_sygvVdkEKdyy0E42wUi3mH-H1iKX8WGqu-F_vycvo3giqRfMPU/s320/Ecologia+para+Ler,+Pensar+e+Agir.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447148994224227858" /></a><br />Ao decidir participar do Governo, havia estabelecido uma condicionante. Contribuir para tirar a lixeira municipal de dentro do manguezal, que fazia limite com a APA (Área de Proteção Ambiental) de Guapimirim, no fundo da Baia de Guanabara, uma área rica de vida e principal responsável pela retenção dos sedimentos que impediam o assoreamento da Baía, e uma verdadeira cozinha e berçário da natureza! <br /><br />Minha proposta era que a prefeitura parasse imediatamente de lançar lixo no manguezal e fazer um aterro controlado (que recebe cobertura com argila por cima do lixo) na área ao lado, fora do manguezal, embora próximo a ele, apenas enquanto em alguns meses localizávamos uma nova área e montávamos os projetos para a aquisição de uma usina de reciclagem de lixo com um aterro sanitário (que protege o lençol freático com brita, argila e manta protetora e recobre o lixo com argila, em sistemas de células). A idéia da usina da reciclagem era para atuar paralelamente a um programa de Coleta Seletiva de lixo na origem, e não apenas coletar tudo junto para depois ver o que dava para aproveitar na usina. <br /><br />Tratava-se de reivindicações que nos já mantínhamos a vários anos a partir da UNIVERDE e agora que estava no Governo, considerava meu dever ajudar na solução! <br /><br />Em princípio, creio que o Prefeito concordou para ganhar a adesão do PV e a minha própria, mas desconfio que se tratou apenas de uma estratégia política para atrair nossa aliança, pois só tomou providências depois que o Ministério Público o obrigou a fazer. Ou seja, se não podia fazer antes, por qualquer motivo, falta de dinheiro ou de prioridade, então por que pode fazer quando foi obrigado? <br /><br />A montanha de lixo se formou desde o governo anterior, quando na Univerde e com a ajuda da imprensa mantínhamos a pressão sobre o governo para que não aterrasse mais mangue do que já tinha feito até agora. Então o lixo, passou a crescer para cima e virou uma montanha!<br /><br />Durante os meses iniciais, acreditando que o Prefeito realmente estava em busca de uma solução para o destino final do lixo do Município, me empenhei bastante e contei com a ajuda do Armando Mendes, então Secretário de Planejamento, na busca de um local para a instalação da Usina de Reciclagem e do aterro sanitário, e, a partir daí, iniciar então os estudos e o projeto que permitiria a aquisição da Usina a custo zero pela Prefeitura, junto a fundos de fomento oficiais. Mas não deu tempo. Cerca de uns seis meses após o início do novo governo, durante um final de semana, o então secretário de Obras mandou empurrar o lixo para dentro do manguezal! Com aquele gesto, o governo do qual eu participava destruía mais mangue em seis meses que o governo anterior em seis anos! Um fato consumado, um crime ambiental sem chance de voltar atrás! Para mim, uma questão de princípios e não uma razão de governo. Procurei o prefeito e apresentei os meus protestos. Ele justificou-se argumentando que a montanha de lixo corria o risco de provocar um acidente e cair sobre um trator ou caminhão e acabar matando alguém! Argumentei que existiam alternativas para dar segurança aos trabalhadores sem cometer crime ambiental. Permanecer no governo, naquelas circunstâncias, seria compactuar com o crime e concordar com a destruição do manguezal que eu tanto defendia! Fiz então minha carta de renúncia e saí do Governo. Uma decisão difícil, pois tinha filhos pequenos e o salário de professora de minha esposa não daria para nos sustentar. Minha esposa me acompanhou na decisão e tive de ficar desempregado algum tempo, passamos por dificuldades, mas estava em paz com minha consciência.<br /><br />Pouco tempo mais tarde, o Ministério Público obrigou o prefeito a retirar a lixeira do manguezal, sob pena de prisão. E só aí ele mandou fazer o aterro controlado, ao lado do antigo lixão, como eu havia recomendado. Entretanto, não deu seqüência ao resto do Projeto, que seria buscar um novo local e implantar uma Usina de reciclagem de lixo associada a uma coleta seletiva de lixo na origem das fontes geradoras de resíduos. <br /><br />O Partido Verde, que ajudei a fundar, preferiu continuar apoiando ao governo e indicou o ambientalista e amigo Lauro Nobre para o meu lugar. <br /><br />Eu compreendia perfeitamente que um partido político não é uma ONG, e existe para chegar ao poder e exercê-lo, entretanto, essa disputa pelo poder e principalmente a coligação com outros partidos deve se dar obedecendo a princípios, ou a população não conseguirá mais saber qual é a diferença entre um e outro partido. Em minha opinião, por princípio, o PV jamais deveria aceitar permanecer num governo que não desse a devida atenção às questões ambientais!<br /><br />O meio ambiente não pertence aos governos, ou aos partidos, mas é um patrimônio e um direito de todos os habitantes e não pode ser usado como moeda de troca ou para receber lixo! O interesse público e do povo, ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como assegurado no artigo 225 da Constituição Brasileira, não pode e não deve ser subordinado aos interesses de partidos políticos de ganhar e permanecer no poder ou mesmo a interesses de governo. Os governos são eleitos pelo povo para cuidar dos interesses do povo, e não dos seus próprios interesses partidários ou coletivos, e quando não fazem isso, devem ser denunciados e substituídos pelo povo.<br /><br />Procurei democraticamente levar este debate dentro do Partido, mas o Diretório Municipal não me deu ouvidos. As versões que circulavam era que eu tinha um problema pessoal com o Prefeito e que era despreparado para o cargo, por ser ideológico e radical demais! <br /><br />Paralelo a estes debates, eu também tinha outro, dentro do partido. Não me conformava com a falta de eleição direta dos dirigentes dos Diretórios Municipais, por que ficavam sem autonomia nas decisões políticas, principalmente locais, permitindo que coligações acontecessem de forma a comprometer a imagem do partido localmente. Por causa dessa política, os diretórios municipais estavam se tornando ‘feudos’ políticos de uns poucos, e uma ferramenta de negociação política por cargos! <br /><br />Os fundadores do partido, entre os quais me incluía, e muitos deles com uma história de luta pela democracia, pelas liberdades e contra a ditadura, não mereciam serem confundidos com dirigentes partidários onde as decisões são centralizadas e de cima para baixo! Tínhamos uma história de luta a zelar, e se defendíamos o fortalecimento da democracia, então tínhamos de dar o exemplo a partir de casa! <br />Entra foto<br /><br />Entretanto, a cada embate percebia que perdia o prazer de participar da construção de um partido que estava indo no caminho oposto ao dos meus ideais. Não me sentia mais com a energia pessoal, nem com a competência política, muito menos apoiado por meus companheiros, muitos dos quais nomeados em cargos políticos ou com empregos na Administração Pública, para prosseguir nesse caminho. Percebi que meus caminhos e opções se estreitavam a cada embate, e decidi trocar de trincheira de luta, voltando minhas energias para o fortalecimento do movimento ecológico, para a democratização da informação socioambiental e para a literatura, onde esperava ser mais útil às lutas pela democratização da sociedade e por sua conscientização socioambiental. <br /><br />Assim que me demiti da Prefeitura de São Gonçalo, permaneci um tempo sem trabalho, período em que me dediquei a escrever o livro “Ecologia para Ler, Pensar e Agir”, publicado pela Editora Paulus, onde me esforcei para colocar no papel o conjunto de ideais que me moviam e a minha visão de ser ecológico, que ultrapassava a idéia do ser humano enquanto espécie, para abraçar o universo inteiro!Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-51827186542437437982010-03-10T15:08:00.000-08:002010-03-10T15:18:05.634-08:00Sábado é dia de faxina<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOJCiCvdUEQk8TBSI_HR-T828Qr8omDO4yvIcwxpcd8TAzDOAzNE2FqXqSbYZiYsgCstiel6WzS4uhTs2_6TKkBECa_T_EIKu7EN8RvXSC4e6rEHfOKr8qB3FDfMiE-lcO-E2hWoTBcv0/s1600-h/Imagens+do+CD+Master+do+JMA28102002+165.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 222px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOJCiCvdUEQk8TBSI_HR-T828Qr8omDO4yvIcwxpcd8TAzDOAzNE2FqXqSbYZiYsgCstiel6WzS4uhTs2_6TKkBECa_T_EIKu7EN8RvXSC4e6rEHfOKr8qB3FDfMiE-lcO-E2hWoTBcv0/s320/Imagens+do+CD+Master+do+JMA28102002+165.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447148431999898578" /></a><br />Convidado pelo amigo e advogado Paulo Lemos, procurador da Companhia de Limpeza de Niterói - CLIN, voltei ao Governo Municipal, mas da cidade vizinha a São Gonçalo, Niterói, para ajudar na solução da limpeza em áreas de difícil acesso junto às comunidades carentes. Tratava-se de um desafio muito interessante para mim, pois pela primeira vez a Administração Municipal iria levar o serviço público de limpeza de forma sistemática às comunidades de baixa renda nos morros da cidade. A idéia de diminuir a distância entre as ‘cidades partidas’ me pareceu sedutora. Niterói é ainda uma cidade partida. Uma no asfalto, aonde os serviços públicos chegam, e outra nos morros da cidade, aonde os serviços públicos mal chegam, ou não chegam mesmo, onde habitam as comunidades de baixa renda, gente trabalhadora, humilde, que para ter água, por exemplo, precisa investir um dinheiro que não tem em bombas e canos d’água! É assim ainda até hoje em algumas comunidades, como a de Jurujuba, onde moro. <br /><br />Com a ausência de serviços de Limpeza pública nos morros, não restava alternativa a não ser lançar sacos de lixo encostas abaixo, os chamados ‘pombos voadores’, que formavam cortinas de lixo pesando no solo com as chuvas, provocando deslizamentos, perdas de casas e até mortes, além de constituir em foco de ratos, baratas, mosquitos e outras pragas que voltam voando ou rastejando para dentro das casas, trazendo risco de doenças. Os técnicos da CLIN, empresa responsável pela limpeza urbana na cidade não tinham como subir aos morros com os serviços tradicionais, como caminhões e tratores, pois as vielas, becos e escadarias só permitiam o acesso a pé.<br /><br />Após estudar o problema, e visitar as comunidades, conclui o óbvio, se o serviço público de limpeza não conseguia chegar até onde o lixo estava então o lixo teria de vir até aonde o serviço público pudesse recolhê-lo. E para fazer isso, precisávamos da adesão da população, que em vez de jogar seu lixo pela janela, deveria ser sensibilizada, informada e educada a trazer seu lixo até o pé do morro. <br /><br />Com os companheiros e técnicos da CLIN, comecei um trabalho de educação ambiental nas comunidades despertando a cidadania ambiental, mostrando que mesmo os moradores de comunidades de baixa renda tinham direitos e mereciam respeito, que assim como a Prefeitura encontrou um jeito de retirar o lixo das áreas onde tinha asfalto, também teria de encontrar um jeito de recolher o lixo nos morros da cidade, pois não existem cidadãos de primeira ou de segunda classe, e uma cidade não poderá dizer que respeita seus cidadãos enquanto existirem cidadãos desrespeitados! <br /><br />O discurso ambiental procurou se aproximar da realidade das comunidades, onde tive de traduzir o ecologês adaptando-o para as suas carências e mostrei que a política de favores e privilégios devia ser substituída por uma política de resgate e respeito à cidadania, assegurando direitos, e também deveres. Deu certo. O lixo começou a descer dos morros em vez de ser lançado nas encostas. Ao pé dos morros a CLIN colocou galões e passou a recolher o lixo duas vezes por dia. Entretanto, e o passivo ambiental? As ‘cortinas’ de lixo que permaneciam nas comunidades? A solução foi a criação do Projeto “Sábado é dia de Faxina”, onde a cada sábado a CLIN levava uma força tarefa de técnicos, garis, caminhões, tratores, e também ferramentas de sobra para que a própria comunidade auxiliasse na limpeza. Não era fácil. As encostas, de tão íngremes, exigiam que os trabalhadores descessem amarrados em cordas. E após a limpeza, plantávamos árvores frutíferas no local, como uma estratégia para que o lugar não viesse a se transformar novamente em cortina de lixo. <br /><br />Entretanto, não era justo convocar os moradores, a maioria trabalhadores humildes, que passavam a semana inteira trabalhando, às vezes em trabalhos pesados, para no sábado de descanso trabalhar de graça na limpeza da comunidade, ainda que o benefício fosse grande para a comunidade! A CLIN jamais faria uma proposta desta a um morador de um bairro chamado nobre! Entretanto, como remunerar estes trabalhadores sendo o dinheiro público? Teria de abrir licitação? Como assegurar que este dinheiro não fosse desviado para interesses políticos ou pessoais? O Paulo Lemos criou uma solução interessante, um convênio de cooperação técnica entre a CLIN e as associações de moradores, auditável pelo Tribunal de Contas do Município, que passaram a receber as ferramentas em regime de comodato durante um mês, para uso na comunidade, e um pró-labore para cada trabalhador que participasse do mutirão, com base no salário mínimo/dia de trabalho. A associação de moradores recrutava os trabalhadores e distribuía as ferramentas e os técnicos da CLIN orientavam o serviço e retiravam o lixo, e tudo era devidamente documentado com fotos, os trabalhadores devidamente cadastrados, a fim de fazer a prestação de contas do dinheiro público. <br /><br />Então, uma surpresa! A criatividade das comunidades passou a transformar os sábados de faxina em verdadeiras festas que funcionavam como um fator de mobilização de todos e não apenas dos trabalhadores. Os trabalhadores preferiram trocar o pró-labore por angu à baiana, dobradinha, feijoada, etc. que a própria Associação se encarregava de comprar e preparar. Como coordenador, eu acompanhava cada mutirão e como fazíamos mais de um a cada sábado, em morros diferentes, então tinha de comer dobradinha, feijoada, angu à baiana, churrasco, mais de uma vez no mesmo dia, pois não podia cometer a desfeita de recusar! <br /><br />Gostava de estar no meio daquela gente simples, que apesar das dificuldades, procurava se superar e mostrava-se disposta a arregaçar as mangas pela melhoria de sua comunidade. Bem diferente dos bairros de classe média em que eu morava, onde não conseguíamos nem conhecer direito o vizinho do lado! <br /><br />O Projeto ‘Sábado é dia de faxina’ foi um sucesso que perdura até hoje e deu origem aos Garis Comunitários, trabalhadores escolhidos pela Associação de Moradores para a limpeza de forma regular e permanente nas comunidades. Em 2005, Paulo Lemos me indicou, junto ao vereador Fernando de Oliveira Rodrigues, para receber o título de Cidadão Niteroiense, o que muito me honra ser reconhecido pela cidade que escolhi para viver e morar, como seu cidadão!Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-9125401473401967322010-03-10T14:54:00.000-08:002010-03-11T05:51:36.071-08:00Defensores da Terra<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjuCY2DzJ7EiPEbHWefawQZRTVo0vHp4sbIy1WFVnKs-5MsCh-B9S-MYLuExYmkpF35LXQX8OcBly9jrK-s5m3fuZAufGlG0-x-vWOSO3Fz_-dQADuGa2CMxao8o7Oag77SHK2jCO5NFw/s1600-h/Imagens+scaneadas+181.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjuCY2DzJ7EiPEbHWefawQZRTVo0vHp4sbIy1WFVnKs-5MsCh-B9S-MYLuExYmkpF35LXQX8OcBly9jrK-s5m3fuZAufGlG0-x-vWOSO3Fz_-dQADuGa2CMxao8o7Oag77SHK2jCO5NFw/s320/Imagens+scaneadas+181.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447373201900905058" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-6rwX-pwYzXQ9X1kP2NOeQIhwyc_7cYRnCyx5iDxKxUUvCE6UEacMQbprU14aeVNPa7x2KR5z9U4H05sjMtqiqf-3pUzMqSNEXaryuMau54fDt8kBAOSRrA5I4jFmpbHkHKfvjXSgTjo/s1600-h/Imagens+scaneadas+180.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-6rwX-pwYzXQ9X1kP2NOeQIhwyc_7cYRnCyx5iDxKxUUvCE6UEacMQbprU14aeVNPa7x2KR5z9U4H05sjMtqiqf-3pUzMqSNEXaryuMau54fDt8kBAOSRrA5I4jFmpbHkHKfvjXSgTjo/s320/Imagens+scaneadas+180.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447373190396327554" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvW2NVgBfTvYfSFrvSAyrzo6qtQvueOncUb_mwJirsOp98q7JuazsfG85Z0nTBFekqnzeKJ5GoPpPscIuilYTBxfZ3uG1MX-aFmyAUaAYnVXIGdBXXSxp7y28p5QQCCbltlghKEmKt-Yc/s1600-h/Imagens+scaneadas+175.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 210px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvW2NVgBfTvYfSFrvSAyrzo6qtQvueOncUb_mwJirsOp98q7JuazsfG85Z0nTBFekqnzeKJ5GoPpPscIuilYTBxfZ3uG1MX-aFmyAUaAYnVXIGdBXXSxp7y28p5QQCCbltlghKEmKt-Yc/s320/Imagens+scaneadas+175.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447373165446298770" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_5WBc-BsSSvMsvm3y6YQxJTaynL7xGPM6f5YQAnhF7WeRvlAYivxodsA1KhGKUjPdc53hOs1caTca8GVBbAQ2xMl4WBSextDi74fwSNBrWFPh8FY5YhOpuNfplLy4yNc5xOXt5gHJGTA/s1600-h/Imagens+scaneadas+173.jpg"><img style="display:block; 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margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 216px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJZwM5qCjdmB4iQuxXYqaefeMP7dcPdwlpjcRjl2fy6t3AYO9ayymJwPdDG4SvVGrxmJzFpBRYpcjJuYT6wIzBk09ejEWaoFOnvg3eE6RagMgOtivIRqLirXQ9-APeFOPqwubBRXUwSMs/s320/Imagens+do+CD+Master+do+JMA28102002+186.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447143105770102994" /></a><br />A parceria entre os Defensores da Terra, ONG que presidi, e o mandado do então deputado estadual Carlos Minc, resultou no avanço dos direitos da Cidadania Ambiental. A foto mostra o momento em que derrubamos um muro construído ilegalmente dentro da Lagoa de Itaipu, em Niterói (RJ), numa ação direta da cidadania ambiental.<br /><br />No transcorrer destas lutas, fui amadurecendo em minha visão de ambientalista. De uma percepção negativa do poder público, para uma percepção sobre a importância do poder do Estado como regulador de algumas atividades humanas; passei de uma atitude de luta com predomínio exclusivo da ação de denúncia, do não pode isso, não pode aquilo, para uma definição mais precisa de fins e meios a utilizar para atingi-los, e o que pode, em que circunstâncias e limites; de uma visão grosseira do significado de ser ecologista para outra mais complexa; de um quase desprezo pela formação teórica dos militantes para uma valorização do trabalho teórico, profissional. Todo este processo de amadurecimento convergiu para a minha decisão em aceitar o convite do então deputado Carlos Minc, que mais tarde veio a ocupar o cargo de Ministro do Meio Ambiente, no segundo mandato do Presidente Lula, em participar da fundação de uma nova organização não governamental, ambientalista, os Defensores da Terra, com uma proposta mais política, embora não partidária.<br /><br />Minc convidou-me também para assessorá-lo na Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Aceitei de pronto, pois vi ali uma oportunidade de contribuir e ampliar minhas lutas em defesa do meio ambiente e da qualidade de vida, por um mundo melhor, mais pacífico, justo e ecológico. Principalmente, por que iria me permitir encurtar caminho através da elaboração de boas leis, que assegurassem direitos ambientais para a sociedade. Foi um período de intensa atividade, pois o mandato do Carlos Minc atuava em várias frentes. Desde o início, pude contar com o Minc e com a sua equipe, da qual passei a fazer parte, para o encaminhamento de demandas socioambientais que antes não tinha como atender. Aprendi muito na convivência com pessoas competentes e entusiasmadas como o Luiz Antônio Prado, o Roberto Mariano, o engenheiro Lúcio Flávio Campos, a Kátia Medeiros, a Lara Montanheiro, Beth, o Fernando Português e sua companheira Lúcia, a Denise, o pessoal de apoio, Ada, Cristine, Tony, Vadinho, e tantos outros companheiros e companheiras cuja ajuda foi muito importante para que pudéssemos assegurar benefícios para o meio ambiente e para a população fluminense. Elaborei cerca de quarenta projetos de lei que foram defendidos pelo Minc até que se transformassem em lei e, mesmo depois disso, continuamos na luta pelo seu cumprimento, com a campanha do “Cumpra-se”. <br /><br />Destaco, em especial, duas iniciativas importantes. <br /><br />A primeira, a lei inédita que passou a assegurar aos povos tradicionais, antes tratados como ‘estorvo ecológico’, o direito de viverem nos seus locais de origens mesmo depois de transformados em unidades de conservação, o que beneficiou milhares de famílias. <br /><br />A segunda, a Lei do ICMs Ecológico, que trouxe do Paraná, e que hoje distribui valores em dinheiro aos municípios que efetivamente comprovarem que estão cuidando direito do meio ambiente. A iniciativa já surtiu efeito positivo nas municipalidades que passaram a criar seus Sistemas Municipais de Meio Ambiente, condição para habilitarem-se ao recebimento, como igualmente em relação a postura dos prefeitos, que passaram a adotar a temática ambiental em seus pronunciamentos.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-38514788341884333132010-03-10T14:49:00.000-08:002010-03-10T14:53:55.772-08:00Povos tradicionais<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyFwNWsag3urfVpCafBEFCtwgAzij4NY6iswZfniSJrzl2cNuKmqBmRozjdkn1WCV2M1HMoaDBA0E0WSXJSvXjY9ID8fXTd1AYrbJ570X_coWVSxYvP4k7LHqLtoPXwplhkh7G8ennsGw/s1600-h/Povos+tradicionais.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 226px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyFwNWsag3urfVpCafBEFCtwgAzij4NY6iswZfniSJrzl2cNuKmqBmRozjdkn1WCV2M1HMoaDBA0E0WSXJSvXjY9ID8fXTd1AYrbJ570X_coWVSxYvP4k7LHqLtoPXwplhkh7G8ennsGw/s320/Povos+tradicionais.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447142110199099570" /></a><br /><blockquote>Seu Antônio Osório, com mais de 70 anos, entre eu e meu filho Leonardo, de calção azul, sem camisa, nos recebia sempre com muito carinho na comunidade da Vila do Aventureiro, na Ilha Grande, em Angra dos Reis (RJ) e falava com entusiasmo e lágrima nos olhos sobre as riquezas naturais e a cultura da comunidade e lamentava-se pela criação de uma Reserva Biológica onde viveu a vida toda e que agora, por causa disso, estava proibido de pescar nas lagoas, fazer roça ou construir uma casinha para o filho que havia casado recentemente. Morreu pouco tempo depois desta foto, dizem que de desgosto.<br /></blockquote><br />Entre estes projetos de lei, destaca-se a Lei Nº 2393, de 20 de abril de 1995, que assegurou às populações residentes e pescadores em unidades de conservação há mais de 50 anos o direito real de uso das áreas ocupadas. Em contrapartida, as populações beneficiadas devem preservar, recuperar e defender estas áreas. A lei foi inspirada no Aventureiro, uma comunidade de caiçaras que vive há cerca de 200 anos na Praia do Aventureiro, em plena Reserva Biológica da Praia do Sul, no lado oceânico da Ilha Grande, em Angra dos Reis (RJ), no litoral do Estado do Rio de Janeiro, uma região de grande beleza natural, que reúne, em cerca de 3.600 hectares, diversos ecossistemas em excelente estado de preservação. Conhecer sobre o Povo do Aventureiro foi aprender um pouco sobre a cultura caiçara, traço comum que une centenas de comunidades hoje marginalizadas e entregues à própria sorte. E mais. Foi também conhecer sobre os ecossistemas que habitam, verdadeiros paraísos de beleza natural. Seria como viver num paraíso, não fossem os inúmeros problemas que ameaçam os caiçaras do Aventureiro.<br /><br />Vivendo quase sempre isolados, em regiões de praias, florestas, lagoas, rios cristalinos, sem infra-estrutura ou instrumentos de trabalho sofisticados, os caiçaras tiveram de se adaptar ao meio ambiente ao longo de sucessivas gerações. Dessa adaptação resultou um conjunto de saberes e um jeito próprio de lidar com os recursos naturais que tem garantido a sua preservação. A relação preservacionista que mantêm com a natureza não vem de nenhuma consciência ecológica tradicional, mas é uma exigência de preservação da própria subsistência da comunidade. Geralmente sem energia elétrica, portanto, sem geladeiras para conservar os alimentos, tiveram de aprender a usar a própria natureza como forma de assegurar a sobrevivência. Então, quanto mais preservada a natureza estiver, maior será a garantia de alimentos no futuro.<br /><br />Sua cultura caracteriza-se pela tradição e é transmitida pela prática cotidiana e pela oralidade, através dos rituais de festas religiosas, longas 'prosas', canções e cirandas. Assim vão perpetuando o conhecimento sobre técnicas de pesca, caça e agricultura, qual a melhor época de extrair os recursos naturais sem extingui-los, como construir moradias e embarcações, o que se pode ou não comer, qual a melhor maneira de consumir os alimentos, que erva cura e qual mata, etc. Junto a esse conhecimento sobre o dia-a-dia, também são transmitidos valores morais, religiosos, estéticos, saberes que compõem a Cultura Caiçara.<br /><br />A Reserva Biológica da Praia do Sul, no lado oceânico da Ilha Grande, no litoral do Estado do Rio de Janeiro - Brasil parece um pedaço do paraíso. Num trecho relativamente pequeno, cerca de 3.600 hectares, reúne-se o que há de melhor, mais especial e preservado de cinco ecossistemas diferentes: mata atlântica, restinga, manguezal, lagunas e litoral rochoso, onde se destacam duas lagoas de águas limpas e rios, como o Capivari, que possui grau zero de poluição, desde a nascente até a foz, um caso cada vez mais raro hoje em dia.<br /><br />Não é só a riqueza natural do lugar que impressiona, mas também a importância histórica da Reserva. Ali se encontram sítios arqueológicos com mais de 3.000 anos, com sambaquis e oficinas líticas, onde os índios pré-históricos preparavam suas lanças e ferramentas de caça e pesca. Curioso foi os arqueólogos terem desenterrado um esqueleto pré-histórico, de um indivíduo masculino, que possuía um metro e oitenta de altura, o que contraria a tese de que os índios eram baixinhos.<br /><br />O Povo do Aventureiro já chegou a ter 150 famílias, reduzida para menos de 50, devido, em parte, às restrições determinadas pela legislação ambiental que criou a Reserva Biológica da Praia do Sul, categoria mais restritiva de unidade de conservação existente na legislação brasileira, onde nem mesmo pesquisadores podem entrar sem permissão especial, que dirá servir de moradia a pescadores e agricultores, como os caiçaras. As leis ambientais brasileiras são relativamente recentes, e ainda estão em processo de amadurecimento. São leis restritivas, mais voltadas para a preservação da fauna e da flora. Hoje, a consciência ambiental já avançou a ponto de considerar o ser humano também como parte do ecossistema. Se antes a presença humana na natureza era vista unicamente como fator de agressão ambiental, hoje essa presença pode significar fator de preservação, como o caso dos caiçaras. É apenas questão de tempo para que a legislação venha a incorporar definitivamente essa mudança de conceito. Chico Mendes contribuiu bastante para acelerar tal processo. Sua luta deu origem a primeira unidade de conservação, as Reservas Extrativistas, criada para a preservação do ser humano não-indígena. No Estado do Rio de Janeiro, a Lei 2.393 (20/04/95) que redigi e que foi defendida pelo Carlos Minc, garante os direitos dos povos tradicionais viverem nas unidades de conservação do Estado, desde que já residam no local há mais de 50 anos e mantenham relação de preservação com o ecossistema. Já é um bom começo, mas entre direitos assegurados no papel e direitos de verdade, ainda existe um longo caminho de luta a ser feita. Meu filho mais novo, o Gustavo, biólogo pós-graduado em meio ambiente, e que me acompanhou em toda esta trajetória, desde criança, escolheu este tema para o seu mestrado.<br /><br />Antes da criação da Reserva, os caiçaras do Aventureiro pescavam nas lagoas, sempre que o mar 'engrossava' e impedia a saída dos barcos, o que invariavelmente acontece e chega a durar, às vezes, meses. Era nas lagoas que eles se 'safavam', segundo suas próprias palavras. Hoje, essa pesca é proibida, assim como a caça de subsistência e mesmo o desmatamento para plantio de roça. Não se trata de um desmatamento em grande escala, mas pequenos cortes e queimadas no meio da floresta que, após a colheita de três ou quatro safras é abandonada, permitindo a recuperação total da floresta. Pesquisas científicas realizadas no local comprovaram que a técnica de 'agricultura de toco', ou coivara, não só não destrói a floresta como contribui para o aumento da biodiversidade. Em locais que se imaginava ser de mata primária, os pesquisadores encontraram no subsolo uma camada homogênea de dez centímetros de carvão, o que demonstrou que a área já havia sido uma antiga roça caiçara.<br /><br />Outro fator que tem ameaçado a cultura caiçara no Aventureiro é a verdadeira invasão de pessoas de fora da comunidade, com cultura e hábitos diferentes, nas épocas de feriados prolongados, como carnaval, por exemplo. Embora proibido pela legislação ambiental, os freqüentadores sempre encontram um jeito de acampar nos quintais ou se abrigarem nas próprias casas dos pescadores. O Poder Público não dispõe de recursos para impedir a 'invasão'. A questão é, sobretudo, conceitual. À luz da legislação ambiental, esses invasores são tão ilegais quanto os próprios caiçaras, o que gera uma cumplicidade entre eles absolutamente falsa e ilusória. Os caiçaras são atraídos pela fonte extra de renda e inventam desculpas para justificar a presença, como se fossem parentes distantes em visita à comunidade. Por ser proibida, essa ocupação não é planejada, como uma atividade tradicional de turismo. Não há banheiros públicos ou locais para lixo e o tipo de pessoa atraída para tais condições de precariedade e ilegalidade não são exatamente aquelas mais acostumadas a respeitar limites e obedecer a regras. São comuns entre os caiçaras histórias de turistas tomando banho nus, fumando maconha ou usando outros tipos de drogas, fazendo sexo ao ar livre, etc. Em épocas, como carnaval, por exemplo, já se chegou a contar mais de 1.000 pessoas no Aventureiro, um impacto relevante para uma comunidade que não ultrapassa 150 pessoas.<br /><br />Esse impacto também se dá sobre os recursos naturais, já que é preciso alimentar uma população adicional muito superior à usual, forçando os caiçaras a pescarem além do normal e a lançarem mão de seus estoques agrícolas, obrigando-os, mais tarde, a terem de comprar o que antes tinham no fundo do quintal, isso sem falar nas verdadeiras montanhas de lixo, deixadas para trás. O impacto sobre os jovens caiçaras também é considerável, já que se recusam a aceitar a própria cultura, envergonham-se de serem caiçaras, como se fosse sinônimo de atraso, o que provoca uma pressão extra sobre os recursos naturais, já que tendem a acumular estoques para atingir o mesmo poder de consumo que os 'turistas'.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-74659519961000703192010-03-10T14:43:00.001-08:002010-03-10T14:48:54.927-08:00ICMs Ecológico<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfRPDE1B-QnQPXqcmrhOhBAMJ6GPBznwEYGFeIUgOHVGL6IWKQiB-x1kOdo5tiz6CAwwsw82qIrXsVTJIBKU6Bbi-cMGtHPM49h2FBs-Hwcp0IPRnwonmvW917D2P7bePiSxaBrzuhZvE/s1600-h/Imagem020.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfRPDE1B-QnQPXqcmrhOhBAMJ6GPBznwEYGFeIUgOHVGL6IWKQiB-x1kOdo5tiz6CAwwsw82qIrXsVTJIBKU6Bbi-cMGtHPM49h2FBs-Hwcp0IPRnwonmvW917D2P7bePiSxaBrzuhZvE/s320/Imagem020.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447140907309021650" /></a><br />Quando estive no Paraná, para palestras sobre meus livros no Colégio Positivo Júnior, conheci a experiência do Deputado Estadual Neivo Beraldim com a criação do ICMs Ecológico e quando voltei ao Rio de Janeiro, falei da idéia ao Minc que imediatamente me pediu para adaptar para o Estado, o que fiz, e que deu origem à Lei que hoje assegura recursos extras para municípios com áreas verdes e áreas de mananciais de abastecimento público. Uma compensação financeira por cuidarem bem desse patrimônio ambiental. A Lei n.º 5.100 de 4 de outubro de 2007, que alterou a Lei n.º 2.664, de 27 de dezembro de 1996, foi sancionada pelo governador Sérgio Cabral em outubro de 2007, estabelecendo novas regras para o repasse do ICMS aos 92 municípios do Estado do Rio. Foi regulamentada pelo Decreto n.º 41.844, de 4 de maio de 2009. Agora, as prefeituras que investirem na preservação ambiental receberão maior repasse desse imposto, que pode ultrapassar R$ 100 milhões, em 2011. O índice de repasse do ICMS Ecológico é composto pelos seguintes critérios: 45% para unidades de conservação; 30% para qualidade da água e 25% para a gestão dos resíduos sólidos. Em março de 2009, as prefeituras já começaram a ser beneficiadas. <br /><br />Município - Parcela do ICMS Ecológico recebida em 2010<br />Angra dos Reis - 12.072,45<br />Aperibé - 107.298,30<br />Araruama - 62.184,62<br />Areal - 114.150,05<br />Armação dos Búzios - 12.733,53<br />Barra do Piraí - 57.386,62<br />Barra Mansa - 26.682,48<br />Belford Roxo - 102.176,50<br />Bom Jardim - 11.016,85<br />Bom Jesus do Itabapoana - 31.579,14<br />Cabo Frio - 10.985,93<br />Cachoeiras de Macacu - 11.010,84<br />Cambuci - 9.261,07<br />Campos dos Goytacazes - 23.583,12<br />Cantagalo - 35.924,47<br />Carapebus - 109.024,99<br />Cardoso Moreira - 27.659,63<br />Carmo - 100.835,45<br />Casimiro de Abreu - 11.030,52<br />Comendador Levy Gasparian - 80.332,29<br />Conceição de Macabu - 99.851,94<br />Cordeiro - 52.833,39<br />Duque de Caxias - 27.388,45<br />Engenheiro Paulo de Frontin - 3.195,86<br />Guapimirim - 26.701,13<br />Itaboraí - 20.754,43<br />Italva - 31.619,65<br />Itaocara - 80.351,78<br />Itaperuna - 1.879,57<br />Itatiaia - 30,13<br />Japeri - 24.434,04<br />Laje do Muriaé - 1.655,97<br />Macaé - 95.251,38<br />Macuco - 7.415,51<br />Magé - 17.245,32<br />Mangaratiba - 75.849,23<br />Maricá - 25.851,69<br />Mesquita - 785,61<br />Miracema - 177,24<br />Natividade - 9.950,50Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-63592690677600987012010-03-10T14:24:00.000-08:002010-03-10T14:26:56.386-08:00Fortalecimento das ONGs Ambientalistas - RJ<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjic2_WcywWYyDqi7hVZ6v4QTK1x2NOOJ0vQLOb6VR9ZAT7jymjJIbCwB_InGeGaNFJ_rB316_GPKwR0L4Iq5dteV7SQLdmIf2NtCOHg4facGBhq2vYC4k3PR6McVnnyQsokCXQdN1pdA/s1600-h/41.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 210px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjic2_WcywWYyDqi7hVZ6v4QTK1x2NOOJ0vQLOb6VR9ZAT7jymjJIbCwB_InGeGaNFJ_rB316_GPKwR0L4Iq5dteV7SQLdmIf2NtCOHg4facGBhq2vYC4k3PR6McVnnyQsokCXQdN1pdA/s320/41.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447135173382955170" /></a><br />Inspirado no PROAONG, programa implantado em São Paulo, com sucesso, por iniciativa do então Secretário de Meio Ambiente Fábio Feldmann e coordenada pelo Enrique Svirsky, ainda no Mandato do Minc apresentei uma indicação legislativa sugerindo ao então Secretário Estadual de Meio Ambiente, Délio Leal a criação do PRO-AMB - Programa Estadual de Apoio às ONGs Ambientalistas. A idéia foi retomada mais tarde pelo sucessor do Délio, deputado Estadual André Correa, que me convidou para coordenar o projeto, através de uma consultoria do PNUD (Programa das Nações Unidas). <br /><br />Através do PRÓ-AMB conseguimos o apoio financeiro e de computadores e cursos de treinamento para as Organizações Não-Governamentais Ambientalistas que atuavam no Estado do Rio de Janeiro para seu fortalecimento institucional e implementação dos objetivos, políticos e mecanismos descritos na Agenda 21. Entre estes objetivos destacaram-se: a) intensificar o diálogo com as ONGs e suas redes a fim de discutir direitos e responsabilidades, para que possam canalizar eficientemente suas contribuições ao processo governamental de formulação de políticas ambientais; b) estimular e possibilitar a parceiras entre as ONGs e as autoridades governamentais, em atividades orientadas para o desenvolvimento sustentável; c) incluir e ampliar a participação das ONGs no campo da conscientização e da educação ambiental; d) tornar disponíveis e acessíveis às ONGs dados e informações que possam contribuir efetivamente para a pesquisa, formulação, implementação e avaliação de programas ambientais.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-64102956215306176182010-03-10T06:19:00.000-08:002010-03-10T06:51:38.973-08:00Ações cidadãs para conquista de direitos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL7WXmDTwZr1wBRk7pYcACrVgZxUVCzCD0tMX17nTJDfNrWPz2mau1_c4nigU1rhzOiqKBRrTWodAA90jJWmsBPyIvGXovHggOnEQKEEmrENWM0BsJLrwFq0RzQROs2D2j_bNauSymQ3U/s1600-h/Terralerta.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 164px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL7WXmDTwZr1wBRk7pYcACrVgZxUVCzCD0tMX17nTJDfNrWPz2mau1_c4nigU1rhzOiqKBRrTWodAA90jJWmsBPyIvGXovHggOnEQKEEmrENWM0BsJLrwFq0RzQROs2D2j_bNauSymQ3U/s320/Terralerta.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447017842850833170" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwTzDEMedcxxxdy5P5Cu7deG07cmTwKr2J_hvuFh68XXIuWDDLUKY19ZxmEJeQeqgzyvXVHWe8nhz9xxvq4HMKDLF31hcfyhpUAIePj1rXHqEshnyIU4ZwlemH3zIW1gYJOqrUwP3f_LI/s1600-h/Imagens+scaneadas+220.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 232px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwTzDEMedcxxxdy5P5Cu7deG07cmTwKr2J_hvuFh68XXIuWDDLUKY19ZxmEJeQeqgzyvXVHWe8nhz9xxvq4HMKDLF31hcfyhpUAIePj1rXHqEshnyIU4ZwlemH3zIW1gYJOqrUwP3f_LI/s320/Imagens+scaneadas+220.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447017838138589442" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj20Qbphrf6BvSjI2S54DFfTq9344idPcNaVoWbjos9TOBQjTVFugG2jUH44u7Vji1yxI-Ec2DxDLiskSPU0MFYLZNUJ1C-stmlzPiLSupEF2cocD6KJBUVoqn-ZPmF3y6bCTfLZaiQANA/s1600-h/Imagens+scaneadas+179.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 212px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj20Qbphrf6BvSjI2S54DFfTq9344idPcNaVoWbjos9TOBQjTVFugG2jUH44u7Vji1yxI-Ec2DxDLiskSPU0MFYLZNUJ1C-stmlzPiLSupEF2cocD6KJBUVoqn-ZPmF3y6bCTfLZaiQANA/s320/Imagens+scaneadas+179.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447017828034746002" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqYN_1W6A5G5asviRfXY32Pkq4RqoJWF4kW-0xxuZEjoU_hfdwsIeyaymooLjPajvdkEHI8_LSgcvnozfxKvyEmpux6EV5X-NJtLmS0gsZ_PKib0gI7PJ1CAXyYPnmqvyL7X2W6XSeLa8/s1600-h/Imagens+scaneadas+238.jpg"><img style="display:block; 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Na comunidade caiçara da Praia do Sono, em Paraty, junto com eles começamos a demarcar a área com bambus, mas antes arrancamos as cercas de arame farpado colocada por grileiros usando o carro do Projeto Terralerta. <br /><br />Nessa mesma época e região, realizamos uma nova ação direta pelo fim da privatização das praias pelos condomínios de luxo. As praias são um bem público, de todo o povo, e não podem ser privatizadas. Então, ‘invadimos’ o condomínio Laranjeiras, em Paraty, para irmos à praia! Isso gerou toda uma nova visão em relação à importância de se preservar e de se reivindicar o direito de acesso livre às praias. O Condomínio acabou criando uma passagem livre de acesso às praias, o que não havia antes. <br /><br />Em janeiro de 1984, com a fundação dos Defensores da Terra, passei a coordenar o Projeto Terralerta e diversas campanhas em defesa de um meio ambiente, com ampla repercussão para a mídia de massa. <br /><br />Entre estas campanhas, destaca-se “VAMOS TIRAR A NATUREZA DO PAPEL - ABRACE 92 EM 92”, lançada em 1991, visando a preservação das unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro. Uma maneira de alertar aos participantes da ECO 92 que de nada adiantaria declarações pomposas e assinaturas em compromissos globais, se estes não fossem transformados em atos concretos. O Estado do Rio de Janeiro possuía mais de 90 unidades de conservação, entre parques, reservas e áreas naturais. Apesar de sua importância, e da legislação protetora, este rico patrimônio ambiental estava praticamente abandonado. Não existia fiscalização, planos diretores, regularização fundiária e programas de educação ambiental adequados. A campanha teve por objetivos básicos exigir das autoridades a implantação efetiva das unidades de conservação, tirar estas unidade de conservação do papel, com a solução de seus principais problemas. Visou também realizar ações diretas de proteção ambiental, esclarecer e mobilizar a opinião pública em defesa das unidades de conservação e estimular o fortalecimento das ONGs ambientalistas locais e proteger as populações nativas que dependem desses ecossistemas para subsistir. Desde o lançamento da campanha, algumas lagoas foram salvas, como Jacarepiá, parques acabaram instalados, como o estadual da Serra da Tiririca, e conseguimos aprovar leis importantes, como a que criou a Taxa Florestal, que destina recursos para a preservação ambiental. <br /><br /><span style="font-style:italic;">Fotos: <br /><br />(1) A equipe do Projeto Terralerta, da ONG Defensores da Terra. Da esquerda para a direita, Margarida Galamba, Vilmar, Alex Shoroeder, Raul Mazzei e Hélio Vanderlei. Financiado pelo Sindicato das Seguradoras do Estado do Rio de Janeiro e pela Refinaria de Manguinhos, o projeto equipou a organização e nos permitiu ganhar maior eficácia e combatividade na defesa do meio ambiente.<br /><br />(2) Foto foi tirada pelo meu filho Leonardo, em nosso primeiro ‘abraço ecológico’ a uma unidade de conservação no Estado do Rio de Janeiro, quando lançamos a campanha “VAMOS TIRAR A NATUREZA DO PAPEL - ABRACE 92 EM 92”, no alto do Morro dos Cabritos, na Área de Proteção Ambiental de Grumari e da Prainha. Na ocasião, junto ao GAE, reivindicamos a incorporação da APA ao Parque Estadual da Pedra Branca.<br /><br />(3) Durante a ECO 92, o mandato do Minc e os Defensores da Terra expuseram no Fórum Paralelo, no Aterro do Flamengo, um grande painel com a cabeça de um Pinóquio e por volta das 17hs, divulgávamos os resultados de nosso ‘monitoramento’ sobre o ‘índice de mentira no ar’ no evento oficial, que acontecia no Riocentro, na Barra da Tijuca. O nariz do Pinóquio, por exemplo, alcançou o índice máximo de mentira no ar por ocasião do discurso do Presidente dos Estados Unidos (Bush, pai), onde falou sobre a importância do cuidado com o meio ambiente ao mesmo tempo em que seu governo recusava-se a assumir limites para suas emissões ou para dar fim à destruição da biodiversidade. Passamos a ser uma espécie de contraponto às declarações oficiais e às vezes tínhamos de adiar um pouco a divulgação de nossos resultados para dar tempo a que as imprensa nacional e internacional tivesse tempo de vir da Barra da Tijuca até o Aterro do Flamengo, uns 30 quilômetros distantes um do outro!<br /><br />(4) Com a campanha pelas Unidades de Conservação percorri com o ambientalista Raul Mazzei as mais de noventa unidades em todo o Estado, organizando ‘abraços ecológicos’ em parceria com os movimentos ambientalistas locais e com forte apoio da imprensa, e sempre contando com a ajuda estratégica e a orientação de um verdadeiro conselho informal de ambientalistas fluminenses como Arthur Soffiati, Mário Moscatelli, Paulo Bidegain, Rogério Rocco, Sérgio Ricardo, Gerhard Sardo, Miguel do Pó, Hélio Vanderlei, Franklin Mattos, e ambientalistas de outros estados, como o Mário Mantovani, e muitos outros companheiros. Este apoio permitiu que as questões ambientais deixassem de ser um assunto pouco prioritário para ganhar importância junto à sociedade. <br /><br />(5) Em companhia da Univerde e do Mário Moscatelli, denunciamos o desmatamento do manguezal na Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, em São Gonçalo (RJ).<br /><br />(6) Em Campos (RJ), permanecemos durante uma semana até localizar a casa do chamado Rei do Desmatamento na região, responsável inclusive por desmatamento no Parque Estadual do Desengano. Era um sujeito perigoso com fama de matador e a Justiça já vinha a tempos tentando prender. Voltamos ao Rio de Janeiro e organizamos uma manifestação em frente à casa do sujeito. Na faixa uma grande frase: “Atenção Justiça, o Rei do Desmatamento mora aqui!”<br /><br />(7) Fomos pioneiros em reivindicar o uso do gás natural inicialmente para os táxi, na Cidade do Rio de Janeiro, como forma de contribuir para combater a poluição do ar da cidade e ajudar aos taxistas a economizarem no combustível. Esta ação, entre outras vitórias, resultou na aprovação da Lei 3569/01, que autoriza a conversão para gás natural da frota de veículos dos poderes Executivo e Legislativo, de autoria do mandato do Carlos Minc. A partir do exemplo do poder público, mostramos ao setor privado a possibilidade de implantação de alternativas ao uso de combustíveis que poluem o meio ambiente e contribuem para o aumento do efeito estufa.<br /><br />(8) Fizemos uma interdição ‘civil’ com fitas de perigo nas praias do Rio de Janeiro contaminadas por esgoto para alertar as autoridades sobre a necessidade de saneamento urgente. <blockquote></blockquote></span>Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1301628575156090791.post-11340932174513655322010-03-10T06:17:00.000-08:002010-03-10T06:19:23.305-08:00Café com FHC<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHGMGY-ELpJxESbnM3i3XpYBr9ByIOPGLWOQBEWs4R1IXgvY7lDiEdfKO3fj-iaZFb0PosgJoBCLdjU9SYlUDB5GKJ0tFfUHoqaOZpukfeLfKx2nqH2ic4q9-DS9sm6njnldvpVCkrZr0/s1600-h/Petr%C3%B3polis+na+reuni%C3%A3o+com+FHC.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 237px; height: 128px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHGMGY-ELpJxESbnM3i3XpYBr9ByIOPGLWOQBEWs4R1IXgvY7lDiEdfKO3fj-iaZFb0PosgJoBCLdjU9SYlUDB5GKJ0tFfUHoqaOZpukfeLfKx2nqH2ic4q9-DS9sm6njnldvpVCkrZr0/s320/Petr%C3%B3polis+na+reuni%C3%A3o+com+FHC.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447009612944157618" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyX4GU7EliVSbO_DCOnQr6x-jEKLXoxUuHlsi63fOaqBQ73EVkUoiytcjnUNYmcQN3zY14-nckKCh_UdSVWuFLozax3w8Atmy1SKKZEWoSqqU90U171ZiTm1AKx5MlqhZnf6uwSFngqyo/s1600-h/Imagens+do+CD+Master+do+JMA28102002+518.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 242px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyX4GU7EliVSbO_DCOnQr6x-jEKLXoxUuHlsi63fOaqBQ73EVkUoiytcjnUNYmcQN3zY14-nckKCh_UdSVWuFLozax3w8Atmy1SKKZEWoSqqU90U171ZiTm1AKx5MlqhZnf6uwSFngqyo/s320/Imagens+do+CD+Master+do+JMA28102002+518.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447009612017648658" /></a><br />O tema principal do café da manhã do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso com os ambientalistas foi a mata atlântica, no Palácio Rio Negro, em Petrópolis (RJ), quando lemos e entregamos uma carta com reivindicações para a proteção da Mata Atlântica, comprovadamente o ecossistema mais rico em árvores do planeta segundo estudo da bióloga Luciana Dias Thomaz, da UNESP, de Rio Claro-SP. Na Estação Ecológica de Santa Lúcia, no Espírito Santo, ela comprovou que, em apenas um hectare de floresta, foram encontradas 476 espécies de árvores, entre as quais cinco espécies e (possivelmente) um gênero novo para a ciência, que estão sendo agora descritos. A pesquisa estabeleceu um novo recorde mundial. O anterior, de 450 espécies em um hectare também era da Mata Atlântica, só que no sul da Bahia. <br /><br />A reunião valeu, pois conseguimos que fossem atendidas algumas de nossas reivindicações como, por exemplo, a inclusão da Mata Atlântica no Programa Piloto Para a Conservação das Florestas Tropicais Brasileiras, o chamado PP-G7. Muito mais que os R$ 12 milhões de reais anunciados na ocasião, a disposição do Presidente para dialogar com os ambientalistas revelou uma mudança significativa de postura do Governo Federal em relação não só à Mata Atlântica, mas principalmente, às ONGs (Organizações Não-Governamentais) ambientalistas. O Presidente Fernando Henrique anunciou inclusive que já havia determinado os estudos para eliminar burocracias e viabilizar o trabalho conjunto com as ONGs.<br /><br />Meu filho, Gustavo Berna, então com 16 anos, também participou do encontro com o Presidente e, na saída, bateu a foto dos participantes. Da esquerda para a direita: João de Orleans e Bragança, representando a ONG Parque das Ilhas (Paraty, RJ); professor Airton de Barros, coordenador do Projeto Managé/UFF, Fernanda Colagrossi, representante das ONGs da Região Sudeste no CONAMA e presidente da APANDE, ONG sediada em Petrópolis; Clayton F. Lino, coordenador técnico do Conselho Nacional da Reserva da Biofera da Mata Atlântica; Rui Rocha, do IESB - Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do Sul da Bahia; Luiz Paulo de Souza Pinto, coordenador de projetos da ONG Conservation International; ao lado dele o representante do Deputado Fábio Feldmann, Secretário Estadual de Meio Ambiente de São Paulo; à frente, Aspásia Camargo, secretária executiva do Ministério do Meio Ambiente, abraçada pelo Embaixador Sérgio Amaral, Secretário de Comunicação Social da Presidência da República; José Pedro Costa, coordenador do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica; Gisela, representante da ONG Biodiversitas; Samyra Cresppo, do ISER; Vilmar Berna, presidente da ONG Defensores da Terra e editor do Jornal do Meio Ambiente; Clóvis Ricardo S. Borges, diretor da SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Silvestre; Eduardo Martins, presidente do IBAMA; e Maria de Lourdes Nunes, a Malu, da Fundação “O Boticário”. Também participaram do encontro, mas não aparecem na foto: Almirante Ibsen Câmara, representante da FBCN; Alfredo Sirkis, representando a ONG Onda Azul; Mário Mantovani, da Fundação SOS Mata Atlântica e o Ex-Secretário Estadual de Meio Ambiente, embaixador Flávio Perri, atual Secretário Estadual de Projetos Especiais.Vilmar S. Demamam Bernahttp://www.blogger.com/profile/15689174345398515044noreply@blogger.com0